terça-feira, dezembro 23, 2008
sexta-feira, dezembro 19, 2008
Hermenêutica e semiótica
Não há ninguém melhor em interpretação, ninguém mais versado em hermenêutica e semiótica que as mulheres, apaixonadas ou não. Estou, aliás convencida que o famoso sexto sentido feminino nada mais é que o famoso sexto sentido feminino nada mais é que uma refinada capacidade de interpretação de subtis sentidos nas acções e nos sinais do mundo que nos rodeia. Somos, diga-se de passagem, treinadas para isso desde pequenas, para vermos o padrão nas coisas e nas palavras, o significado de expressões faciais, de gestos, de acções. É suposto sermos empáticas, atentas aquilo que nos rodeia. E se não o somos de pequenas, somos de grandes, no amor, somos enquanto mães a interpretar gestos e necessidades dos nossos bebés, pequenos demais para se exprimir verbalmente.
A nossa capacidade hermenêutica é um imperativo biológico, essencial à continuidade da espécie. Sendo os homens aquilo que são, uns grunhos, se não fosse a nossa capacidade hermenêutica as relações nunca começariam, ou se começassem nunca se desenvolveriam ou perdurariam para além da primitiva forma de comunicação que é o sexo. É a hermenêutica, ou como diz o Carlos Tê na voz dos Clã, a nossa competência para amar, que mantêm a nossa civilização coesa e funcional.
Como nenhum instrumento humano é perfeito, também a hermenêutica está cheia de falhas e armadilhas. É aqui que entram as palavras do Humberto Eco: se o texto (ou enunciado verbal) é um piquenique para onde nós levamos o sentido, então todas as interpretações estarão correctas, certo? Pois não, minhas amigas, e não sabem o prazer que me dá poder usar a natureza masculina para refutar uma teoria de interpretação literária que sempre achei uma treta, nem todas as interpretações estão certas.
As mulheres, sobretudo as apaixonadas, vêm com toda a atenção todos os enunciados orais (conversas de treta), todos os textos (SMS e afins), todos os gestos, pausas e hesitações, para, a partir destes aferir o estado da relação. Constroem, a partir desta interpretação uma teoria do estado das coisas, modificando o seu comportamento para responder às necessidades deste modelo teórico. Infelizmente para elas, nem sempre estão correctas, espalhando-se ao comprido. Lá porque uma coisa é verosímil não significa que seja verdadeira (ora toma, Humberto!).
É, aliás, muito fácil de ver que os próprios homens conhecem esta nossa fraqueza hermenêutica e a exploram, dizendo e fazendo aquilo que os vai conduzir ao efeito desejado, nomeadamente a reboladela no feno, de preferência sem mais complicações. Não se esqueçam que as canções do bandido, se são eficazes, por alguma coisa é.
De qualquer forma, os nossos erros interpretativos nem sempre se devem a sermos manipuladas pelos homens. Muitas vezes é apenas wishful thinking da nossa parte e pura determinação em fazer a realidade caber nos nossos desejos. Se assim não fosse, se fossemos sempre eficazes e correctas não haveria amores não correspondidos nem mal-entendidos trágicos nenhuns. Como já explanei num texto anterior (a teoria KISS), nós temos a mania de complicar e encontrar sentidos e explicações ocultas na realidade. Mas estes delírios interpretativos raramente, senão nunca, dão grande resultado. Ficamos, diga-se de passagem, é com grandes caras de tacho quando percebemos como a nossa liberdade interpretativa nos levou a becos sem saída dos quais só nos livramos recuando sem grande dignidade. Os homens são lamentavelmente literais, sobretudo quando estão muito interessados ou quando não estão interessados de todo.
A solução para o pântano da hermenêutica passa, em conclusão, por controlarmos criteriosamente o grau de interpretação que aplicamos à vida e às relações. Passa por nos lembrarmos que eles aplicam à vida, sempre que possível, a regra do simplex, nem sequer estão emocionalmente equipados para grandes subtilezas hermenêuticas. E passa, sobretudo, por, sempre que possível, ir directamente à fonte. Se parecer bom demais para ser verdade é porque é, e a explicação mais simples costuma ser a verdadeira. E se ainda tiverem dúvidas recusem interpretações, não aceitem mais que tudo devidamente explicado e clarinho da boca deles. Treinem comigo a pergunta: ouve lá, que raios queres dizer com isso?
quinta-feira, dezembro 11, 2008
Guilty pleasures
ah, e a propósito...
também não sou moralmente superior a vibrar com Bryan Adams .
quinta-feira, dezembro 04, 2008
Gastrossexuais
quarta-feira, dezembro 03, 2008
Foge comigo, Maria
quarta-feira, novembro 26, 2008
O que as mulheres querem versão século XXI
"Para as minhas amigas saberem o que procurar e para os meus amigos saberem o k elas procuram...
Encontra o rapaz k te chama gira, em vez de boa..
k te telefona quando lhe desligas o telemovel na cara...
k fica acordado so pa te ver dormir...
Espera por o rapaz k bja a tua testa...
k quer mostrar-te ao mundo inteiro k fica de maos dadas contigo a frente dos amigos...
Espera por o rapaz k ta constantemente a lembrar-te do quanto signifikas para ele...
e de quanta sorte ele tem de te ter...
Espera por o k se vira pos amigos e diz......'é aquela "
Diabo no corpo
Lembro-me muito bem deste livro, que li quando tinha uns dezasseis anos e sei dizer exactamente porquê : o livro que li a seguir foi um dos livros da minha vida, daqueles que nos marcam mesmo como pessoas. Seria ele O Fio da Navalha, de Sommerset Maugham.
terça-feira, novembro 18, 2008
Closer
terça-feira, novembro 11, 2008
Eye Candy
segunda-feira, novembro 10, 2008
Blueberry Nights
Quando vi o Blueberry Nights, tão maltratado pela crítica doeu-me um bocadinho a alma. Na realidade percebia perfeitamente onde queria chegar, àquelas noites em que somos náufragos e vemos o mundo passar através de uma janela na noite, ou uma vitrina em que estamos intocados na dor das nossas perdas. Na verdade todos temos o momento em que não somos mais que umas chaves esquecidas num aquário de pequenas e grandes perdas na cidade, sem portas que abrir, sem portas para que voltar.
Lidar com a perda não é fácil, apesar de ser necessário. E nisto o tempo e o espaço são apenas pequenas marcas irrelevantes que não chegam a fazer mossa no grosso da nossa dor privada. Amarem-nos é uma espécie de eternidade. Perduramos naqueles momentos iniciais de amor partilhado onde tudo é ainda possível. Ao afastarem-se, ao afastarem-se de nós é também essa eternidade que morre. Quando partirmos nós, para longe, para o fim, que seremos sem essa eternidade? Um nome? Um talão a um canto, um carro decrépito, um rosto numa fotografia velha? Nada. Mas lidar com a perda é necessário, ou seremos sempre isso, rostos na noite a olhar para dentro, sem pertencer. Passamos pelas fases todas, tão depressa ou devagar quanto nos é necessário a nós, não aos outros: negação, raiva, negociação, depressão, aceitação. E supera-se. Não completamente, não tudo, nem sempre incluindo o perdão. Mas supera-se. Atiram-se para o lixo chaves e esperas inúteis. E se tivermos sorte, muita sorte, teremos risos partilhados ao fim da noite. E a serendipity numa tarte de mirtilos.
domingo, novembro 09, 2008
Bad Hair Day
É como, diz uma colega minha, acordar de manhã e ter um alien na nossa cabeça. Uma vez que ele está horroroso, nada mais parece encaixar. A roupa não cai bem, as ideias não funcionam, não nos enquadramos no mundo à nossa volta. Eu costumava chamar a estes dias os dias da bolha, até perceber a correlação entre dias de humidade em que o cabelo frisou e a bolha.
O motivo porque isto acontece a tantas de nós é o facto da relação estreita entre cabelo e feminilidade. Nas cantigas de amigo o cabelo simbolizava o apelo sexual das mulheres. Solto indicava disponibilidade e virgindade , preso indicava maturidade sexual e indisponibilidade de mulher casada. Não é por acaso que, até hoje as mulheres árabes após o primeiro período o mantém escondido debaixo de lenços, a simbologia é a mesma. De modos que um cabelo desgovernado a ir para onde lhe apetece em vez de como nós o queremos nos faz sentir inadequadas como mulheres. Como se fosse precisa mais uma coisa que nos fizesse sentir mal.
Eu, que sempre tive um cabelo ingovernável, sou muito solidária com quem tem dias destes. Demasiado liso para caracóis giros e encantadores, demasiado ondulado para ficar liso e arrumadinho, é uma fonte constante de aflição. Mas eu achava que, pela sua especificidade irritante ,era o único cabelo irritante. Não era. Se puxado o assunto, todas de nós têm bad hair days . E, tal como o resto das coisas giras que vêm com ser mulher, como cólicas e rushes hormonais não há muito que fazer senão aguentar. Não vão mudar e não.
quarta-feira, novembro 05, 2008
O triunfo da esperança
Pelo sonho é que vamos,
comovidos e mudos.
Chegamos? não chegamos?
Haja ou não haja frutos,
pelo sonho é que vamos.
Basta a fé no que temos.
Basta a esperança naquilo
que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
com a mesma alegria,
ao que desconhecemos
e ao que é do dia a dia.
Chegamos? não chegamos?
Partimos. Vamos. Somos.
Sebastião da Gama
terça-feira, outubro 28, 2008
Alta fidelidade
Rob: [lying in bed imagining the scene] You are as abandoned and noisy as any character in a porn film, Laura. You are Ian's plaything, responding to his touch with shrieks of orgasmic delight. No woman in the history of the world is having better sex than sex you are having with Ian... in my head"
Se repararem nos grandes êxitos dos cantores românticos dos últimos cinquenta anos, verão, com toda a certeza e sem lugar para dúvidas, que consistem num bando de choraminguices de gajos que fizeram asneira e estão a tentar reconquistar, por assim dizer, terreno perdido.
O curioso nisto tudo é o diferentes que nós somos. Nós preocupamo-nos de véspera com quem nos antecedeu e com quem nos sucederá. Eles apenas se preocupam com quem os sucede e só no sentido de poderem ser ultrapassados. Acho que esse é também o motivo de os homens se sentirem traídos por uma traição física mais que por uma emocional. Sentimentos nobres e conversa sentimental estão eles fartos de saber a treta que é (a maioria simplesmente diz o que acha que queremos ouvir e siga para bingo). Sexo que é sexo é que é traição a sério e os emascula, os diminui enquanto homens.
segunda-feira, outubro 27, 2008
quarta-feira, outubro 15, 2008
From G's to Gents - uma solução
Mas alto, que é isto que se avista ao longe, um pássaro, um avião? Não! Um programa de interesse. A MTV alemã (que isto de se ser teutónico é outro estilo) tinha, há alguns meses atrás um programa fascinante. Trata-se do aclamadíssimo From G’s to Gents, e tem como missão pegar nuns tantos gajos com a mania de ser gangsta e transformá-los em perfeitos cavalheiros, o que é, sobre todas as perspectivas que se olhe a coisa, um objectivo muitíssimo louvável. Sim, que tudo o que tenha que ver com o melhoramento geral da espécie masculina para nosso maior proveito é sempre bom e agradecido.
Nos últimos anos, vi mais metros de boxers de adolescentes que aqueles que gostaria de ter visto. Com o morrer da cultura grunge e consequente abolição de cintos, atacadores e outras formas de manter a roupa próxima de si mesmo, os boxers viram, literalmente, uma nova alvorada. Gangsta que é gangsta, se não mostra ao menos quatro dedos de boxers está socialmente desgraçado. Gangsta que é gangsta se não chama dama à sua miúda e lhe aprecia partes avulsas e desproporcionais ao conjunto (are you an ass man or a breast man?) não merece o ar que respira. A cultura gangsta emanada do rap e do hip hop da moda é extraordinariamente chauvinista. Diz a Pink, e muito bem, no seu Stupid Girls :
“What happened to the dreams of a girl president ?She's dancing in the video next to 50 Cent”
É que nem o eye candy que é o 50 cent sem t-shirt compensa a indignidade de ser uma espécie de objecto giro e, de preferência mudo e outras Rihannices como essas. Assim um programa intensivo que os ensine a ser cavalheiros parece-me absolutamente necessário. Ah, olharem-nos para a cara e não para vinte e cinco centímetros mais abaixo! Ah, o tratarem-nos como criaturas com cérebro, abrir e fechar portas em vez de gritar Damaaaaaaaaaaaaa é logo outro estilo de vida… Isso sim é, a meu ver, serviço público e em prol da comunidade…
Não vi o resultado final da coisa. O episódio que vi tinha os rapazes a meio caminho, já de blazer e boas-maneiras moderadas, mas ainda com addidas brancas caríiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiissimas e sotaque “à gueto”, para parecerem mais duros (mesmo se o mais próximo que tenham estado de um tenha sido a ver as reportagens alarmistas sobre a Cova da Moura na televisão). Mantenho, mesmo assim, o espírito positivo: melhores que o que eram, têm de ter ficado.
Cá em Portugal, atrasados como estamos, parece-me que o programa não passa. Mas a minha cabeça, sempre cheia de uma quantidade incrível de inutilidades, apressou-se logo a traçar uma acção de formação, umas 50 horas, para transformar os gangsta tugas em qualquer coisa remotamente parecida a cavalheiros. Aí vão os conteúdos das sessões. Aceitam-se inscrições, e, como sou uma cidadã com apurado sentido cívico, o curso é gratuito.
Sessão 1- Cuidados básicos e higiene pessoal: os pentes são nossos amigos. Discussão de grupo. Role-play. 4 horas
Sessão 2- Vestuário e moda: como comprar roupa efectivamente do nosso tamanho.Serei um M ou um XXXXL? Desocultação de etiquetas. Sessão de treino com manequim. 4 horas
Sessão 3- Continuação da sessão 2. Elaboração de mnemónicas. Queima em grupo de sapatilhas addidas e sweatshirts 5 tamanhos acima. 4 horas
Sessão 4- As jóias masculinas são o anti-cristo. Palestra e discussão em grupo. 4 horas
Sessão 5- Sou um agarrado de bling bling, e agora? Terapia psicológica (escola Jungiana). Estratégias defensivas contra relógios com brilhinhos neles. 6 horas
Sessão 6- Formas de tratamento feminino: o “Dama”, anátema de vocabulário. Palestra e Role-play. 6 horas
Sessão 7- serei um idiota porque trato as mulheres como objectos? Discussão de testemunhos reais. 6 horas
Sessão 8- O cérebro feminino, mito ou realidade? Palestra com médica convidada. 4 horas
Sessão 9- O cérebro feminino, mito ou realidade? Discussão/terapia de grupo (escola freudiana). 4 horas
Sessão 10- Abrir portas e tratar as mulheres como seres pensantes e com vontade própria causa impotência? Desmistificação da cabala. Teste prático. Entrega de diplomas. 8 horas
terça-feira, outubro 14, 2008
terça-feira, outubro 07, 2008
O mundo está cheio de gajas (e de gajos)
Quando olho para trás e me ponho a lembrar de como era eu e, por inerência, o grupo de que fazia parte, só posso constatar o auto-importantes, convencidos e armados em bons que éramos. Metidos até às orelhas no existêncialismo less than zero da geração X e da cena independente/alternativa politicamente empenhada, achávamos que, francamente, éramos os donos da verdade. Felizmente essa certeza passou, bem como a auto-importância e o proselitismo intelectual. Tenho o prazer de constatar que, no geral, somos todos gente bastante normal, sem grandes filmes de alternativo/gothic/dark/morangos selvagens (Bergman, crianças, não Angélico & Cia.) que éramos nos anos 90. Se bem que amaremos sempre camisas de flanela, Sweats largueironas, Doc Martens e Eddie Vedder ganhámos o sentido de humor suficiente para nos rirmos de tudo, sobretudo de nós próprios.
activa? Expliquem-me porque é pior ser activa (como os vulcões) e melhor ser pro-activa (como os iogurtes)? E o que é que tem de mal ter capacidades, ter habilitações, à antiga e efectiva, e o que é tão bom a respeito das competências? Ultimamente sinto-me assaltada por estas coisas, estas atitudes pôem-me doente. Sobretudo se acompanhadas como o bife pelas batatas fritas de mente limitada e tacanha, de falta de flexibilidade e de sentido de humor, de auto-crítica. Quando uma pessoa se sente e passa por brilhante por defeito é desmoralizador. Mais que isso, vergonhoso. A sério, protejam-se. O mundo está cheio de gajas (e de gajos), e nem sequer me parece que vão a lado nenhum, estão para ficar.
domingo, outubro 05, 2008
sábado, outubro 04, 2008
Paul Newman
A fama é agora uma coisa relativamente fácil. Todos querem os seus 15 minutos, seja pelo que for. Diariamente nos entram pela casa herdeirazinhas fúteis, cujo único valor reside no apelido deixado por bisavós ricos, starletts de ambos os sexos quase orgulhosas dos seus vícios e auto-indulgências, mercadores da sua intimidade por mais uns minutos e exposição mediática. Paul Newman era um dos últimos de uma geração totalmente diferente, em que a fama era secundada por talento, verdadeiro talento, por orgulho e amor pela profissão que tinha. Foi mestre no seu trabalho, tendo participado em filmes tão importantes e significativos que daqui a umas centenas de anos o seu nome será ainda um dos grandes nomes da história da sétima arte, enquanto as autoproclamadas luminárias da sétima arte de agora serão, com muita sorte, notas de rodapé. Mas isto, apesar de muito significativo, não é aquilo que quero realçar.
Como já disse, o que torna um Homem (no sentido de representante da espécie humana e não no género) um Homem, é o ter deixado o mundo num melhor lugar que o que encontrou. Paul Newman é um desses homens. Fez caridade (no melhor sentido possível do termo) a vida inteira. Fundou, expandiu e ampliou uma empresa multimilionária cujo único objectivo era canalizar a totalidade dos lucros para causas meritórias, sobretudo para crianças desprotegidas ou doentes. A perda trágica de um filho para as drogas chamou-lhe a atenção para todos os outros meninos perdidos, e assim, através deles, lhe honrou a memória.
Mesmo que não tivesse sido uma grande Estrela ou um grande Filantropo, Paul Newman seria, ainda, um grande Homem, um Homem com qualidades morais que todos podemos ansiar a ter. Nem todos têm em si grandes talentos, nem todos podem ser filantropos na escala que ele o foi. Mas todos podem ansiar a manter a grandeza moral que ele demonstrou ao longo da vida. Porque acreditem, um homem que amou a mesma mulher cinquenta e tal anos teve, de certeza, uma enorme grandeza moral. Sobretudo quando teve escolhas, e a assombrosa beleza física de que era dono. Poderia ter sido muito mais promíscuo, muito mais inconstante, nunca o foi. A mulher com quem casou (não a primeira, mas a definitiva) nunca foi a radiante beleza que muitas das suas contemporâneas eram. E o casamento deles foi sempre uma rocha firme, um porto seguro. Vi uma entrevista dos dois, o ano passado, na qual se via, a olho nu, o respeito, o carinho, e sim, a paixão que duraram uma vida inteira.
Com os media a jogar sujo, como agora, quando alguém famoso morre rapidamente fazem um obituário relembrando todos os escândalos, todas as falhas. Os de Paul Newman não o faziam, pois tinha a admiração de todos, todos concordaram que tinha morrido um grande Homem, com H grande. E isso é uma bela súmula de oitenta e poucos anos de vida.
sexta-feira, setembro 26, 2008
segunda-feira, setembro 22, 2008
A teoria da tarte de mirtilos
Ora acontece que uma das personagens trabalha num café. Nesse café havia uma variedade enorme de tartes e bolos. Ora, chegado o fim do dia, tartes como a de chocolate e de pêssego há já muito tinham desaparecido. Outras estavam a meio, ou sobravam uma ou duas fatias. A de mirtilo continuava intacta. Porquê? E aí sim, reside o centro da teoria, porque não calhava. Não se devia atribuir a culpa à tarte, em si perfeitamente aceitável e bem confeccionada. Calhava era não ter aparecido ninguém a quem pudesse apetecer. Elizabeth , a protagonista do filme, pergunta então ao dono do café porque a continuava a fazer, dia após dia, se não se vendia. E ele respondeu que um dia poderia acontecer alguém querer. E pronto.
Aplicar o conhecimento de tartes às pessoas, que aliás, era o que eles estavam a fazer de forma clara, não é nada difícil. Como a nossa sabedoria popular diz que há uma clara diferença entre cair em graça e ser engraçado, também a há em ser amável e ser amado. E muitas horas de frustração e depressão cabem nessa diferença, oh se cabem. Aquilo que se pode , deve fazer, como à tarte de mirtilos, é aguentar estoicamente e sem amarguras, sem perder a esperança. Não é a vida, tal como a apetência por bolos, aleatória e cheia de acasos?
Digamos que, na vida, são uma tarte de chocolate: bom aspecto, muita saída. Deve dar-lhes isso uma sensação de auto-importância? Nem por isso. Há resmas de gente alérgica a chocolate. Experimentem pôr uma numa comunidade de diabéticos e alérgicos para ver a saída que têm. O bom aspecto , nos bolos como nas pessoas é uma questão de sorte e artifício. Umas natas batidas, como uma maquilhagem ardilosa esconde muitos defeitos. Agora se forem uma tarte de mirtilos, que é massa por fora, sem grande graça, dependem de um recheio saboroso e interessante. E, claro, de gosto pessoal.
Há pessoas de que se gosta logo. Outras, como as tartes de mirtilo, são gostos adquiridos. É preciso sair do habitual para se gostar. Experimentar e conhecer, crescer nas nossas papilas gustativas e nos nossos corações. Nem sempre o fazem, mas quando o fazem, acaba por valer a pena. Digo eu, que sempre gostei de mirtilos, em tarte ou fora dela.
De modos que os dramas que vivemos muitas vezes com a rejeição devem ser vistos da perspectiva da arte: não há nada errado connosco. Não apareceu é ainda aquela pessoa que não pode viver sem mirtilos.
quinta-feira, setembro 18, 2008
A estatística silenciosa
Após aquela obscenidade da morte em directo no BES, os noticiários estão cheios de crimes violentos: assaltos aqui, carjacking ali, tiros, sangue e facadas. Os políticos apanham-lhe a onda e começam a clamar por tudo e mais alguma coisa, que emigrantes para cá, penas pesadas para lá, controlo de armas por além. Não estão errados, mas são omissos. E, de acordo com o credo católico, que estes pilares de direita dizem ser, a omissão é igualmente um pecado. Sabem qual é a criminalidade que mais mortos, de longe, causou este ano? A violência doméstica. Claro que isso não dá votos, ou tantos votos como pegar na bandeira da criminalidade. Jogar com os medos das pessoas resulta sempre num ou outro voto, jogar com consciências pesadas não.
A Espanha, nossa vizinha, há muito tempo já que luta com este problema. Estatisticamente, o número de mulheres assassinadas por violência doméstica é superior ao nosso, mas também a população é mais numerosa. Feitas as devidas proporcionalidades, acabamos por ter números muito semelhantes. A questão é que, onde os nossos vizinhos agem, com campanhas de consciencialização constantes e programas específicos, nós preferimos calar. Resulta politicamente mais proveitoso bater noutros ceguinhos, como os professores, essa súcia de malfeitores, os funcionários públicos, esses facínoras, ou as pessoas que vêm de bairros problemáticos, que por feliz coincidência são de nacionalidade ou etnia diferente da nossa: a culpa tem de ser de alguém em específico, não da nossa cultura, a mais perfeitinha de todas, ou, Deus não permita, nós mesmos.
Não dá para traçar uma demografia específica da violência doméstica. Como a doença, ou a morte, ataca todos os estratos sociais, todos os escalões demográficos, todas as regiões. A violência doméstica não afecta apenas gente de certa idade, ou pobre e ignorante. Dois casos que conheci de perto reportavam-se a mulheres de classe média-alta, não podendo ser atribuída qualquer culpa à falta de cultura, à ignorância ou à pobreza. Uma destas mulheres era uma aluna brilhante na Universidade, apanhava do namorado que lhe controlava todos os passos. A segunda era esposa de um médico e financeiramente independente por mérito próprio. As ausências dela eram justificadas por um misterioso problema de saúde, cujas crises a iam mantendo em casa às semanas de cada vez. Ninguém desconfiava, ninguém fazia nada, era um problema invisível.
Se a sociedade evoluiu em muitas coisas, outras há em que o não fez, ou não tanto quanto deveria. Na nossa cultura é um problema do foro privado e muito poucas vezes alguém de fora diz seja o que for, deixando para a vítima a coragem de denunciar, ou o ónus de calar até onde lhe for possível. Muitas vezes este silêncio paga-se com a vida, com o abuso igualmente dos filhos da relação, e com um ciclo de violência sem fim: crianças abusadas são muitas vezes adultos abusadores. Nisto, como em tudo, as crianças aprendem pelo exemplo. As gerações anteriores de mulheres esperavam, mais ou menos, a violência. Era comum, aceitado socialmente, quase a norma. A nossa geração, e as outras que nos seguem, calam-se igualmente.
Não consigo perceber como se pode ficar numa relação assim. Dizem-me que por amor, mas nenhuma forma de amor que eu conceba aceita ou consegue justificar violência sobre nós ou as crianças. Mas suspeito que a teia dos abusadores seja tão paralisante como a das seitas religiosas, e muito semelhante na actuação. Depois daquele sentimento de carinho e protecção, às vezes um pouco excessivo, vem o corte de relações com o exterior, amigos e parentes, e a mulher fica presa, isolada dentro dessa relação infernal. Não têm (ou acham que não têm) a quem recorrer, quem as ouça ou ofereça soluções. E a verdade é que, apesar de leis cheias de boas intenções, este país não tem estruturas suficientes para dar apoio nestes casos. Poucas vagas em lares de acolhimento, poucas capacidades para dar formação e independência económica às mulheres para poderem seguir em frente, viverem sem o agressor.
É minha convicção que a violência, seja de que tipo for, se ataca melhor pela prevenção que pela punição. O que é é que a prevenção não faz vista, não dá votos nem palmadinhas nas costas dos cidadãos preocupados. E de todas as estatísticas possíveis, há as que dão jeito, e se mostram, e as que se calam. Como esta.
terça-feira, setembro 16, 2008
Risque o que não interessa
quinta-feira, setembro 11, 2008
So what?
Ok, vai lá buscar a coroa de espinhos ...
Ok, vai lá buscar a coroa de espinhos, já te estás a crucificar mesmo... Esta frase era usada, há muito tempo atrás nos conselhos de guerra, quando uma de nós começava a ter muita, muita pena de si mesma. Não que haja nada errado em termos um bocadinho de pena de nós, afinal, se não damos colinho a nós próprios ninguém dá. Passar pela vida a sentir-se eternamente injustiçada, uma vítima de um destino cruel, isso é que é um bocadinho demasia.
terça-feira, setembro 09, 2008
segunda-feira, setembro 08, 2008
Bridezillas
Agora que a época alta dos casamentos, que vai de Maio a Setembro, está no fim, muito caterer, muita florista, muito padre por esse país fora está a suspirar de alivio. É que os casamentos não se limitam a transformar as mulheres em seres pipilantes e inanes. Os casamentos têm a tendência de transformar as mulheres em seres assustadores de quem é melhor fugir sem fazer movimentos bruscos, bridezillas capazes de engolir caterers e floristas, gerentes de boutiques de noivas e pasteleiros que se atrevem a não lhes dar aquilo que querem no seu dia. E as coisas que estas noivas bridezilla querem são muitas e variadas. Aparentemente, quando se organiza um casamento, para dar sorte, tem de se aterrorizar, coagir e de forma geral levar às lágrimas de frustração impotente o maior número de profissionais do ramo, amigos e parentes (às vezes mesmo o futuro cônjuge). Se tal não acontecer calamidades de proporções épicas poderão acontecer e desestabilizar a ordem natural das coisas, lançando constelações inteiras para os abismos de buracos negros, ou obrigando uma noiva a conformar-se com fita cru, ou pior, champanhe, para o ramo, em vez do marfim que realmente desejava.
Nunca desejei especialmente um casamento grande, ou planeei, desde pequena, como seria o grande dia. Suponho que crescer a ir a casamento após casamento das minhas seis tias me tenha tirado o deslumbramento da coisa, sobretudo tendo eu sido a menina das alianças da maioria delas. Tanto tule e gaze, seda e sapatos brancos apertados conseguiram tirar a magia de vestidos volumosos, e concluir que, simplesmente, isso não era para mim. Como não são para mim as dietas miseráveis para caber num vestido demasiado pequeno que mostra impiedosamente todos os defeitos, os acessos de choro para escolher convites, sapatos e esquemas de decoração da sala. Ou as horas de dor de cabeça para sentar todos aqueles parentes de quem não gostamos e que não se dão bem uns com os outros, só porque parece mal não os convidar. Ou a escolha do fotógrafo e as poses e as limpezas de pele e todas as pequenas coisinhas que enchem as noivas de stress e as transformam em seres francamente pouco amigáveis. Francamente, quem se importará se os laços nas cadeiras sejam bordeaux em vez de vinho escuro, qual a diferença? Quem se importa se a tia Gertrudes e a Tia Maximina, que não se falam há vinte e cinco anos por causa de um desentendimento sobre o ponto correcto do doce de abóbora, ficam sentadas na mesma mesa e se pegam à pancada? Vistas bem as coisas, pode ser que animem a peça ligeiramente inferior que os casamentos são e da qual os noivos são apenas os figurantes secundários. A sério, nunca repararam que, depois de tantos nervos e despesa, os noivos são os que menos se divertem? Ah pois.
Sou uma romântica. Muito romântica. Mas suponho que a minha noção de romantismo choca com esta visão tradicional, e um bocado tonta, da festa de casamento. Um casamento é uma promessa. Uma promessa de ficar, de estar com o outro, no bom e no mau. Para promessas não é preciso uma roupa diferente que nunca mais vamos usar, duzentas pessoas que não nos dizem nada. As promessas fazem-se com o coração, a mente, a consciência. Fazem-se com a razão, e se se tem flores ou não na mão, se um carro caro nos leva e traz ou se vamos a pé é irrelevante. O casamento não tem mais garantias de ser feliz se o fotógrafo for bom ou o banquete tiver marisco e uma excelente tábua de queijos. Não é preciso padre, ou papel, nem sequer testemunhas. Porque o que mantém as pessoas juntas é o amor, e o desejo, e a vontade, e a determinação, mais nada, nem ninguém.
sábado, setembro 06, 2008
Fon Fon e os arquétipos culturais
Nada mais seria de esperar de um grupo inovador e quebrador de tabus, como os Deolinda definitivamente são, que inovar ao nível de arquétipos culturais. A contrapor com as cantigas do bandido ao ritmo hip hop dos Doninha (de quem, de resto, gosto, apesar de objectar um tantito a algumas das suas letras), vêm os Deolinda pôr as coisas em pratos limpos: isto do amor é daquelas coisas que acontecem, transpondo barreiras de politica e culturalmente correcto. As pessoas gostam, simplesmente umas das outras.
Desta história de amor, de paixão assolapada por um músico numa banda, e não, não estamos a falar do glamour sex&drugs&rockn'roll de uma banda qualquer, mas banda de música das de fardas iguais, trompetes e oboés e aberturas de Bethoven assassinadas, toda uma mensagem e esperança e liberdade emana. Uma verdadeira lufada de ar fresco no panorama desta sociedade pós-moderna.
Somos todos uns snobes, não, não objectem, somos mesmo. Somos incrivelmente snobes a propósito a roupa que vestimos, dos carros que conduzimos, dos nossos amigos e dos dinheiros que temos ou não temos, dos sítios que frequentamos, e muito, mas muito mesmo, da música que ouvimos. Ser-se jovem implica romper com os hábitos dos nossos pais, com os gostos dos nossos pais, e isso é verdade sobretudo a propósito de música. Se as adolescentes de hoje não objectam a usar as leggings vintage da adolescência das mãezinhas delas, podem acreditar que objectam a ouvir as músicas que lhes encheram os ouvidos (voltem, A-HA, estão aperdoados). Então se falarmos de músicas anteriores a isso, como o fado, ou a música clássica, a reacção é de puro asco. A Mariza e a Ana Moura resgataram um pouco o fado para ouvintes contemporâneos (apesar de Amália ser ainda, por mais hereje que isso pareça, a epítome do uncool), nem o inegável sex appeal dos Il Divo consegue fazer com que gostar de música clássica seja aceitável. E mesmo que não gostemos de música clássica (que gosto), o namorar com um elemento de uma banda filarmónica torna-nos geeks por associação. De modos que este Fon Fon é uma lufada de ar fresco: quem somos nós para pôr limites ao amor?
Isto do amor eve ser como o sol, e nascer para todos. Camaradas uncool, unamo-nos numa só esperança: o fonfon é que conta, e não os nossos hobbies, ou gostos ou whatever. E os arquétipos culturais que vão ver a banda passar ;)
Olha a banda filarmónica,
A tocar na minha rua.
Vai na banda o meu amor
A soprar a sua tuba.
Ele já tocou trombone,
Clarinete e ferrinhos
Só lhe falta o meu nome
Suspirado aos meus ouvidos.
Toda a gente fon-fon-fon-fon
Só desdizem o que eu digo:
"Que a tuba fon-fon-fon-fon
Tem tão pouco romantismo"
Mas ele toca fon-fon-fon-fon
E o meu coração rendido
Só responde fon-fon-fon-fon
Com ternura e carinho.
Os meus pais já me disseram
"ó filha não sejas louca!
Que as variações de Goldberg
P'lo Glenn Gould é que são boas!"
Mas a música erudita
Não faz grande efeito em mim:
Do CCB gosto da vista,
Da Gulbenkian, o jardim.
Toda a gente fon-fon-fon-fon
Só desdizem o que eu digo:
"Que a tuba fon-fon-fon-fon
Tem tão pouco romantismo"
Mas ele toca fon-fon-fon-fon
E cá dentro soam sinos!
No meu peito fon-fon-fon-fon
A tuba é que me dá ritmo.
Gozam as minhas amigas
Com o meu gosto musical
Que a cena é "electroacustica"
E a moda a "experimental"...
E nem me falem do rock
Dos samplers e dicotecas,
Não entendo o hip-hop,
E o que é top é uma seca!
Toda a gente fon-fon-fon-fon
Só desdizem o que eu digo:
"Que a tuba fon-fon-fon-fon
Tem tão pouco romantismo"
Mas ele toca fon-fon-fon-fon
E, às vezes, não me domino.
Mando todos fon-fon-fon-fon
Que ele vai é ficar comigo!
Mas ele só toca a tuba
E quando a tuba não toca,
Dizem que ele continua
Quem em vez de beijar ele sopra
Toda a gente fon-fon-fon-fon
Só desdizem o que eu digo:
"Que a tuba fon-fon-fon-fon
Tem tão pouco romantismo"
Mas ele toca fon-fon-fon-fon
E é a fanfarra que eu sigo.
Se o amor é fon-fon-fon-fon
Que se lixe o romantismo!
quarta-feira, setembro 03, 2008
Considerações sobre activismo
Isto de activismo é uma coisa interessante. Se em pequenos não temos activismos, quando crescemos, escolhemo-los. Por moda, por trauma, por convicção, escolhemo-los. E é um estudo interessante ver quem defende o quê, que causa nos faz levantar do sofá e gritar palavras de ordem. Porque o nosso activismo, como todas as nossas outras escolhas, conta a nossa história, fala de quem somos.
Quando era adolescente, e não sei bem como, desenvolvi uma consciência política, o meu activismo era sobretudo centrado nos direitos humanos. É que, percebem, sou uma pessoa gregária. Uma colega de trabalho é apaixonada por animais, dedicando muito do seu tempo e dinheiro num refúgio para cães abandonados. Diz muitas vezes que lhes prefere a companhia à companhia de pessoas. Eu, que nunca tive um osso tímido no corpo, escolhi a área das pessoas. O que não foi exactamente uma escolha, antes o abraçar das ideias que me pareciam certas. Mas suponho que todas as convicções, políticas, ideológicas ou de activismo são assim.
Alguém uma vez me disse que aos dezasseis é idiota não se ser idealista, e é idiota ser idealista aos trinta. E se bem que detesto frases lapidares e tenha fustigado devidamente o desgraçado por se atrever a implicar que era mole de espírito, a verdade é que o meu activismo mudou, e me dediquei a um tema mais restrito dentro do tema dos direitos humanos, os direitos das mulheres. E a ser, no geral, um bocado cabra. E cada um é seus caminhos. Ser muito idealista está muito bem, mas e as coisas que nos picam e nos moem todos os dias? Aquela minha amiga da universidade que tinha um namorado que nem sequer a deixava escolher o que beber no café e lhe batia? E aquela que ficou jogada numa depressão negríssima porque um idiota qualquer mentiu desnecessariamente? E, sobretudo, os que me fizeram acreditar, como o parvito do comentário aí de baixo que deveria ficar em casa porque não mereço andar na rua, porque NÃO VALE A PENA? De modos que não é esforço perceber que me tenha voltado para o feminismo. Ou pelo menos uma parte de mim, a parte cabra. A que mostro aqui. O activismo não é uma coisa interessante?
segunda-feira, agosto 25, 2008
quarta-feira, agosto 13, 2008
sexta-feira, agosto 08, 2008
A Guerra
quarta-feira, agosto 06, 2008
Orient express e um bad hair day
segunda-feira, julho 28, 2008
O texto que se escreve a si mesmo
A história é tão boa que não resisto a contar. E não, não são apenas delírios de tia babada, apreciem a sabedoria da nova geração da minha família.
terça-feira, julho 22, 2008
Da pesca por arrastão
Homens há que encaram as mulheres como peixe. Preparam cuidadosamente o isco, sentam-se calmamente e esperam que o peixe morda. Há outros que não, nem por isso. Em vez do trabalho que dá apanharem um de cada vez, de escolher o isco mais apetecido para aquele peixe em particular, lançam a rede e o que vier por arrasto, é lucro. E se os primeiros me enchem e desconfiança, pois um homem paciente e calculista é do piorzinho, os segundos não deixam de me divertir em grande medida. Não porque são pouco exigentes, mas sim porque são descarados e honestos acerca das suas expectativas numa mulher. E não há nada mais refrescante que um homem absolutamente honesto, mesmo que essa honestidade o leve a confessar ser um engatatão em série.
sexta-feira, julho 18, 2008
quarta-feira, julho 16, 2008
O outro lado da coisa
A canção tem a letra, apreciem, espero eu, como eu apreciei, a fina ironia da Jewel, é delicioso.