Só há duas coisas capazes de transformar uma mulher -ou um grupo delas – em seres pipilantes e inanes em menos de dez segundos: bebés e casamentos. Que os bebés o façam é normal e perfeitamente razoável: afinal ter bebés é um imperativo evolutivo, uma questão de sobrevivência da espécie, e as mulheres precisam de uma resposta hormonal que as distraia daquilo que o acto de dar à luz implica (doze ou catorze horas de dores giras, anos de noites sem dormir). E depois, os bebés são simplesmente giros. Que os casamentos o façam é, a meu ver, mais inexplicável.
Agora que a época alta dos casamentos, que vai de Maio a Setembro, está no fim, muito caterer, muita florista, muito padre por esse país fora está a suspirar de alivio. É que os casamentos não se limitam a transformar as mulheres em seres pipilantes e inanes. Os casamentos têm a tendência de transformar as mulheres em seres assustadores de quem é melhor fugir sem fazer movimentos bruscos, bridezillas capazes de engolir caterers e floristas, gerentes de boutiques de noivas e pasteleiros que se atrevem a não lhes dar aquilo que querem no seu dia. E as coisas que estas noivas bridezilla querem são muitas e variadas. Aparentemente, quando se organiza um casamento, para dar sorte, tem de se aterrorizar, coagir e de forma geral levar às lágrimas de frustração impotente o maior número de profissionais do ramo, amigos e parentes (às vezes mesmo o futuro cônjuge). Se tal não acontecer calamidades de proporções épicas poderão acontecer e desestabilizar a ordem natural das coisas, lançando constelações inteiras para os abismos de buracos negros, ou obrigando uma noiva a conformar-se com fita cru, ou pior, champanhe, para o ramo, em vez do marfim que realmente desejava.
Nunca desejei especialmente um casamento grande, ou planeei, desde pequena, como seria o grande dia. Suponho que crescer a ir a casamento após casamento das minhas seis tias me tenha tirado o deslumbramento da coisa, sobretudo tendo eu sido a menina das alianças da maioria delas. Tanto tule e gaze, seda e sapatos brancos apertados conseguiram tirar a magia de vestidos volumosos, e concluir que, simplesmente, isso não era para mim. Como não são para mim as dietas miseráveis para caber num vestido demasiado pequeno que mostra impiedosamente todos os defeitos, os acessos de choro para escolher convites, sapatos e esquemas de decoração da sala. Ou as horas de dor de cabeça para sentar todos aqueles parentes de quem não gostamos e que não se dão bem uns com os outros, só porque parece mal não os convidar. Ou a escolha do fotógrafo e as poses e as limpezas de pele e todas as pequenas coisinhas que enchem as noivas de stress e as transformam em seres francamente pouco amigáveis. Francamente, quem se importará se os laços nas cadeiras sejam bordeaux em vez de vinho escuro, qual a diferença? Quem se importa se a tia Gertrudes e a Tia Maximina, que não se falam há vinte e cinco anos por causa de um desentendimento sobre o ponto correcto do doce de abóbora, ficam sentadas na mesma mesa e se pegam à pancada? Vistas bem as coisas, pode ser que animem a peça ligeiramente inferior que os casamentos são e da qual os noivos são apenas os figurantes secundários. A sério, nunca repararam que, depois de tantos nervos e despesa, os noivos são os que menos se divertem? Ah pois.
Sou uma romântica. Muito romântica. Mas suponho que a minha noção de romantismo choca com esta visão tradicional, e um bocado tonta, da festa de casamento. Um casamento é uma promessa. Uma promessa de ficar, de estar com o outro, no bom e no mau. Para promessas não é preciso uma roupa diferente que nunca mais vamos usar, duzentas pessoas que não nos dizem nada. As promessas fazem-se com o coração, a mente, a consciência. Fazem-se com a razão, e se se tem flores ou não na mão, se um carro caro nos leva e traz ou se vamos a pé é irrelevante. O casamento não tem mais garantias de ser feliz se o fotógrafo for bom ou o banquete tiver marisco e uma excelente tábua de queijos. Não é preciso padre, ou papel, nem sequer testemunhas. Porque o que mantém as pessoas juntas é o amor, e o desejo, e a vontade, e a determinação, mais nada, nem ninguém.
Agora que a época alta dos casamentos, que vai de Maio a Setembro, está no fim, muito caterer, muita florista, muito padre por esse país fora está a suspirar de alivio. É que os casamentos não se limitam a transformar as mulheres em seres pipilantes e inanes. Os casamentos têm a tendência de transformar as mulheres em seres assustadores de quem é melhor fugir sem fazer movimentos bruscos, bridezillas capazes de engolir caterers e floristas, gerentes de boutiques de noivas e pasteleiros que se atrevem a não lhes dar aquilo que querem no seu dia. E as coisas que estas noivas bridezilla querem são muitas e variadas. Aparentemente, quando se organiza um casamento, para dar sorte, tem de se aterrorizar, coagir e de forma geral levar às lágrimas de frustração impotente o maior número de profissionais do ramo, amigos e parentes (às vezes mesmo o futuro cônjuge). Se tal não acontecer calamidades de proporções épicas poderão acontecer e desestabilizar a ordem natural das coisas, lançando constelações inteiras para os abismos de buracos negros, ou obrigando uma noiva a conformar-se com fita cru, ou pior, champanhe, para o ramo, em vez do marfim que realmente desejava.
Nunca desejei especialmente um casamento grande, ou planeei, desde pequena, como seria o grande dia. Suponho que crescer a ir a casamento após casamento das minhas seis tias me tenha tirado o deslumbramento da coisa, sobretudo tendo eu sido a menina das alianças da maioria delas. Tanto tule e gaze, seda e sapatos brancos apertados conseguiram tirar a magia de vestidos volumosos, e concluir que, simplesmente, isso não era para mim. Como não são para mim as dietas miseráveis para caber num vestido demasiado pequeno que mostra impiedosamente todos os defeitos, os acessos de choro para escolher convites, sapatos e esquemas de decoração da sala. Ou as horas de dor de cabeça para sentar todos aqueles parentes de quem não gostamos e que não se dão bem uns com os outros, só porque parece mal não os convidar. Ou a escolha do fotógrafo e as poses e as limpezas de pele e todas as pequenas coisinhas que enchem as noivas de stress e as transformam em seres francamente pouco amigáveis. Francamente, quem se importará se os laços nas cadeiras sejam bordeaux em vez de vinho escuro, qual a diferença? Quem se importa se a tia Gertrudes e a Tia Maximina, que não se falam há vinte e cinco anos por causa de um desentendimento sobre o ponto correcto do doce de abóbora, ficam sentadas na mesma mesa e se pegam à pancada? Vistas bem as coisas, pode ser que animem a peça ligeiramente inferior que os casamentos são e da qual os noivos são apenas os figurantes secundários. A sério, nunca repararam que, depois de tantos nervos e despesa, os noivos são os que menos se divertem? Ah pois.
Sou uma romântica. Muito romântica. Mas suponho que a minha noção de romantismo choca com esta visão tradicional, e um bocado tonta, da festa de casamento. Um casamento é uma promessa. Uma promessa de ficar, de estar com o outro, no bom e no mau. Para promessas não é preciso uma roupa diferente que nunca mais vamos usar, duzentas pessoas que não nos dizem nada. As promessas fazem-se com o coração, a mente, a consciência. Fazem-se com a razão, e se se tem flores ou não na mão, se um carro caro nos leva e traz ou se vamos a pé é irrelevante. O casamento não tem mais garantias de ser feliz se o fotógrafo for bom ou o banquete tiver marisco e uma excelente tábua de queijos. Não é preciso padre, ou papel, nem sequer testemunhas. Porque o que mantém as pessoas juntas é o amor, e o desejo, e a vontade, e a determinação, mais nada, nem ninguém.
5 comentários:
O facto de não querer ter um vestido de tule não quer dizer que não queira casar; o facto de ter um vestido de tule não quer dizer que tenha de se stressar com os preparativos do casamento. A complicação está na cabeça das pessoas não está no casamento, acredite.
Como poderá ver pelo título, estava apenas a referir-me a um tipo de noivas, e a uma certa abordagem do dia e da instituição. Mas, como está o aviso no início do blog, tratam-se de reflexões fruto do mau feitio. Se não puder ter uma atitude mordaz e crítica, seguindo pela abordagem de que cada um sabe de si, amen, amen, não teria assunto para escrever e blog não existiria, pois não? E acontece que existe, e gosto dele como é...
No meu casamento não me encaixei nessa categoria. A única altura que estive perto foi quando descobri que a igreja escolhida parecia um salão de baile porque retiraram os bancos das primeiras filas do sitio onde estavam assim como o altar tinha mudado par o meio da mesma. Aí fartei-me de resmungar pois os nervos acumulados nos ultimos dias vieram ao cimo com esta surpresa.
Acho que por vezes as noivas se tornam em bridezillas por causa das expectativas dos convidados. Quanto ao parentes que não se falam, também os tive no meu. No entanto as pessoas convidadas por mim foram as que realmente eram (e são) importantes para mim. Ainda hoje tenho primas zangadas comigo e com a minha mãe por esse motivo.
O dia então foi fertil em episódios, lembras-te?... Desde veu que caiu antes do "sim", o fanico do fotógrafo por causa duma boca de alguém que tão bem conheces, os convidados que se perderam, o sermão do padre por causa da história do altar, os bonecos em cima do bolo quando eu tinha pedido para por rosas, o pessoal do restaurante que cortou as folhas com a constituição das mesas(e que tinham demorado algumas horas a fazer ao meu cunhado), o mais importante é que foi o meu casamento e eu aproveitei (para comer e beber, ao contrário de muitos(as) noivos(as). Já passaram cinco(!) anos com os seus altos e baixos. Os pontos altos são os meus filhotes.
Uma frota. Cris, Gui e Lara.
Desculpa o testamento anterior...
Tu nunca poderias ser uma bridezilla, querida C., não és mimada o suficiente para o seres, e, tanto quanto sei, o teu casamento foi muito divertido. E se excluirmos a parte dos miseráveis dos meus sapatos um dia muito feliz para todos os envolvidos, desde o veu aos charutos (e ainda guardo o meu, especial só para mim ;) ). Foi o exemplo daquilo que deve ser, longe deste cenário de princesas mimadas.
A frota vai a caminho, para ti e os teus... i
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