quarta-feira, agosto 06, 2008

Orient express e um bad hair day

Não me venham com conversas: férias, férias têm as personagens da Agatha Christie. Sim, pronto, as personagens aparecem mortas com alarmante regularidade e sempre de formas especialmente tortuosas. Mas os sítios eram fabulosos: um Orient Express um Blue Train, os transatlânticos do entre guerras, viajar até à Mesopotâmia ou Egipto, comodamente livres de terroristas extremistas, a Riviera francesa, as casas de campo britânicas... E depois, o estilo, cada um com a sua empregada para fazer e desfazer malas e lidar com detalhes chatos... Uma pessoa não ter mais nada que fazer que escorropichar martinis na beira da piscina e responder às perguntas astutas do Poirot ou da Miss Marple...
Depois, tenho também inveja das pessoas que passam as férias a viver de uma única mochila que transportam consigo e vão fazer couch surfing para sítios como Bulgária ou Eslovénia, ou acampar para a wilderness nem que seja do Gerês. Ah, a liberdade, o minimalismo, a comunhão com a natureza...
Infelizmente para mim, que sou, admita-se o que tem de se admitir, uma porca consumista, nem viajo com o estilo dos primeiros, nem com o espírito zen dos segundos. Serei eu o único ser do planeta a encarar o fazer as malas com uma generosa dose de azia? É que espero que não.
A mala que está ali ao canto, está a olhar para mim com ar malévolo. Eu sei, simplesmente SEI que o que quer que vá para lá vai ser inútil. Um ano, fui com roupas de meia-estação, estavam 45 graus e as férias foram um estudo em frustração suada. O ano seguinte, a roupa já era convenientemente fresca e choveu todas as santas férias. Um ano constipei-me no avião e tive a miséria de andar com a cabeça cheia de ranho o resto do tempo. Seja como for, fica sempre algo esquecido: sapatos ou escova do cabelo ou outro item essencial, que passa despercebido por mais listas e planos que faça.
Mas o pior de tudo, o que mais chateia, é entrar no principio das férias num bad hair day que dura todo o tempo que lá estou. Nenhuma roupa cairá como deve, nascerão borbulhas qual adolescente, suspirarei pelas roupas que ficaram em casa e toda a gente sem excepção terá melhor pele, cabelo e bom humor que eu.
Atesta o melhor do espírito humano o saber que não só passo pelo processo desagradável todos os anos, como ainda por cima passo um tempo considerável a planear e fantasiar as férias. Claro que isso não implica que não desejasse uma criada pessoal para lidar com as malévolas das malas e depois sentir-me culpada por querer escravizar uma semelhante e precisar de levar uma quantidade enorme de tralha atrás de mim para subsistir, enfim, é esta altura do ano mesmo.

1 comentário:

Unknown disse...

Fazer malas para mim também é um suplicio. Até nesta fase da minha vida, adiei o mais possivel. A mala da miuda está pronta há uma semana( não, está há menos tempo porque me apercebi que faltavam as toalhitas ;)) e na minha ainda faltam umas "coisitas". No teu caso acredito que a vontade seja menor tendo em conta os anos que fazes e desfazes malas.
Uma frota
C.
ps - ainda nada de novo.