quinta-feira, dezembro 04, 2008

Gastrossexuais

Um dos adágios que se ouviam antes era que gordura era formosura. Outro, que se conquista um homem pelo estômago. Apesar de não ser verdade ( um coq au vin impecável empalidece face a um corpinho bikini), este antigo adágio ganhou uma interpretação e uma vida novas. Amigas, contemplem esta nova tribo urbana pós-moderna, os gastrossexuais.
O Deus dos gastrossexuais é, como não podia deixar de ser Jamie Oliver, chef extraordinaire e gajo que mesmo assim é muita gajo, sem afectações efeminadas. Para além de adorarem no altar do Naked Chef e de, imagino, preparar pratos de massa verdadeiramente yummy (as receitas do Oliver nunca desapontam), estes homens têm como objectivo máximo seduzir as mulheres através dos seus dotes culinários. Eles, queridas, têm uma forma de souflé e sabem como usá-la (e isto, infelizmente NÃO é uma metáfora vagamente sexual).

Eu até compreendo a necessidade e o acerto dos homens saberem cozinhar. Eles vivem muito mais tempo sozinhos que a geração dos pais deles e nós, por outro lado, estamos longe de ter a educação de prendas domésticas que as nossas mães tinham. Num mundo incerto, homem que é homem e não quer ir ao take-away tem de saber estrelar o seu próprio ovo, fritar o seu próprio bife, cozer a sua própria batata. É justo e razoável que os homens ajudem em casa, nomeadamente a preparar refeições. Como estratégia de sedução é que não sei bem. Comigo, por exemplo, nunca funcionaria, ou pelo menos não a longo prazo.

Se há vantagens óbvias num homem que distinga um banho-maria de uma máquina de lavar, não sei até que ponto quereremos mesmo um homem com veleidades de chef e gastrónomo às soltas na cozinha. Eu, que efectivamente sei e gosto de cozinhar, daria em doida com um homem assim. Territorial como sou com a minha cozinha começaríamos com elogios à capacidade de execução do prato, chegaríamos ao prato principal lívidos e de dentes cerrados e em menos de um fósforo estaríamos a rebolar pelo chão e a esgadanhar-nos um ao outro, e não no bom sentido da coisa. Claro que para mulheres que não sabem dos muitos e variados usos de um passe-vite um homem que se escravize na cozinha e, simplesmente, lhes dê de comer como se fossem umas princesas é irresistível. Eu é que levanto sérias objecções à escravatura, seja ela de que forma seja, preferindo nisto, como em tudo, um equilíbrio das coisas.

Neste mundo moderno, não sei se já repararam, cada vez que surge uma tribo urbana, esta é ou incompreensível, ou irritante. Primeiro, apropriaram-se dos cremes e dos SPA, os metrossexuais, agora apropriaram-se do avental e da cozinha. É inadmissível. E aviso desde já: se se atreverem a desenvolver o seu lado feminino nos saltos altos ou nas camisas de noite de seda viro freira, juro que viro! E que tal desenvolverem uma tribo urbana útil, uma que fizesse falta, uma que fosse a resposta às nossas preces de mulheres modernas na sala e na cozinha? Deixo já aqui em baixo uma dica:



Sem comentários: