sábado, dezembro 30, 2006

A propósito de relógios

Olhe-se a coisa da perspectiva que se olhe, os homens ficaram com a parte boa do ponto de vista biológico. Eles, ao contrário de nós, podem ter filhos até que são velhos carecas, desdentados e sem interesse nenhum. Nós não. Nós vimos com prazo de validade, ou assim nos dizem. Somos válidas durante o tempo que podemos ter filhos, que é pouco, o tempo em que somos atraentes e desejáveis. Depois acabou. A partir dessa altura esperam de nós um ar gracioso na retirada, deixarmos o lugar às mais novas, mais frescas, mais férteis.
Ah minhas amigas, é terrível este relógio na nossa cabeça, este tic tac que nos manda ter filhos depressa, que nos impele a sermos mães antes que seja tarde, antes que não os possamos ter mais. Passada aquela idade de casar, ter filhos, submeter-se devidamente ao que esperam de nós,estamos na prateleira, como panelas sem asa, já dizia o Gil Vicente.
É difícil não se deprimir nesta altura, não é? Entre o aniversário e o ano novo tudo me lembra de como a minha infância está mais longe, e eu mais velha.
É preciso pois, minhas caras, neste tempo de relógios, deixar de olhar para eles. Fazer um esforço por não cair na armadilha fácil que nos estendem ao chamar-nos velhas, ao dizer que o prazo está a chegar onde não valemos mais. Há mais maneiras de ser mãe que ter filhos, várias formas de ser mulher sem ter a frescura pré-adolescente que parecem preferir. Não estamos à venda, como as conservas, para passar de prazo, não somos um bife nem uma lata de sardinhas. Temos de parar de ser más para nós próprias, a torturar-nos com o que podemos ou não fazer, com a idade, ou o peso, ou o sexy que somos, com os rótulos que querem que tenhamos. Quando o relógio biológico as chatear muito, desliguem. E vivam, vivam como se fosse o último dia. É que pode ser, sabiam?
Feliz ano novo.

sábado, dezembro 23, 2006

terça-feira, dezembro 12, 2006

Os indisponíveis

Desde o Modelo e Detective que a frustração é sempre a mesma. O casalinho que é perfeito um para o outro e que não se entende. Quer dizer, nós sabemos que eventualmente ficarão juntos mais lá para a frente na série, mas é como a cenoura e o burro, andamos, andamos e nunca lá chegamos. E quem diz Modelo e detective diz Ficheiros Secretos, Pretender, ou mais recentemente House ou CSI.Só um cego é que não percebe que o Grissom e a Sarah são perfeitos um para o outro, que ela o poderia salvar daquela alienação do mundo real e ele dar-lhe o sentido de permanência que tanta falta lhe faz. Mas isso nunca chega a acontecer. Temos de nos contentar com uma palavra mais terna, um olhar, um gesto, e construir a partir daí o romance todo na nossa cabeça.Em termos de estratégia televisiva nós até percebemos: a expectativa faz-nos ver episódio atrás de episódio, época atrás de época. Como é visto por homens e por mulheres contentam as mulheres com migalhas de romance e os homens com a disponibilidade, no sentido de um gajo esperto que não se deixa apanhar por mulheres, mais o bónus da personalidade nobre e heróica, que os homens nunca se curaram do papel de cavaleiro de armadura e tudo, são uns modelos da virilidade óptima, em todo o seu esplendor. O motivo porque nós, mulheres, nos sentimos atraídas por eles é que já é mais difícil de perceber. A não ser que o vejamos à luz da teoria da indisponibilidade.Ora, segundo a minha teoria, quanto mais indisponível um homem for, mais seduzirá uma mulher. O grau de interesse delas e de desinteresse deles é inversamente proporcional. Segundo o ideal romântico que nos dão a beber no biberão, os homens são criaturas nobres que, a seu bom tempo, nos encontrarão. Tal como a bela adormecida é suposto esperarmos, sem nos questionar porque raios, como na história, ele demorou cem anos para dar connosco. Por mais modernas que sejamos, por mais que tomemos a iniciativa, um homem que esteja aberta, clara e activamente interessado em nós não tem, de longe nem de perto, o mesmo interesse que um distante e inacessível. Um homem que não se faz de caro não dá luta, enche-nos de tédio num instante.A lógica retorcida por detrás disto reside muito na nossa crónica falta de auto - estima. Um homem que goste de nós assim, à primeira, tem, no mínimo dos mínimos, o defeito de não se fazer rogar, deve ser falta de vista e provir de uma longa linhagem de gente estúpida para não ver o que nós vemos- que há muitas (se não todas) mulheres melhores e mais interessantes que nós. E gente estúpida nunca é interessante ou desejável. Já um homem destes, um homem inacessível é logo outra qualidade de vida, mete-nos logo no nosso devido lugar. Temos de nos mostrar dignas e, até ao dia que o formos contentamo-nos com as migalhitas de atenção que eles bem entendem.A questão, minhas senhoras, é que devem é TER JUIZINHO. Deixem-se de inacessibilidade, meninas. Os homens inacessíveis continuarão sempre assim, inacessíveis, mesmo que lhes liguem pontualmente. E migalhas de carinho e de atenção estavam muito bem na Inglaterra vitoriana, mas agora deixam-nos o coração raquítico, à mingua. Mil vezes um homem abertamente interessado, sem dúvidas. Por essas e por outras é que comecei a ver a Anatomia de Grey. Ao menos esses sabem o que querem, o que é refrescante. E o Patrick Dempsey é sempre giro de se olhar.

domingo, dezembro 03, 2006

Como os conselhos voltam como boomerangs

Para começo de conversa, as mulheres seguras e sem dúvidas em relação a si próprias são uma vergonha para a espécie feminina, são uma anomalia estatística. Todas as mulheres, ou pelo menos todas as que eu conheço têm qualquer coisa que as aborrece na sua aparência e que é a vergonha da sua existência, qualquer coisa que era perfeitamente escusadinha. E isto quando é só uma coisa, porque a maioria das vezes são muitas coisas. E aquilo que caras-metade pensam é um bocado secundário. Nós não pensamos tanto em função deles como em função umas das outras.O homem médio é cego aos detalhes, Deus o abençoe por isso, e não repara nesses detalhes, ou se repara tem o bom senso de ficar com a boca bem calada (espero eu). Umas com as outras é que já não é bem assim.A boa aparência é para benefício dos homens, não estejamos com tretas, porque como diz a canção, beleza é fundamental. Mas só até um certo ponto. Muito do que nós fazemos é para nos justificarmos perante as outras, os faux pas são imperdoáveis porque somos uma espécie de invejosas. E mesmo que sejamos umas líricas zen em que a nossa aparência não interessa, as outras vão certamente reparar. A dura verdade é que uma mulher desarranjada ou desmazelada é um alvo fácil, uma mulher com defeitos está mesmo a pedi-las. Para o resto da espécie feminina, uma mulher que não se arranje está mesmo a pedir que lhe arrebatem o homem, porque é até mal empregue naquela esta ou naquela aquela.Já disse que as mulheres são inseguras? Parece-me que sim. As mulheres sofrem mil mortes a pensar nestas coisas, no que eles podem pensar, no que elas podem pensar, no tudo que pode correr mal sendo nós as criaturas cheias de defeitos que somos.De modos que estava eu numa dessas trips de insegurança quando uma grande amiga minha me lembrou um conselho que eu lhe tinha dado há uns anos atrás: há tanta mulher no mundo, tanta tão mais perfeita e interessante e inteligente que se não arranjamos um homem que lhes resista, não vale a pena. É um bom conselho, não é? Se ao menos me tivesse lembrado dele em causa própria em vez dele voltar a mim como um boomerang e dar-me na cabeça...A verdade é que nós, as mulheres, precisamos de relaxar. Factos como celulite, estrias, rugas, gordurinhas, buços, pernas curtas, ancas largas, etc. , etc. são factos da vida. Nunca irão desaparecer. Podemos lutar com eles até um certo ponto, mas não até ao ponto onde nos dominem a vida e os pensamentos, não aproveitamos nada da vida se assim for. Temos de viver bem com a nossa pele, porque só temos este corpo, foi o que nos saiu na rifa da piscina genética dos nossos pais. E realmente, um homem que não esteja bem na nossa pele, que não seja nossa família no sentido de gostar de nós como somos não vale a pena, é demasiada manutenção. Precisamos de relaxar mais. E quanto às outras mulheres, temos igualmente de deixá-las andar. Sim, é verdade, podemos não ter umas pernas/ancas/caras perfeitas mas somos nós, com as nossas qualidades e os nossos defeitos, as nossas personalidades. Amar alguém perfeito é fácil, alguém imperfeito não. Se alguém tem o bom gosto extremo de gostar de nós mesmo com a legião e defeitos que temos, o melhor é mesmo não sabotar e aproveitar enquanto a cegueira dura...


Feministas Eméritas



Greta Garbo
"I don't want to be a silly temptress. I cannot see any sense in getting dressed up and doing nothing but tempting men in pictures. "

quarta-feira, novembro 29, 2006

Sala de Cinema

M Night Shyamalan era daqueles realizadores que, depois de um primeiro filme brilhante, foi decrescendo a qualidade dos filmes até estes serem umas nodoazitas. E disse era porque finalmente o homem redimiu-se com este excelente Lady In The Water.O homem voltou a por os twists de novo na moda. Voltou a pôr o suspense e o sobrenatural na moda. Talvez por isso agora toda a gente esperar que ele se mantenha no estilo e por isso tenham criticado tanto esta história de fadas tão extraordinária. Mas o homem não é obrigado a cingir-se ao mesmo estilo sempre. Nenhum cineasta o fez, porque o faria ele?De modos que agora volta com uma extraordinária fábula composta com cuidados de miniaturista, em que tudo encaixa.Não é um filme para todos os gostos, concedo, tem de se estar simultaneamente a esquecer os protótipos e acreditar neles. A suspension of disbelief tem de funcionar para a história de fadas, encontrando extraordinário no ordinário e não funcionar no que diz respeito ao que os heróis devem ser. Para começo de conversa, e apesar do protagonista ser a personagem de Paul Giamatti (soberbo), todas as suas personagens têm qualquer coisa de muito único e muito essencial à história. Nesse ponto faz-me lembrar, por exemplo o Amelie ou o Long Dimanche de Fiançailles do Jean-Pierre Jeunet. Tudo nesta história funciona como um requintado quebra-cabeças em que tudo faz sentido finalmente, sem pontas soltas, o que é bom porque detesto pontas soltas, dão comigo em doida.De qualquer forma é bom ver filmes com gente normal, com todas as cores, tamanhos e idades. Filmes com deusas loiras e vinte e poucos e deuses gregos musculados cansam como tudo. Mil vezes um Paul Giamatti, que apetece por ao colinho e levar para casa, hum hum hum hum... E a Bryce Dallas Howard, aqui verdadeiramente luminosa (o The Village nem aquenta nem arrefenta), que deve ser, seguramente, a melhor contribuição do Ron Howard para o cinema (mas assim, de longe).A não perder num DVD perto de si, já que só por muita sorte se apanha no cinema.

sábado, novembro 25, 2006

terça-feira, novembro 21, 2006

Conselho nº 10(e último)- Sejam vocês mesmos

Caros homens, dei-lhes uma série de úteis conselhos para a vida até agora: o fazerem o trabalho de casa para conhecerem bem a mulher com quem estão, o de se lembrarem das coisas, o de falarem com elas, o de serem românticos e colaborarem nas tarefas de casa, o de fazerem uso da diplomacia, de serem sempre honestos, de dosearem os ciúmes e serem originais, chegando agora ao último e igualmente importante: sejam vocês mesmos.Apesar de parecer que não, estes últimos conselhos não pretendem mudar a vossa essência, nada disso, apenas tornarem a convivência mais fácil com os outros seres humanos, sejam mulheres ou não. Todos os conselhos, tirando um ou outro mais específico podem ser, sem prejuízo, adaptados a todas as áreas da vossa vida. Por exemplo, fazerem um esforço para conhecer os outros com quem se dão é um excelente conselho. A não ser que queiram levar a vida com conversas de circunstância de bar em que se tem de falar mais alto que a música e dizer banalidades, conhecer os gostos, sonhos e aspirações, ou pelo menos as opiniões alheias dá muito jeito. Evita confusões e discussões desnecessárias, evita faux pas como o de oferecer bife e batas fritas a um vegetariano rigoroso que só come frutas e legumes verdes pois acha um crime comer coisas que têm olhos e boca e etc.Colaborar com os outros é-o igualmente, não se fazer pesado e fazer a sua parte. Ser diplomata no que dizemos para não magoar desnecessariamente, ou manter sempre o princípio da honestidade. São conselhos que os tornam melhores seres humanos. Ninguém lhes está a pedir para mudar de personalidade ou convicções, apesar destes conselhos exigirem uma série de adaptações no estilo de vida.Há um erro básico que os homens cometem muitas vezes no início das relações: mudam de personalidade e hábitos radicalmente: não o façam. Deixar de fazer da casa de banho um lago ou colocar a roupa suja onde devem não é mudar de personalidade, é ser civilizado. Deixar todos os hobbies e interesses pessoais e adoptar sem pestanejar os dela é. E sejam homens ou mulheres, ninguém merece que deixemos de ser nós mesmos para fazer a relação funcionar. A longo prazo não é viável. Se no início em que tudo corre bem abdicar dos vossos interesses não parece grande coisa, a longo prazo é. Vão ficar frustrados, incompletos e agitados. Daí a culparem a pessoa com quem estão por isso é um passo. A arranjar outra que compartilhe os vossos interesses é outro.Discutir e negociar é normal numa relação. Uma relação em que não se discute é porque um deles se está a anular. Não acreditem na treta das almas gémeas em que tudo concorda com tudo, não é verdade. Ainda não há gente de encomenda que encaixe perfeitamente e, sinceramente, se existisse, seria uma seca monumental. A crua verdade é que estar com o outro é como cada um puxar a corda para cada lado com equilíbrio de modo a nenhum dar com o rabo no chão. Na altura de cederem, ou de chatearem tanto que a obriguem a ceder pensem se o que querem mesmo é uma vida inteira em que uma das partes fique mesmo infeliz. E de qualquer forma, uma relação em que têm de mudar tudo para serem queridos não vale a pena, a sério.

sábado, novembro 18, 2006

Eye Candy Especial

Val Kilmer
Para a Jane Bond (não quero que te falte nada...é só pedir)

quarta-feira, novembro 15, 2006

terça-feira, novembro 14, 2006

Conselho nº 9- Sejam originais

Meus caros, se chegaram a esta altura da vida sem que lhes tenham dito isto nunca, deixem que lhes diga: qualquer homem que oferece a uma mulher um presente que dê para ligar a uma tomada está a pedir sarilhos. Quando se chega à altura de oferecer um presente, por exemplo, um dia dos namorados, um natal, um aniversário, há que reflectir. Dar uma coisa com pés e cabeça que agrade à moça. Há que ser original. Vejamos as opções do costume.


Flores
No geral, as flores querem dizer uma e duas coisas: ou que se meteram em sarilhos e estão a tentar compor as coisas, ou que só se lembraram e Santa Bárbara quando troveja, vulgo, da data no próprio dia e as floristas calham de estar abertas. Eu até gosto de flores, mas fico sempre com a ideia que, bem, podia ter sido outra coisa. A flor de opção para o homem médio é a rosa. A rosa é o equivalente em flores das t-shirts brancas: o clássico, fica bem com quase tudo, mas não faz nada para demonstrar originalidade e imaginação. Sobretudo se forem vermelhas, a dita cor da paixão, e uma só, o número dos forretas. Se fazem questão de oferecer flores, fujam do habitual. Há inúmeras espécies, todas diferentes. Há junquilhos e lírios e gerberas e açucenas e margaridas e narcisos e azáleas e etc. etc. Há a hipótese de um arranjo multicolorido. Ou, se quiserem oferecer uma coisa que dure, uma planta num vaso. Assim quando tiverem de regar a plantita lembram-se sempre de vocês.


Peluches
Aviso desde já que tenho preconceitos com peluches. Como tenho contra os casais que se vestem de igual e que se chamam de 'more ou de "fofinho(a)". Acho que é dar uma espécie de menoridade intelectual a quem ama. como se amar implicasse obrigatoriamente uma regressão à primeira infância. Mas prontos, são gostos. Se tiverem mesmo, se se virem irremediavelmente compelidos a oferecer um peluche, pensem no tamanho. Maior não é melhor, porque se ela insistir em o ter em cima da cama, menos espaço sobra para vocês, o mesmo se aplica a se já tiverem 778.


Electrodomésticos
Os electrodomésticos NÃO são presentes que se apresentem, nunca. São uma coisa para a casa. Se não lhes passaria pela cabeça oferecer-lhe um sofá novo para a sala ou as compras do mês, porque raio acham que um micro-ondas ou um ferro de passar serve? É como se ela tivesse só a dimensão de dona-de-casa e não e mulher. E acreditem, nenhuma mulher gosta de pensar em si mesma como a dona de casa. Se as coisas fizerem mesmo falta comprem depois, nunca no aniversário e nunca, mas nunca mesmo, no dia dos namorados.


Lingerie
Oferecer lingerie não tem malzinho nenhum, e tem o bónus adicional e sabermos o que vos custa comprá-la. Uma mulher não tem problema nenhum em comprar boxers, já um homem fica envergonhado e constrangido, tem sempre o terror secreto que achem que é para ele. Acreditem, entrem numa loja de lingerie com confiança, ninguém vai achar que são drag queens ou têm fetiches esquisitos. Os números de soutiens e cuecas ainda não vêm marcados com o mais ou menos como as suas,falado para a empregada, assim (fazendo o gesto redondo com as mãos) ou enchem mais ou menos a minha mão. Façam o trabalho de casa e leiam a etiqueta da lingerie que elas já têm, evita muitos enganos caros e, sobretudo, muitas vergonhas. Capacitem-se ainda que há mais cores que o preto, o vermelho ou o branco, e que o vermelho só muito raramente evita parecer rasca.


Perfumes e Chocolates
Se detestam o cheiro dela, não se arrisquem a escolher um perfume mais ao vosso gosto, levem-nas convosco e cheguem a um acordo, ou correm o risco de ela não o usar. O tamanho é geralmente inversamente proporcional à qualidade. Se é grande e barato não deve ser grande coisa. Os perfumes são caros, é um facto da vida. Escolham o perfume que ela usa sempre, é valor seguro e satisfação garantida. Chocolates sim, desde que não espanhóis e/ou acompanhados com bocas de como já está gorda que chegue.


Livros e CDs
Não partam do princípio que se é livro de gaja e está na moda, ela vai gostar de ler. Perguntem. E a CDs, se desprezam a música que ela ouve, colonizem-lhe o gosto com calma, mas não à bruta. Se ela ama Mariah Carrey não vai aceitar com prazer o melhor da Diamanda Galás ou dos Muse. Ofereçam uma coisa no meio-termo, pois vão ter e ouvir também o que lhe ofereceram. Convém que seja uma coisa que não os deixe passados da cabeça. Ou a ela.


Por último, as melhores prendas são as inesperadas, só porque sim, e as personalizadas, aquelas que vão directamente de encontro aos interesses delas. Um presente certeiro é igual a uma mulher grata, e, por conseguinte, a um namorado devidamente recompensado...

segunda-feira, novembro 13, 2006

Feministas Eméritas

Emily Dickinson

"Remember if you marry for beauty, you bind yourself all your life for that which perchance, will neither last nor please you one year: and when you have it, it will be to you of no price at all."

quinta-feira, novembro 09, 2006

Eye Candy

(não só é agradável à vista, como um dos meus actores preferidos, participando em nada mais que cinco do meu top twenty de filmes preferidos)

segunda-feira, novembro 06, 2006

Conselho nº 8- Doseiem os ciúmes

Pensem nos ciúmes, meus queridos, como um sabonete molhado no duche. Se apertamos demais foge-nos da mão, se apertarmos de menos também não conseguimos segurar. A questão está na parte mais difícil: o meio-termo.
Cada casal tem a dose diária de ciúmes recomendada, como as vitaminas. Não vão na treta new age da liberdade e do peace and love e mais não sei o quê. Quem ama, tem ciúmes. E tem ciúmes por uma coisa muito simples: sendo o nosso ser amado a coisa melhor do mundo depois da invenção da roda, é óbvio que nos querem ficar com ele. E logo nós, que mal acreditamos que fomos escolhidos por ele(a). Esta parte é natural, saudável e benéfica à relação. Eu própria não gosto que me deixem o coração ao deus-dará e não me peçam explicações, pois começo logo a pensar que não olhar sequer para um homem na rua ou rebolar no feno com toda a equipa de futebol de Vila Nova de Lado Nenhum vai dar ao mesmo. Uma pessoa sente-se positivamente abandonada... No entanto...
Um homem ciumento (ou uma mulher, que este post é unissexo) é insuportável. Conheço gente que, quando está cheia de ciúmes deixa as técnicas de interrogação da GESTAPO a milhas de distância. Onde estiveste? E com quem? Quanto tempo? É tudo medido, espiolhado, investigado até encontrar as provas evidentes da perfídia do ser amado. É o chamado amor tango, faca na liga, o amor canalha, que mata o amor como se lhe cravasse uma faca, ali mesmo, de morte matada e não de morte morrida.A questão nisto é encontrar a força devida no segurar do sabonete dos ciúmes. De que gosta a vossa mais que tudo? O que suporta? Conheço mulheres que não passa sem uma boa cena de ciúmes semanal, com choros e arrancar de cabelos e acusações mútuas para depois fazer as mais doces e apaixonadas pazes. São gostos. Há outras que detestam seja que dose de ciúmes for, ficando realmente furiosas com a insinuação de que possam ser infiéis, desembocando essas relações com o ciumento invariavelmente num belo par de patins. Assim, meus amigos, a moderação é a palavra de ordem.
Mas como, perguntam vocês, chegamos nós ao meio-termo? Isso, meus amigos, é uma excelente pergunta que mereceria uma excelente resposta, eu por mim, não sei. Posso é deixar-lhes umas dicas de bom senso, obtidas após anos de experiência no terreno:
- tenham confiança em vocês mesmos. Mesmo sendo ela a criatura que é e que tanto amam, escolheu-vos. Alguma coisa viu em vocês que a fez escolher-vos e não todos os milhares de homens desejosos de se apossar dela. Como amá-la não os fez perder qualidades, confiem que ela vai continuar fiel. Pensem em vocês como detergentes: se o que encontraram é eficaz e lava mais branco vão ser fiéis à marca, mesmo com o assédio agressivo das outras todas.
- Tenham confiança nelas. Vai ter de ser, meus amigos. Se a amam vão ter de confiar nela. É assim mesmo, uma pessoa capaz de trair não é lá muito boa pessoa. Se acham que ela é honrada e honesta, que é uma pessoa de bem, vão ter de confiar que o seja sempre, sobretudo com o vosso coração e com a relação que mantêm.
-Usem a cabeça. Muitas vezes os ciúmes são como as bruxas, não acreditamos nelas, mas que as há...há. Assim, usem a cabeça. Em vez de partir para o confronto directo, nomeadamente esmurrar a cara do atrevido que a quer roubar até se tornar uma papa informe e sangrenta, a forma inteligente e elegante de lhes cortar as vazas. Quando andava no oitavo ano, uma mocinha aproximou-se do meu namorado da altura com o pretexto que não percebia nada de inglês, para ele a ajudar. O golpe era velho e óbvio. Claro que em vez de a esmurrar ou lhe puxar os cabelos (sempre achei pouco edificante andar à pancada, sobretudo por causa de um homem) me ofereci, quando ele não estava, para a ajudar eu. Passei a guardar-lhe o lugar e a ser a melhor explicadora que há à face da terra, a rapariga esse período chegou ao quatro, e a certificar-me que não ficava sozinha com ele. Evitei o confronto e os possíveis danos e ainda ajudei, um três em um, portanto. Usar a cabeça resulta melhor que os punhos, acreditem.
-Não fervam em pouca água. Antes de acusar a desgraçada de seja o que for, certifiquem-se que têm motivos para a acusar. Não digo que façam de vocês parvos, mas tenham provas materiais, e não imaginárias, para fazer as acusações, ok?
-Controlem os ciúmes delas. Se vocês não lhes fazem a vida negra com ciúmes, não permitam que façam a vossa impossível. Isto aqui é uma coisa recíproca. Um equilíbrio. E vivam os ciúmes como o tango: três passos para a frente, dois para trás, meia volta e já está.

quinta-feira, novembro 02, 2006

Feministas Eméritas

Bette Davis

"The male ego with few exceptions is elephantine to start with. "

Eye Candy


William Bradley Pitt

segunda-feira, outubro 30, 2006

Conselho nº 7- Sejam Honestos

"Once inside a womans heart
A man must keep his head
Heaven opens up the door
Where angels fear to tread
Some men go crazy
Some men go slow
Some men go just where they want
Some men never go"
Bob Seger, Shame on the moonlight

Meus amigos, depois de lhes ter dado conselhos a propósito dos inícios e dos meios das relações, resolvi alargar o âmbito dos conselhos. Hoje vamos falar dos fins e da vida em geral.Ser honesto, meus caros, é um excelente princípio para a vida. No geral é sempre preferível ser-se honesto a ser-se fingido, a não ser que se seja cruel, porque, como diz a Blanche Dubois no Eléctrico Chamado Desejo, a crueldade deliberada é a única coisa verdadeiramente imperdoável. O que se tem constatado é que a honestidade nem sempre é um princípio automático nas relações. Conheço homens honestíssimos, incapazes de se aproveitar de alguém ou se apropriar de um tostão indevidamente e que são trapaceiros de marca maior com as namoradas. Mas vamos por partes.
A honestidade, meus caros, deve começar logo no princípio da relação. Apesar de a vossa mente funcionar no esquema da simplicidade instintiva, façam um exercício de auto gnose. O que querem da relação? É sexo? É amizade colorida? É namoro sem complicações? Estão mesmo apaixonados? Seja qualquer que seja a resposta, transmitam-na com toda a clareza à interessada. É que nós, meus caros, somos, nessas questões, muito mais facilmente simples. Aquilo que sentimos e o que queremos de uma relação está definido quase logo quando ela começa, se não mesmo antes. Sabemos exactamente onde queremos que a coisa chegue e, lamento informá-los, a maioria das vezes é o mais longe possível. Depois dos primeiros entusiasmos da adolescência em que tudo é muito confuso, sobretudo as relações, as coisas simplificam-se extraordinariamente. Sabemos se a pessoa em questão vai ir de vela dali a um mesito ou se começamos a escolher entre recepção formal ou informal para o casamento. Não se assustem, é mesmo assim. Por isso mesmo é do vosso melhor interesse não criar falsas expectativas às raparigas. É mais complicado e difícil fazer isto, porquanto vão ter de dizer ao sabor da semana que só querem meia dúzia de reboladelas no feno e goodbye Maria Ivone, podendo perder uma companheira de cama perfeitamente aceitável. Sim, vão ter de fazer o papel de sacanas egoístas e superficiais, mas se é o que querem vão evitar muitas chatices lá para a frente. E se arranjarem, com a vossa honestidade, alguém disposto ao que vocês querem, tempos satisfatórios e agradáveis se aproximam, sem espinhas no fim.
Outra área em que devem ser honestos é com as vossas amigas, colegas, amigas das irmãs e etc. Não joguem joguinhos emocionais com as desgraçadas. Não pensem que lhes estão a alegrar a vida solitária com o vosso flirtzinho inocente. Não sejam arrogantes. Primeiro, porque podem elas efectivamente não precisar desse flirt, e depois, se precisam, a vossa atitude roça, mais uma vez, na crueldade deliberada. Por mais que vos satisfaça o ego ter alguém que tenha fraquinhos por vocês, é mais uma vez fútil, egoísta e superficial criarem falsas expectativas a pessoas que não têm intenção nenhuma de algum dia virem a ligar. Para nós, as mulheres, esperar por um homem é como esperar por o autocarro 45 num dia de chuva. Nunca mais vem mas ali estamos porque estar à chuva é pior. Libertem-nas para esperar por um autocarro que efectivamente passe por ali, como o 09, ou um táxi e irem para casa tomar um banho quente.
Sejam honestos com vocês mesmos e com a relação que têm. Se amam e respeitam a vossa namorada ou esposa, tratem-na com o amor e respeito que lhes dedicam. Se lhes apetece pular a cerca frequentemente é porque não estão preparados para o compromisso que assumiram com ela. Acabem a relação com honestidade ali e façam o que quiserem depois. É pior para uma mulher achar que está tudo bem e saber que foi traída. Apanhar o marido ou namorado com outra é foleiro e de mau gosto, para já não falar que irá haver choro e ranger de dentes, como diz a bíblia. Se assumiram um compromisso, respeitem-no. Se não são capazes de o honrar, acabem com ele. É assim que fazem as pessoas de bem.Não deixem as coisas prolongar-se e arrastar-se se virem que as coisas estão mal. É difícil ser-se o mau da fita, sobretudo quando gostam de passar por heróis de capa e espada da vossa dama. Às vezes tem de ser. Pensem no Homem-Aranha. Pensem no Super-Homem. Que herói digno desse nome andaria a alimentar uma relação sem futuro? Nenhum, sucumbiriam às pressões do seu próprio código de ética. Se querem ser super-heróis ajam como um.
Por último, não escondam os vossos sentimentos. Se gostam, digam, se não gostam, digam. Não recalquem as coisas. Por mais que doa e possa correr mal, manter as coisas dentro faz mal. Desopilem. As mulheres, por mais perceptivas que sejam ainda não conseguem ler mentes. Vão ver que se sentem melhor

quinta-feira, outubro 26, 2006

Feministas Eméritas


"I only have 'yes' men around me. Who needs 'no' men? "
Mae West

Eye Candy


George Clooney

segunda-feira, outubro 23, 2006

Conselho nº 6- Sejam diplomáticos

A verdade é que o conselho original era "Sejam Cavalheiros", mas a verdade é que é um conselho difícil de dar, porquanto homens e mulheres têm noções diferentes do que isso implica. Enquanto nós pensamos em galanteria e abertura de portas, puxamento de cadeiras ao jantar e oferta de guarda-chuvas quando chove vocês pensam na necessidade extrema de proteger as mulheres não as deixando ir sozinhas a lado nenhum e explicando-lhes as coisas como se tivessem três anos e uma evolução cognitiva abaixo da média. Assim, em vez de cavalheirismo, que parte demasiadas vezes do princípio de que somos seres cheios de humores contraditórios e feitos de vida ofereço o compromisso politicamente correcto das Nações Unidas: sejam diplomáticos.
Com ser diplomáticos quero eu dizer que pensem duas ou três vezes no que dizem em vez de deixar sair os comentários da boca como o malfadado TGV. Nós as mulheres, apesar de não sermos uma massa de hormonas ingovernáveis, ou pelo menos não mais que vocês, temos alguns pontos sensíveis, muito facilmente melindráveis por comentários insensíveis. Eu sei que a maioria das vezes não fazem de propósito, reagindo com um incrédulo"Quê, mas que é que eu disse?", mas a verdade é que o que quer que seja já saiu e depois é uma trabalheira. Ou é preciso horas de desculpas por uma coisa que ou não se lembram o que foi ou que foi perfeitamente inócua, ou em casos mais graves uma visita à florista, à loja de lingerie (e qualquer homem sabe perfeitamente a provação horrorosa que isso pode ser), à bomboniére ou à agência de viagens. Podem ter de dar por vocês a falar hoooooooooooooooooooooooras de sentimentos íntimos com elas, ou pior, com as amigas/irmãs/mães delas se a boca foi realmente desastrada. Não seria muito mais fácil, económico, doloroso, prevenir tudo isto? Pois é, meus amigos, a diplomacia compensa.
O aspecto é uma coisa que uma mulher é sempre muito sensível. Tudo o que lhe diga respeito pode ser uma mina terrestre hipersensível. Assim, quando ela perguntar se está bem assim, digam que está perfeita. Não o digam como se fosse um frete, no sentido do "sim, sim, mas despacha-te de uma vez com isso", mas sim como se o sentissem mesmo. Treinem ao espelho se mentir não for muito fácil para vocês. Podem sempre dizer "realça muito os teus olhos", mesmo que esteja vestida de roxo da cabeça aos pés. Cai bem e ganha-vos pontos. Se a resposta for honestamente não, e ela parecer uma maltrapilha vestida com as coisas que vão para os contentores de doações para África ou qualquer coisa no género digam... "está frio/calor lá fora, acho que essa roupa não é muito confortável", "porque não usas aquela roupa que te ofereci nos anos" ou " não tens um casaco comprido?". Se ela insistir, mudem de planos. Em vez de ir para aquele bar chiquésimo ouvir jazz ou sair com os amigos digam que querem estar a sós com ela e levem-na a namorar à beira-mar ou a um sítio remoto e pouco frequentado onde não os conheçam. A vergonha é menor e, mais uma vez, ganham pontos pelo gesto romântico inesperado.
Se acharem que a vossa namorada está a ficar um pouco mais "cheiinha" (nunca usem a palavra gorda mesmo que elas a usem primeiro, é um anátema para as mulheres mais sensíveis, apesar de ser um adjectivo qualificativo simples sem ofensa incorporada), usem formas inventivas para a fazer notar. Convidem-nas para fazer exercício convosco, caminhadas ou natação, não o futebol da quarta-feira à noite com os amigos, claro. Levem-nas a dar passeios a pé ao fim de semana. Aprendam a fazer saladas giras e saudáveis. Mudem igualmente de hábitos em vez de minar a dieta delas, tristes e debruçadas sobre a salada com vocês a comer pizza. E por favor, não sejam fúteis. Se a desgraçada ganhou o peso a ter um filho é uma mulher muito ocupada e insegura com o seu aspecto físico, insegura como mulher. Não precisa que o pai do rebento lhe diga que parece uma vaca leiteira (mesmo que elas o digam primeiro e mesmo sendo uma expressão perfeitamente descritiva sem insulto incorporado).
Por último, sejam inteligentes com os defeitos delas. Se são naturalmente ciumentas, façam com que elas confiem em vocês. Ignorem o mulherio circundante (sei que está na massa do sangue masculino, mas olhar discretamente em vez de olhos esbugalhados nunca fez mal a relação nenhuma). Se são atrasadas, marquem para uma hora mais cedo que a ideal e assim está pronta à hora que precisam sair. Escondam a edição da FHM com a Carla Matadinho. Melhor pensando, leiam a FHM na hora do almoço e babem o que quiserem o exemplar mas não levem a revista para casa. E digam-lhes que as amam. Sim, as mulheres são parvas o suficiente para perdoar quase tudo se o disserem de forma convincente.

quarta-feira, outubro 18, 2006

segunda-feira, outubro 16, 2006

Conselho nº 5- Colaborem

Meus amigos, todos sabemos que a convivência a dois é uma espécie de campo de treino do exército, mas com granadas a sério escondidas que podem explodir a qualquer momento e deixar atrás de si dor e devastação. Cabe aos dois membros do casal fazer com que as granadas expludam o menos possível e os fogos de artifício o mais que se conseguir.
Nesta filosofia vem o meu conselho número cinco, trazendo assim a meio o rol de conselhos para melhoramento geral da espécie masculina e do nosso bem-estar universal. Meus amigos, colaborem.Se a vossa mais-que-tudo não trabalha, dedicando-se alegremente às alegrias do bom governo da casa enquanto vocês trabalham, têm alguma desculpa para não ajudarem. Se pelo contrário a dita moça trabalha, aí, meus amigos, estão tramados, têm mesmo de dar uma mãozinha em casa.
As mulheres, meus queridos, não têm o instinto natural da arrumação da casa, não nasce connosco, como não nasce connosco o amor por sapatos de salto alto. É inculcado em nós ou então posto perante nós como não havendo mais remédio senão fazê-lo. Assim, repensem a vossa atitude.Fingir que não sabem fazer não é desculpa que se apresente.
Se os chimpanzés podem ser treinados a reciclar vocês também podem aprender a aspirar ou lavar a louça. Sabotar o trabalho é indigno de vocês como membro da humanidade. Não ponham meias vermelhas na máquina de roupa branca, não partam pratos de propósito, não limpem os vidros com o amaciador da roupa. Primeiro, é vergonhoso aproveitar-se da credulidade da criatura maravilhosa que está convosco, que é obrigada a trabalhar o dobro e estar menos disponível para actividades lúdico-desportivas, como reboladelas no feno. Segundo porque aquelas de nós mais espertas ou menos cegas pela paixão vão mais cedo ou mais tarde topar-vos podendo chegar a retaliar na mesma moeda. Gostavam que vos queimassem as camisas todas com o ferro? Que vos dessem a comer em pratos de papel porque os de louça estão todos partidos ou sujos? Que deixassem a pilha de roupa até se equiparar a um Evereste fétido e sujo e não sobrar uma única meia?É chato terem de fazer coisas, concedo. Nós próprias também achamos. Mas enquanto não modificarem geneticamente os pratos de modo a que saltem eles sozinhos para a pia e tomem uma bela banhoca, o que tem de ser, tem de ser. Viver atolado na imundície com a casa a cheirar a meias sujas nunca será uma opção aceitável.Se por acaso lhes tocar uma criatura que gosta do trabalho de casa, levantem as mãos para os céus e agradeçam de joelhos, mas ajudem à mesma. A vossa companheira de casa, a mãe extremosa dos vossos filhos merece não chegar a casa e deparar-se com ela de pantanas, merece não ter mais umas seis horas de trabalho depois do dia inteiro a tratar das vossas coisas e dos rebentos. É exaustivo. Mata o romance. Se acham que não experimentem passar a ferro a roupa toda de uma família média de uma semana, que é coisa para demorar umas cinco horitas de pé, e vejam a vontade que têm depois de brincar aos médicos e enfermeiras.
Se não ajudarem e elas não protestarem, ao menos não empatem. As coisas têm os seus lugares habituais. Eis algumas verdades que convém saber e lembrar:
-o lugar das latas e garrafas de bebidas é no frigorífico; o lugar das latas vazias e das garrafas vazias não é no frigorífico nem na sala, no sofá ou em cima da televisão, é no lixo, separados para reciclar;
-o papel higiénico não nasce por geração espontânea no rolo, nem é lá posto por duendes felizes e verdes. Aprendam o lugar onde se guarda, substituam-no se acaba;
-Se quiserem manter um registo do que interessa nos jornais desportivos, recortem as notícias e façam um scrapbook. Não, repito, não os coleccionem empilhados na sala. Eles também podem ir para o lixo para reciclar. O mesmo é válido para todos os números da national geographic, da men's health, da focus e da FHM. Com ou sem Carla Matadinho;
- na cozinha existe uma coisa com um ou dois buracos côncavos, tipicamente de alumínio ou louça chamada banca. A louça suja vai para aí. Se quiserem brilhar, ponham-na na máquina de lava;
- as meias têm por hábito estar guardadas em gavetas, os sapatos nas sapateiras, o restante vestuário no armário. Se tirarem todas para procurar alguma em específico, voltem a pôr no sítio;
-até à data ainda não foram inventadas banheiras com sistema de auto-limpeza nem pelos voadores que, barba desfeita, voam para o caixote do lixo. Os duendes felizes e verdes também não se ocupam disso. Se sujarem, deixem limpo.
Por último, e se estiverem mesmo determinados a não mexer uma palha e a não aturar nem um único resmungo, ou encomendam uma noiva vietnamita por catálogo ou se oferecem para pagar uma empregada. E coíbam-se de dizer que é um desperdício. Aqui, meus caros, a palavra de ordem é colaborar. Para chatear a cabeça às vossas mais-que-tudo já basta a vida de todos os dias.

quarta-feira, outubro 11, 2006

Histórias de fadas para meninas más

Nunca, mas nunca menosprezem o ego de um homem: mesmo despido acha que está sempre bem.

terça-feira, outubro 10, 2006

segunda-feira, outubro 09, 2006

Conselho nº 4- Sejam românticos


Num mundo ideal, em que os homens e as mulheres falassem a mesma língua e vivessem na mesma civilização, este conselho era perfeitamente desnecessário. Não precisava de lhes dizer, meus caros leitores, para serem românticos porque isso lhes sairia naturalmente. Desgraçadamente os únicos sítios em que os homens são naturalmente românticos é nos romances cor-de-rosa e nos filmes antigos, ou seja, em universos perfeitamente ficcionais cuja semelhança com a vida real é perfeita coincidência.Se vocês gostam de se sentir fortes e admirados pelas mulheres que têm ao lado, nós gostamos de nos sentir especiais. Numa sociedade em que os homens são encorajados a ter o maior número de mulheres possíveis e as mulheres a ter o menor número de homens, nós gostamos de saber que somos especiais entre o maralhal de mulheres avulsas que vos caiu aos pés (e sendo vocês manifestamente únicos e especiais têm de ser muitas). Queremos, muitas vezes de uma forma perfeitamente irrealista, saber que somos especiais. Esperamos grandes gestos. E mesmo que no vosso íntimo saibam que não somos, podiam ter a delicadeza de nos fazer sentir queridas e não como se estivéssemos ali a fazer o jeito, que como nós podia ser outra qualquer (como é, muitas vezes, para nossa infelicidade).
O que é realmente engraçado, é que mesmo nas ocasiões em que estão sinceramente apaixonados e idolatram o chão que a mulher da vossa vida pisa, os gestos românticos continuam a não sair. A cultura masculina, para além de vos incentivar à pesca de mulheres por arrastão, (em grandes números), em vez de à linha (em pequenos números não lesivos ao equilíbrio da espécie), também incentiva à circunspecção e ao controlo emocional. Resumindo, ser romântico é uma coisa de gajas e o vosso objectivo é mais a satisfação sexual que a emocional. Quando uma relação falha por falta do componente emocional ficam perplexos, pois aparentemente, ou seja, na cama, tudo corria bem.Sexo, meus amigos, não é romance. É uma parte dele, mas não o todo. Demonstrarem às mulheres o quanto as desejam, apesar do agradável que costuma ser, não equivale a uma declaração de amor, porque nós sabemos bem demais como conseguem separar perfeitamente uma coisa da outra. E não protestem, porque foram vocês que nos provaram isso por A+ B ("Não significou nada querida, foi só sexo"reconhecem a frase?).Assim, se valorizam a relação que têm e a querem conservar forte e saudável, sejam românticos. Podem recorrer aos métodos clássicos e testados com sucesso por gerações de homens, como um jantar romântico inesperado, umas flores, uma carta (e-mails e sms também contam), uns chocolatinhos (desde que se coíbam de dizer que ela não os precisa porque já está gorda que chegue, bem entendido), um passeio de mãos dadas (excelente por ser ecológico, económico e despretensioso), um pequeno-almoço na cama...
Se os métodos clássicos não os satisfazem, podem sempre fazer um pouco de trabalho de pesquisa. Em vez de ignorar olimpicamente o filme de cada vez que elas os arrastam para mais um filme de gajas, prestem atenção. Vejam as reacções delas. Se elas suspirarem ou resmungarem um "porque é que nunca dizes/fazes estas coisas", acharam romântico. Tomem nota mental (ou escrita se sofrerem de problemas de memória crónicos como os do conselho anterior) e adaptem às vossas necessidades e circunstâncias. Oiçam um pouco da música que elas gostam, sobretudo o mais meloso e delicodoce, costuma ser uma fonte inesgotável de inspiração para tiradas românticas espontâneas (cof cof) e para cartas.Se se acharem com forças, improvisem. Façam o inesperado, mostrem-lhes que mesmo passados os primeiros tempos ainda as amam e ainda são especiais. Invistam em grandes gestos, façam serenatas, levem-nas a dançar cheek to cheek mesmo que tenham dois pés esquerdos, elas podem ficar com os pés negros, mas com o coração cheio ficam de certeza. No amor nunca existe ridículo, a não ser que tentem imitar o beijo invertido do homem aranha à chuva, porque isso também já é exagero, ou os bracinhos estendidos do Titanic, para os quais já não há paciência...

sexta-feira, outubro 06, 2006

Histórias de fadas para meninas más


A mania que têm de nos proteger dos sitios sombrios e dos lobos maus... Terão medo que nos consigamos divertir um pouco?

quinta-feira, outubro 05, 2006

Eye Candy


Steve McQueen
(a pedido de muitas famílias)

quarta-feira, outubro 04, 2006

Conselho nº 3- Falem com elas


Se bem que quem dava o conselho no filme do Almodôvar era um moço ligeiramente perturbado da cabeça (para não dizer muito), o conselho é excelente. falem com elas.Compreendam uma coisa: monossílabos e grunhidos de assentimento não contam como conversa. Dizerem hum hum e claro ou até o mais articulado "tens toda a razão" não só não conta como uma conversa como os pode meter em sarilhos consideráveis. Se uma mulher estiver irritada e quiser discutir, ou deprimida e quiser desabafar, um ou outro som gutural da vossa garganta vai apenas irritá-la. Não encarem o "precisamos de falar" como uma condenação e um castigo mas sim como uma oportunidade de ficarem a conhecer melhor a pessoa com quem dividem a vida. Falem com elas como se, efectivamente, se importassem com o que elas estão a sentir. Se não as ignorarem podem ver os sinais de alarme ao longe e tentar resolvê-los, porque se o fizerem o mais provável é serem apanhados de surpresa com coisas como, "acho melhor darmos um tempo", ou, "fiz as tuas malas e vai-te embora", ou ainda "estou apaixonada por outra pessoa". Lembrem-se sempre: uma mulher feliz e realizada numa relação dificilmente se põe à procura de coisa melhor. É para vosso próprio bem. Ou pensem bem no vosso passado: quantas vezes usaram o golpe do compreensivo e do bom ouvinte para conseguir uma miúda? Precisamente.Lembrem-se, também, que os telemóveis foram feitos para falar, não para mandar telegramas. Mesmo com a vida cara como está podem dar-se ao luxo de falar com elas mais que dois ou três segundos, a sério. As mulheres são seres secretamente preocupados. Cada vez que não têm notícias do homem da vida delas ou o imaginam coberto de sangue, morto numa valeta, com as duas pernas e os dois braços engessados no hospital, impedidos de ligar, ou nos braços de uma mulher qualquer, invariavelmente mais nova/bonita/magra que nós. E quando vocês ligam tarde, obviamente não estão mortos nem engessados. Imaginem a opção que fica. Tentem uma abordagem nova e radical: liguem-lhes e falem mesmo. É outro pequeno truque para aumentar a vossa qualidade de vida. O truque do só liguei para dizer que te amo do Stevie Wonder pode ser velho e lamechas, mas ficarão surpreendidos por ver que funciona 99,9% das vezes.SMS não podem nunca ser considerados como conversa. São uma arma cobarde. Se bem que um ou outro sms fofinho os mantêm nas boas graças femininas, não façam disso sistema. A voz quente do nosso homem é muito melhor que letras num ecran de todas as perspectivas que olhem a coisa.Por último, se virem que a relação está mal, falem com elas. É melhor sabermos o que está a acontecer e estarmos preparadas para o caso de serem vocês a dizer "vamos dar um tempo", "vou sair de casa" ou "estou apaixonado por outra pessoa". Dói menos.Acreditem, o Almodôvar é que sabe, falem com elas. Mesmo.


quinta-feira, setembro 28, 2006

quarta-feira, setembro 27, 2006

Conselho nº 2- Lembrem-se

Meus amigos: o Homem enquanto espécie passou milhares de anos a evoluir até chegar à presente forma. A cada passo a evolução, uma das coisas que se alterava mais era a capacidade cerebral. Os cérebros cresceram e cresceram e cresceram. Em relação às restantes espécies, o nosso cérebro é enorme. Eu sugiro vivamente que o ponham a uso.Porquê, meu Deus, porquê, não conseguem vocês lembrar-se das coisas? Até parece que não vivem no mesmo mundo que nós, horas, datas, coisas, tudo escorre por essas cabeças como um passador e não fica. Tirando dados sobre palmarés desportivos parece que não estão geneticamente predispostos para se lembrarem das coisas. Infelizmente para vocês, já nós é o contrário. Nós lembramo-nos das coisas, sabemos as datas, no geral, sabemos a quantas andamos. Mesmo uma despassarada crónica como eu consegue manter uma noção geral de calendário e passagem do tempo. E fico muito chateada quando se esquecem dessas coisas.Percebam uma coisa: a maioria das mulheres é sentimental. Por mais modernas e desprendidas que sejam as mulheres, por mais que digam que as datas para celebrar o amor são armadilhas de consumismo, se os maridos ou namorados aparecem em casa no dia dos namorados de mãos vazias é bom que tenham uma boa desculpa, ou irão rolar cabeças e não será bonito de se ver. Não é pelas prendas em si, mas sim por sabermos que a pessoa com quem estamos quer celebrar connosco o facto de estarmos juntos. Precisamos de saber que somos lembradas e queridas. É um detalhe, certo, mas para nós os detalhes fazem o grande plano e não os grandes gestos.Outra coisa potencialmente geradora de conflitos é a pontualidade. Adaptem-se um pouco à pessoa com quem estão. Se fizeram o trabalho de casa, como sugerido com conselho número um, sabem se ela é pontual ou não. Cheguem ao meio-termo. Um atraso vosso de meia hora arruína, não só uma boa maquilhagem, como também qualquer hipótese de uma noite romântica decente com reboladela no feno no fim. Se são britanicamente pontuais, atenuem. Arranjar-se demora o seu tempo, e se gostam de nos ter com um aspecto razoável saibam que temos de recorrer a variadíssimas artimanhas e engenhocas que exigem concentração e estratégia. Uma mulher esforça-se.Por último, lembrem-se do que nos dizem. Se fazem promessas, lembrem-se delas e cumpram-nas. Mantenham registos, até porque podem servir como argumentos de defesa em caso daquelas discussões que implicam coisas que vocês disseram há mais de meia hora.Eu sei que às vezes é difícil lembrar-se das coisas todas, datas de aniversários e assim. Mas meus amigos, o ser humano é previdente e não deixa nada ao acaso. Acreditem ou não, já há tecnologia que ajuda. Já existem no mercado e a preços convidativos esses auxiliares da vossa memória coisas como calendários e agendas onde podem registar atempadamente essas coisas. Existem pequenas folhas coloridas e que aderem a diversas superfícies que se chamam post-its e que servem para escrever pequenos lembretes e colocá-los em locais claramente visíveis. Até um objecto comum, como o telemóvel pode cumprir essa função, pois alguns têm a função de agenda e a maioria, desde que posteriores a 1998, a função de alarme e de lembretes. Façam listas. Qualquer que seja a opção que tomem nesse âmbito, vão ver como é muito melhor. A vossa qualidade de vida vai aumentar imenso, acreditem.

terça-feira, setembro 26, 2006

segunda-feira, setembro 25, 2006

Conselho nº 1- Façam o trabalho de casa


Homens, o método de escolha através do bom aspecto e do conforto quando deitados é apenas aceitável nos tapetes. Nas mulheres já não é assim tão confiável. Em certas circunstâncias pode até ser perigoso. Por isso, meus queridos, façam aquilo que as mulheres fazem há gerações: o trabalho de casa.Durante os milénios em que as mulheres tinham casamentos que eram para a vida toda e não tinham forma de escapar deles, escolhiam com muito cuidado. Muito cuidado mesmo. Assim, faziam cuidadosamente um trabalho de pesquisa para evitarem surpresas desagradáveis. Agora que são liberadas e têm por onde escolher, a ideia é mesmo encontrar o melhor dos melhores. Amigos, as melhores polícias do mundo poderiam ter acções de formação com uma mulher. Quando se trata do nosso objecto de desejo, nunca sabemos o suficiente. Tudo é relevante, desde o nome da professora da primária à posição em que jogam quando vão jogar uma peladinha com os amigos e a cor das respectivas chuteiras. Há um manancial de informação a retirar dos sítios que frequenta, das bebidas que gosta. O que quer dizer um homem gostar de bifes mal passados? Que é um ser carnal e selvagem? Que é um apressado crónico em tudo? Depois conjugamos as informações coligidas com o signo dele, o número de sapatos e traçamos a big picture.Quando se trata de escolher potenciais parceiros para mais que uma rápida reboladela no feno, nós as mulheres somos mais frias e objectivas que os homens. Talvez porque não nos deixamos cegar pelo bom ar dos moços. Podemos estar cegas de amor, mas continuamos a querer saber qual é a sua abordagem filosófica às relações de longa duração, se querem ter filhos ou não ou se são, no geral, seres que potencialmente magoar e/ou trair. Mesmo que passem este teste básico, que é a primeira etapa, continuamos a estar interessadas em tudo o que lhes diz respeito. É que para nós, amar é conhecer.Do outro lado da barricada, ou seja, do vosso, nem um quinto destes processos mentais se processa. Respondem a vocês mesmos a três questões: é gira? Quero vê-la mais que meia dúzia de vezes? Quero apresentá-la à minha mãe? Se responderem sim às três, encontraram uma namorada. Desde que ela colabore, claro. Aliás, se a resposta for convincente o suficiente à primeira, o sim às outras duas é só um bónus agradável. Isto não chega.É do vosso melhor interesse fazerem o trabalho de casa. É que, passada a cegueira do desejo dos primeiros anos, e acreditem que passa, aquela vai ser a pessoa com quem vão passar mais tempo. Convém que a consigam suportar, não? Depois, por uma questão de altruísmo, como vão fazer a mulher feliz se não sabem o que a faz feliz? O que gosta? Quais os seus sonhos, aspirações, planos de futuro? É como escolher bolas de bingo. Tanto lhes pode sair o zero como o 99.A sério, não se fiquem pela rama, não sejam superficiais: façam o trabalho de casa.

Ajuda


Caros leitores e leitoras:
Foi-me dado a saber que tenho, ultimamente, exagerado nas diatribes contra a espécie masculina. Reconheço perfeitamente que sim. Como sei também, como as minhas leitoras o sabem, que tentar mudar um homem com sermões é o mesmo que tentar esvaziar uma piscina com uma pipeta. Assim sendo, e no interesse do serviço público eficaz, vou aplicar a regra simplex aqui ao estaminé. Esqueçam a Passionária guerreira feminista de chicote e visualizem a tia Passionária de avental e ar bondoso a fazer tricot enquanto dá conselhos aos seus encantadores mas despassarados sobrinhos. A partir de hoje vou passar a dar uma série de 10 conselhos práticos e ilustrados, benignamente destinados à melhoria geral da espécie masculina. Stay tuned.

Histórias de fadas para meninas más


Raios, pensou a princesa da ervilha, mas porquê, porque não trouxe eu o valium comigo?

segunda-feira, setembro 18, 2006

O sentido de moda masculino



Não é verdade que os homens, no geral, não têm sentido de moda. Eu diria até que antes pelo contrário. O que acontece é que o sentido de moda deles é, digamos, exercido de uma forma diferente daquela que nós fazemos. Enquanto as mulheres gastam muito tempo e energia a estar na moda os homens concentram-se em arranjar uma mulher que o esteja.Os homens não passam a vida angustiados com esta ou aquela peça de roupa que esteja na moda e dê a imagem certa, mas sim numa namorada adequada. Para os homens, as mulheres são como um longo cabide cheio de roupa de todas as espécies. O tipo de roupa que escolherem é que vai ditar o bem sucedidos que são. É que, percebam, como algumas de nós jamais sairiam com as amigas com um trapo velho qualquer, os homens pensam o mesmo das namoradas que têm. O que elas são por dentro é irrelevante, porque, como tudo na vida, é uma questão de aparência. Uns com os outros competem entre si para ver o que tem a namorada mais gira, mais elegante, mais moderna, porque é a namorada que têm que o vai definir. Um homem rico e bem sucedido dificilmente vai andar com uma mulher que lhe seja confortável como um par de chinelos porque isso seria, bem, como andar com um par de chinelos com o seu fato Armani caríssimo. Assim vão arranjar o equivalente a uns sapatos italianos de pele de bezerro recém-nascido feitos à mão por monges carmelitas: a mulher troféu.Ao contrário de muitas mulheres (mas não todas), que passam a vida a tentar encontrar um homem que lhes dê uma relação significativa, os pensamentos de muitos homens (mas nem todos, graças a todos os santinhos da corte celeste) são muito mais superficiais que isso. Tudo o que uma mulher tem de fazer é estar razoavelmente bem e satisfazer-lhe os desejos, mantendo-se no estado geral em que a adicionou ao guarda-roupa. Os céus não permitam que elas ganhem borboto, desbotem, ou, ó anátema, alarguem. É que se alargarem vão ter de ir para o armário e ser substituídas por outras e ir às compras é uma chatice. Nisto também eles são criaturas de hábitos.Tal como muitas mulheres sem juízo nem bom senso, os homens não têm a noção do ridículo nas mulheres. Nenhum modelo está acima da sua idade ou tipo físico, dando o aspecto geral de uma mulher de sessenta enfiada num modelo pensado para uma de vinte. É patético, mas nem por isso deixam de o fazer. É que, percebem, nós, as mulheres, temos a mania que nunca estamos à altura deles. Uma mulher que tenha um homem bonito, ou tem uma dose brutal de autoconfiança (facto raríssimo entre as mulheres), ou morre mil mortes sempre a achar-se feia e desajeitada e que vai ser trocada por uma mulher mais nova, ou mais bonita, ou mais magra ou simplesmente por outra. Os homens não. Tudo se adequa aquele corpinho (independentemente de como o corpinho é) e nada está acima das suas capacidades de ancorar o troféu adequado. Podem ter a modelo mais linda da estação que acham sempre, mas sempre, que podem arranjar melhor (em vez de se benzerem vinte vezes e agradecerem ao destino a mulher maravilhosa que lhes caiu na rifa).Depois, quando finalmente conseguem encontrar o modelo que lhes sirva e os satisfaça, pelo menos naquele momento, o resto das mulheres passa a estar em saldo, ou seja, como nós fazemos, não é que precisemos de mais roupa, mas está ali e é barata e aproveitamos a oportunidade.Felizmente, e para se redimirem, há alguns homens que mantêm o seu próprio sentido de moda e escolhem uma mulher sem estes modismos todos. Esses são os melhores, mas raros. Tal como a peça perfeita de roupa, aquela que nos assenta bem, é confortável e nos torna incrivelmente elegantes, são um num milhão. Mas são os melhores, os únicos que valem a pena...


terça-feira, setembro 12, 2006

Histórias de fadas para meninas más


A Pequena Sereia

Tanto esforço, pensa a pequena sereia, para ter os meus pés e ele deixa-me por uma com os pés maiores... É mesmo à gajo!

segunda-feira, setembro 11, 2006

Eye Candy



Johnny Depp

O Gene cosedor de meias

Não importa o moderna, o liberada, o feminista que uma mulher é, chega sempre aquela altura na história das relações em que é traída pelo seu gene traiçoeiro, aquele que achava que não tinhamos mas aí está, o gene cosedor de meias. Quem diz cosedor de meias diz preparador de refeições, passador de camisas, etc. etc. As mulheres não conseguem evitar tomar conta do homem com quem estão.
Implantado traiçoeiramente no código genético está (ou melhor, tem de estar) aquele gene que nos atraiçoa, e por mais que juremos não ser umas mulheres a dias sem pagamento, por mais que juremos implantar uma estrita política de tarefas a meias com escalas e tudo, quando damos por nós estamos a passar amorosamente uma camisa, escovar um casaco, fazer uns petisquinhos para satisfazer o nosso homem. É odioso, mas a domesticidade apanha-nos como um murro no estômago, e por mais que achemos que não, se o nosso namorado ou marido sair com uma meia de cada cor porque a roupa não foi lavada ou dobrada e arrumada a tempo, não conseguimos evitar aquele aperto do estômago de pura culpa de não tratarmos bem dele.
O gene cosedor de meias funciona propulsionado por duas coisas essencialmente femininas: a territorialidade e a culpa. Já disse antes, as mulheres são territoriais, e nada é mais nosso território que o nosso homem. Ninguém é de ninguém, já diziam os Delfins, mas há algumas pessoas que nos pertencem mais que as outras. E não tenham ilusões, se pudéssemos construir uma vedação electrificada que deixasse o cabelo em pé a cada roubadora de maridos ou namorados, fá-lo-iamos. Para isso servem as alianças que os homens insistem em tirar, que se pudésseos mandar emitiriam luzes e uma sirene cada vez que alguém com segundas ou terceiras intenções se aproximasse.E aceditem, décadas de feminismo militante e convicto não nos cura. Nós também temos os nossos instintos.
Depois, podemos sempre contar com a culpa. A culpa é dada de beber às mulheres com o primeiro leite. Reforçada pelas mães mais ou menos submissas que tivemos (se bem que pôr submissa na mesma frase em que me refiro à minha seja um bocado liberdade poética). Reforçada pela sociedade no geral. Acabamos sempre por pensar que a culpa é nossa se não fazemos algo, se fazemos é ainda pior.
Um homem que trabalhe não tem problemas em ir numa viagem de negócios sem os filhos. Uma mulher sim. Sou capaz de apostar um balde de gelado Haagen Daz de sabor à escolha que a desgraçada passará o tempo todo a achar-se uma péssima mãe. O gene cosedor de meias entra então em acção. Subitamente não é só o filhos. É o pobrezinho do marido ou do namorado que não sabe cozinhar e vai ter de recorrer aos congelados, que sozinho só come porcarias e vegetais são uma lembrança remota. É a roupa que ficou por passar, incluindo as calças preferidas dele. É a casa que ficou desarrumada e ele não sabe onde está nada (panos do pó, aspirador e esfregões da louça sobretudo). Sabe de fonte segura o que vai encontrar quando chegar a casa: uma visão do inferno.
O gene cosedor de meias é inescapável. Inevitável. Sem nós, quem evitará que ele vista as calças azuis com a camisa verde? Ninguém. Sem nós para lhes passar as camisas, quem evitará que ande pela cidade fora a parecer que foi atacado por uma matilha de cães selvagens? Ninguém. É um trabalho duro, mas alguém tem de o fazer.
Assim, o melhor a fazer é ir com a maré. Tem de ser. Podemos (e devemos) lutar contra isso mostrando aos homens das nossas vidas que há diferenças essenciais e inconfundíveis entre nós e as mães deles e entre nós e a mulher a dias. Mas enfrentemos as realidades como elas são: não é natural gostar de tratar do que é nosso? Não tratamos e cuidamos bem a nossa roupa, as nossas coisas, os nossos sapatos? Um namorado não é ainda melhor e mais valioso que a nossa colecção de sapatos (sim eu sei, alguns não são, mas enfim)? E depois, às feministas mais convictas podemos sempre dar a desculpa perfeita, não podemos evitar, está-nos na massa do sangue...

quinta-feira, setembro 07, 2006



Gael Garcia Bernal

(Até o nome soa bem...)

quarta-feira, setembro 06, 2006

Os meninos da mamã e as mamãs dos meninos



Na eventualidade encontrarmos um homem aceitável, sem defeitos demasiado visíveis, sabemos que a batalha ainda não está ganha. É que quando ficamos com uma pessoa vêm com ela uma data de pessoas, uma delas sendo a mamã deles.Se há alguma coisa que os meninos gostam e respeitam é a mamã deles. E têm razão para isso. Afinal, quem os alimentou e tomou conta eles, quem lhes lava a roupa e lhes faz comidinha até terem trinta? Elas. Amam os filhinhos até ao exagero e nunca ninguém será bom o suficiente para o seu príncipe. Aos olhos delas nós é que somos as sapas, e sem qualquer possibilidade de algum dia nos transformarmos em princesas.No fundo, tudo isso é uma questão de território. Nós as mulheres somos tão territoriais que fazemos parecer qualquer despique masculino um desentendimento entre duas freiras acerca do tipo de flores com que enfeitar o altar.Uma sogra média, ao ter uma nora não ganha uma filha, e sim uma guerra. E sejamos realistas, as sogras estão em vantagem. Conhecem bem o território, estão em vantagem numérica e muito melhor armadas que nós. Afinal, criaram-nos e têm a vantagem de terem filhos que acreditam cegamente que elas só querem o melhor para eles, sendo que o melhor nunca somos nós. Uma mulher com pouca auto-estima pode até ficar destroçada. Depois, do outro lado da barricada estamos nós. Alerta e prontas para ferrar quem tentar tirar o nosso homem. E as mães são outras mulheres dispostas a tirar os filhos das nossas garras, para o bem delas, claro. Todos sabemos que, nesta circunstância a luta não será bonita, ou justa. E invariavelmente nunca é.Qualquer sogra inteligente sabe que não ganha nada em atacar de frente. Depois de todo o choro e ranger de dentes, os filhos delas, por mais que amem as mamãs, voltam para casa com as mulheres ou namoradas, e por mais dilacerante que seja, dificilmente acabarão uma relação com quem gostam para fazer a vontade à mamã. Mesmo nunca passando da adolescência, até os homens têm limites para o grau de infantilidade a que descem. Restam então duas estratégias: a do desgaste ou a da sabotagem. A do desgaste já todas sofremos na carne, que a carne está seca ou insossa, que decoração é feia, que gerimos mal a casa, que filho está magro como um caniço (mesmo que tenha engordado como um texugo desde que está connosco), que não temos gosto and so on, and so on, and so on. A da sabotagem é para as sogras realmente inteligentes. Mesmo sendo as nossas melhores amigas e as criaturas mais doces do mundo, têm sempre uma ou outra palavra a dizer ao filho nas nossas costas, semeando a discórdia e a dúvida. É a técnica do bombardeamento cirúrgico dos ouvidos dos filhos. Muito antes dos americanos se lembrarem disso, já as sogras usavam está técnica há gerações e gerações. É arma perfeita, limpa, indolor. É genial.Contra as sogras pouco podemos fazer, afinal, tiveram o bom gosto de gerar as pessoas que amamos. Podemos lutar com elas com as mesmas armas, o que não é muito ético mas nos lava a alma, ou ignorá-las, o que requer considerável sentido de humor e espírito zen. Livrar-nos delas é que não. É uma das pequenas tragédias da vida.

quinta-feira, agosto 31, 2006

Eye Candy


Eddie Vedder
(Não, ainda não me passou...)

Aforismo

Uma mulher que queira ser como um homem tem falta de ambição.

terça-feira, agosto 29, 2006

A síndrome de Peter Pan


Quando eu tinha oito anos as coisas andavam mais ou menos equitativas entre rapazes e raparigas. Com um canal só de televisão todos víamos mais ou menos a mesma coisa. Eles podiam sonhar que eram o Dartacão, nós sonhávamos que éramos a Julieta e a coisa ficava por ali. O tempo foi passando, nós, as raparigas, fomos crescendo e sonhando que éramos outras coisas e queríamos outras coisas. Já os rapazes não. E se sonhar que se é o Tom Sawyer sempre descalço junto ao rio a passear é normal aos oito anos, o mesmo não se pode dizer aos trinta. Sim, minhas amigas, lamento informá-las que a síndrome de Peter Pan está vivo e de boa saúde.
Uma mulher com o passar do tempo vai criando expectativas. Nos filmes, na música, nos livros, na televisão, há uma data de imagens que nos fazem sonhar com o que queremos num homem. E são homens sérios ou engraçados, misteriosos ou abertos, mas sobretudo, adultos. E o que se passa é que vai-se a ver e não encontramos equivalência no mundo real. Os adultos estão em vias de extinção. Os homens da nossa idade não cresceram, estão a sacar da net o ursinho Mischa ou o Verão azul e a sonhar que são o Tom Sawyer junto ao rio a passear. Ainda. Ora, se os homens fazem isso, se não crescem, quem nos vai trazer flores? Quem nos vai levar a passear ao luar, por mais piroso que pareça, quem vai conversar connosco sobre o sentido da vida? Se não os conseguimos arrancar da frente da playstation ou da net, quem vai partilhar o banho de espuma connosco? É frustrante. Antigamente, na geração das nossas mães, os homens mal podiam esperar para crescer. Numa geração em que os meninos andavam de calções enquanto eram pequenos, os homens mal podiam esperar para crescer e ter calças compridas e deixar crescer o bigode (e por mais que desaprove as pilosidades faciais, a não ser uma barba de três dias sexy como a do Mike Delfino no Donas de Casa Desesperadas, tenho de lhes louvar a determinação). Os homens cresciam. Escreviam cartas de amor. Eram pais de família. Agora não. Chamem-me antiquada, mas se puder escolher entre alguém que não tenha soldados os dedos ao comando da playstation e um que tenha escolherei sempre o primeiro. Não quero saber se para eles é melhor, se os mantém jovens de espírito e previne o Alzheimer. Ser adulto é sempre mais apelativo.
Se a geração dos nossos pais não tivesse inventado a noção de adolescência nós não estávamos nesta embrulhada. Nos anos 40 ser-se adolescente era uma coisa esquisita. Mal deixavam de ser crianças os meninos queriam passar logo a ser adultos, mal podiam esperar. Queriam usar chapéus e levar as meninas a passear nas tardes de domingo. Queriam sair de casa dos pais logo que possível. Agora não. Agora ser adolescente é o melhor do mundo. É confortável. Deixam-se arrastar pela cultura da adolescência como quem usa uns chinelos confortáveis e vão estando e estando e estando. O trintão médio tem a mentalidade e o comportamento de um puto de doze anos. Gosta de mulheres como as que vê nas revistas pornográficas, mas não dispensa a bola com os amigos, as cartas Magic, a playstation e os miminhos da mamã. Mesmo que faça um esforço para namorar "à séria" há coisas que nunca lhes passaria pela cabeça abdicar, a sua colecção de carros de brincar, por exemplo.
Para agravar a situação, estes Peter Pan são financeiramente solventes. Antigamente gastavam o seu dinheiro sabiamente a constituir família, comprar uma casa e ter filhos como dita a ordem natural das coisas. Agora não. Como saem cada vez mais tarde da casa dos pais e trabalham só para eles, podem alimentar os seus vícios à vontade. Têm dinheiro para enterrar nos seus brinquedos, desde os romances gráficos hentai importados do Japão a jantes de liga leve com não sei quantas polegadas. Aliás, se tivermos azar, parte desse orçamento vai para cosméticos e Spas, se forem metrossexuais.
Gostaria de terminar o texto com um manual de sobrevivência e uma mensagem animadora. Minhas amigas, lamento, mas não a tenho. Até ver, não há solução conhecida. Nem tentá-los com favores sexuais imaginativos resulta, lol. Ou se resulta, é temporário. A playstation será sempre a outra, ou então o futebol com os amigos, ou a net. Por isso, é sofrer estoicamente e sonhar com encontrar um que, milagrosamente, não seja tão puto (por mais vã esperança que seja, sempre nos consola). Pode ser que a geração seguinte seja melhor, mas eu não contaria com isso. Apesar de ser ligeiramente reconfortante saber que o nosso namorado se porta como um adolescente é porque ainda o é não recomendo. Legalmente pode ser complicado.

quinta-feira, agosto 24, 2006

Eye Candy


Orlando Bloom

Histórias de Fadas para Meninas Más


A Princesa e o sapo
Olha lá, disse a princesa ao Sapo, relembra-me mais uma vez quantas vezes preciso de te beijar até te transformares em príncipe. É que as primeiras 120 parecem não ter resultado...

quarta-feira, agosto 23, 2006

Histórias de Fadas para Meninas Más


Rapunzel

Os homens, pensava Rapunzel enquanto o amado trepava pela trança, são uma fonte considerável de dores de cabeça.

segunda-feira, agosto 21, 2006

Eye Candy



Benicio Del Toro

A Última Fronteira


Se as mulheres forem razoavelmente tolerantes e de espírito aberto, praticamente todos os tipos de homem têm o seu encanto. O charme sacana dos filhos da mãe, as piadinhas forçadas dos engraçadinhos, o ar tímido dos intelectuais, todos os géneros têm o seu encanto. Fica, no entanto, uma àrea por explorar e apreciar: os foleiros.
Os foleiros, minhas amigas, são a última fronteira, o Evereste no horizonte feminino. Quer dizer, nós sabemos que eles existem e que gente há que anda por esses lados e os aprecia pelo seu valor (e só assim se explica a existência de Mickael Carreira, o filho de Tony Carreira). Ás vezes até vemos na televisão quem sabe o que isso é, mas nem nós nem ninguém que conheçamos já experimentou pessoalmente. Os foleiros são o último tabu.
Ser foleiro é a pior coisa que pode acontecer a um homem. É pior que um virus mutante que faz a pele ficar roxa e fétida. Transcende raças, cores e confissões religiosas, capacidade económica, meio social. É inescapável. Pode-se ser rico, bonito e de sucesso e mesmo assim ser foleiro (um Cristiano Ronaldo e su brinquito, um Simão sabrosa com o seu corte de cabelo à ovelha). É uma sentença perpétua a cumprir para o resto da vida que torna muito foleiro infeliz e frustrado, tentando deixar para trás a sua verdadeira natureza e abraçar um ar mais cool, resultando isso quase sempre em mais desilusões (uma Ana Malhoa, por exemplo). Alguns nunca se chegam a aperceber da sua triste sina e se se apercebem não demonstram e fico feliz por isso mesmo. Cada um é como é.
Não se pense que os foleiros são apenas um género tipo grande saco onde todos cabem, não. Seria até injusto. Um motorista de taxi não tem nada a ver com um maluco do tunning (apesar de poder tê-lo gerado) ou um dançarino de kizomba. Há que diferênciar. Temos assim quatro grandes grupos dentro do género foleiro, todos com o seu habitat, ritos de passagem e técnicas de acasalamento totalmente diferentes: os clássicos, os modernos, os musicais e os tecnológicos.
Os clássicos são facilmente reconheciveis, e porque não, celebrados, por entre a população portuguesa. Um foleiro clássico anda agora entre os 40 e os 60 anos. Baixo, barrigudito, casado com Lurdes ou Salettes, bigode, ouvidores de quim barreiro e vestidores de fatos de treino ao domingo e meia branca, adeptos do Benfica. São inofensivos a não ser de língua, não se coibindo de mandar a sua boquita, normalmente na linha do ó boa, ou ó brasa, era a noite toda. No fundo, são o bastião último da portugalidade, os que poem as bandeiras nas janelas e sacam o carro para festejar a vitória de Portugal e que, juntamente com as Celestes, as Lurdes, as São e as Marias com quem são casados geraram, muitas vezes filhos perfeitamente aceitáveis que nós tanto apreciamos. Nada mais tenho que apreço por um foleiro clássico, a não ser que o apanhe ao volante de um taxi, e mesmo assim, como é durante pouco tempo, posso resistir à vontade de lhe dar com a cabeça no volante até ficar roxa de cada vez que ele diz que no tempo do Salazar é que se vivia bem.
Os modernos são muitas vezes filhos dos foleiros clássicos, mas também pode acontecer que não. Os foleiros modernos são o público-alvo dos comerciais do AXE. Já foram à escola, Já acabaram o nomo ano, ou plo menos andaram na escola até aos quinze anos , já têm noções mais sofisticadas de limpeza pessoal que limpar a cera dos ouvidos com a unha grande do mindinho. Muitos deles foram até agraciados com um certo bom ar que insistem em enterrar debaixo de bonés ou bandanas e calças cinco números acima, ou então tão justas que cortam a circulação de sangue à parte inferior do torso. Se há alguma moda irritante, eles aderem, desde as pulseiras de borracha da Nike aos toques do Crazy frog nos telemóveis. São eles que nos constroem as casas, que nos servem nos talhos, que nos arranjam os carros, conduzem os nossos camiões. Juntamente com as suas Vanessas, as suas tãnias, as suas Carlas, as suas Soraias têm filhos, casam e separam, têm filhos e estragam-nos e são, no geral, membros produtivos da sociedade.
Agora chegamos aos géneros menos produtivos, os tecnológicos e os musicais. Estes são, se quiserem, irmãos siameses, frutos da mesma árvore foleira de onde brotaram. Os musicais fazem muitas vezes parte de uma tribo. Mas nada daquelas hiper-cool Tribos Urbanas. Não. É a malta do Kizomba, a malta da Dance Music, a malta do Trance. Vestem-se e comportam-se como se a música lhes definisse o estilo. São os gajos mais perigosos, que saem à noite para bever e andam à pancada, farrem corridas de street racing, poem saiotes amaricados e ailerons aos Fiat Punto que guiam, os que sabem onde comprar um telemóvel ripado, vao ao ginásio para ganhar "caparro" e impressionar a garinagem. Os foleiros tecnológicos são os que desbloqueiam os telemóveis aos foleiros musicais, que sacam da net os álbuns que lhe vendem, que ripam o último do Shawzeneger ou a colecção toda do Rambo. Aquelrs que, no fundo, têm os meios e a oportunidade para deixarem de ser foleiros e não só não deixam, como activamente contribuem para a foleirização dos restantes. Uma lástima, portanto.
Os foleiros, nas suas diversas categorias existem na nossa sociedade como o mundo dos mágicos existe nos livros do Harry Potter: só os conhecedores é que dão com eles. Têm os seus restaurantes, os seus bares, as suas lojas (vá, não sejam cínicas que a feira de Carcavelos é, em Latu Sensu uma grande boutique a céu aberto). Claro é que nenhuma mulher que comheço lá vai. Isto porque, na verdade, nós as mulheres somos umas Snob. Preferimos um sacana que saiba o nome de pelo menos um álbum do Nick Cave ou do Morrissey a um foleiro ajeitadinho e boa pessoa (calculo que sejam). Uma mulher não pode sair à noite no carro do namorado que tem chamas pintadas a verde por todo carro e um aileron amarelo canário. Era uma indignidade. Mas mulheres, não será isto preconceito, nao deveriamos, a bem da curiosidade ciêntifica experimentar? Pensem nisto, escrevam se tiverem testemunhos, até garanto a anonimidade se quiserem. Vale a pena explorar os últimos horizontes... ou não?

terça-feira, agosto 15, 2006

segunda-feira, agosto 14, 2006

Melhor que Valium


Há poucas coisas melhores que o prazer de comprar uns sapatos novos, pouca coisa supera a expectativa, a antecipação de usar os sapatos, combiná-los com a roupa e pô-los a uso. É verdade que parece futilidade, sobretudo se se coleccionarem em grande número como muitas de nós fazem, mas o que tem de ser tem muita força. Uns sapatos nunca nos desapontam.
Ir às compras pode ser frustrante, numero errado, cor errada, não assenta bem... Os sapatos não, os sapatos servem sempre, contra ventos e marés o nosso número é sempre o mesmo, e tenhamos a idade que tivermos ou o dinheiro que tivermos, é facil encontrar os sapatos que são o último grito da moda. Pelo menos os nossos pés andam sempre actuais. Como podemos sempre encontrar e possuir os sapatos que quisermos, comprar sapatos é das experiências mais agradáveis. Para já não falar que se nos atender um empregado e não uma empregada temos um homem ajoelhado a nossos pés, e não é todos os dias que podemos dizer isso, não é verdade?
Para além de ser bom para a nossa alma, já que sair para comprar sapatos nos garante de certeza um alivio temporário das nossas penas, isso também é bom para a economia. Se as fábricas de sapatos contassem com as compras de sapatos dos homens estavam bem aviadas. A maioria dos homens não passam dos quatro ou cinco pares e que lhes duram horrores. Ora assim não há retoma nem hoje nem daqui a um século. Já uma mulher não, uma mulher precisa sempre de um novo par de sapatos, e mesmo que não precise compra na mesma para prevenir a altura em que precise. Isso sim, é que é ser patriótico e fazer a sua parte para sairmos da crise.
Uns sapatos, sobretudo se novos e com saltos altos, pode magoar-nos, mas nunca desiludir-nos. Se comprarmos umas armadilhas mortais de dez centímetros de salto sabemos no que nos estamos a meter. Praticamente estamos à espera de dores nas plantas dos pés e nas canelas, de não poder com os pés ao fim do dia. Sabemos com o que contamos. Aliás, como sabemos que vai doer e insistimos na mesma, aumenta a nossa capacidade de resistência à dor (os homens com uma gripe já chamam o padre para a extrema unção) e enrijece a nossa fibra moral. Se um homem parece tão confortável como uns chinelos de quarto e nos sai o salto de agulha apertado vindo do inferno ficamos surpresas, magoadas e furiosas. No mundo dos sapatos chinelos são chinelos, saltos são saltos e uma pessoa sabe logo com o que conta, é outra limpeza.
Os sapatos, por todos estes motivos cumprem um importante papel social. Aliviam mais dores de alma que os padres, curam mais stress que as aulas de yoga, remendam mais corações partidos que qualquer artigo da Cosmopolitan. Minhas amigas, é melhor e mais saudável que valium. E isto, nunca poderia ser fútil.