segunda-feira, outubro 23, 2006

Conselho nº 6- Sejam diplomáticos

A verdade é que o conselho original era "Sejam Cavalheiros", mas a verdade é que é um conselho difícil de dar, porquanto homens e mulheres têm noções diferentes do que isso implica. Enquanto nós pensamos em galanteria e abertura de portas, puxamento de cadeiras ao jantar e oferta de guarda-chuvas quando chove vocês pensam na necessidade extrema de proteger as mulheres não as deixando ir sozinhas a lado nenhum e explicando-lhes as coisas como se tivessem três anos e uma evolução cognitiva abaixo da média. Assim, em vez de cavalheirismo, que parte demasiadas vezes do princípio de que somos seres cheios de humores contraditórios e feitos de vida ofereço o compromisso politicamente correcto das Nações Unidas: sejam diplomáticos.
Com ser diplomáticos quero eu dizer que pensem duas ou três vezes no que dizem em vez de deixar sair os comentários da boca como o malfadado TGV. Nós as mulheres, apesar de não sermos uma massa de hormonas ingovernáveis, ou pelo menos não mais que vocês, temos alguns pontos sensíveis, muito facilmente melindráveis por comentários insensíveis. Eu sei que a maioria das vezes não fazem de propósito, reagindo com um incrédulo"Quê, mas que é que eu disse?", mas a verdade é que o que quer que seja já saiu e depois é uma trabalheira. Ou é preciso horas de desculpas por uma coisa que ou não se lembram o que foi ou que foi perfeitamente inócua, ou em casos mais graves uma visita à florista, à loja de lingerie (e qualquer homem sabe perfeitamente a provação horrorosa que isso pode ser), à bomboniére ou à agência de viagens. Podem ter de dar por vocês a falar hoooooooooooooooooooooooras de sentimentos íntimos com elas, ou pior, com as amigas/irmãs/mães delas se a boca foi realmente desastrada. Não seria muito mais fácil, económico, doloroso, prevenir tudo isto? Pois é, meus amigos, a diplomacia compensa.
O aspecto é uma coisa que uma mulher é sempre muito sensível. Tudo o que lhe diga respeito pode ser uma mina terrestre hipersensível. Assim, quando ela perguntar se está bem assim, digam que está perfeita. Não o digam como se fosse um frete, no sentido do "sim, sim, mas despacha-te de uma vez com isso", mas sim como se o sentissem mesmo. Treinem ao espelho se mentir não for muito fácil para vocês. Podem sempre dizer "realça muito os teus olhos", mesmo que esteja vestida de roxo da cabeça aos pés. Cai bem e ganha-vos pontos. Se a resposta for honestamente não, e ela parecer uma maltrapilha vestida com as coisas que vão para os contentores de doações para África ou qualquer coisa no género digam... "está frio/calor lá fora, acho que essa roupa não é muito confortável", "porque não usas aquela roupa que te ofereci nos anos" ou " não tens um casaco comprido?". Se ela insistir, mudem de planos. Em vez de ir para aquele bar chiquésimo ouvir jazz ou sair com os amigos digam que querem estar a sós com ela e levem-na a namorar à beira-mar ou a um sítio remoto e pouco frequentado onde não os conheçam. A vergonha é menor e, mais uma vez, ganham pontos pelo gesto romântico inesperado.
Se acharem que a vossa namorada está a ficar um pouco mais "cheiinha" (nunca usem a palavra gorda mesmo que elas a usem primeiro, é um anátema para as mulheres mais sensíveis, apesar de ser um adjectivo qualificativo simples sem ofensa incorporada), usem formas inventivas para a fazer notar. Convidem-nas para fazer exercício convosco, caminhadas ou natação, não o futebol da quarta-feira à noite com os amigos, claro. Levem-nas a dar passeios a pé ao fim de semana. Aprendam a fazer saladas giras e saudáveis. Mudem igualmente de hábitos em vez de minar a dieta delas, tristes e debruçadas sobre a salada com vocês a comer pizza. E por favor, não sejam fúteis. Se a desgraçada ganhou o peso a ter um filho é uma mulher muito ocupada e insegura com o seu aspecto físico, insegura como mulher. Não precisa que o pai do rebento lhe diga que parece uma vaca leiteira (mesmo que elas o digam primeiro e mesmo sendo uma expressão perfeitamente descritiva sem insulto incorporado).
Por último, sejam inteligentes com os defeitos delas. Se são naturalmente ciumentas, façam com que elas confiem em vocês. Ignorem o mulherio circundante (sei que está na massa do sangue masculino, mas olhar discretamente em vez de olhos esbugalhados nunca fez mal a relação nenhuma). Se são atrasadas, marquem para uma hora mais cedo que a ideal e assim está pronta à hora que precisam sair. Escondam a edição da FHM com a Carla Matadinho. Melhor pensando, leiam a FHM na hora do almoço e babem o que quiserem o exemplar mas não levem a revista para casa. E digam-lhes que as amam. Sim, as mulheres são parvas o suficiente para perdoar quase tudo se o disserem de forma convincente.

12 comentários:

Unknown disse...

Os homens são capazes de actos desses?! ;) Digamos que por vezes têm a subtileza dum elefante numa loja de cristais.
Em relação ao peso, o A. diz que gosta da "gordinha" dele, sabes bem a causa, mas o que eu não sei qual é a desculpa dele. Ah, outra frase muito infeliz: "estás naquela altura do mês, não é?" que serve como desculpa para os nossos ataques de fúria quando acontece alguma das situações que descreves.
Uma frota,

Luís Serpa disse...

Será que há blogs com "Manuais" de homens? Isto é, blogs de homens que nos ensinem a lidar com mulheres? Não? Porquê?

Passionária disse...

prometo que falo do periodo depois, cris, essa também é uma muito boa...
uma froooooooooooota.

Passionária disse...

não que eu conheça, mas se sente essa falta pode você criar um, it's a free world out here in cyberspace.

elisa disse...

E se isto tudo não funcionar, sempre podemos pagar na mesma moeda:)!

Luís Serpa disse...

Desculpe, não veja agressividade no meu comentário. Mas ocorreu-me ontem que não há muitos "manuais de uso" equivalentes ao seu, mas escritos por homens. Será a nossa tentação pedagógica menor? ou será simplesmente porque é tão difícil?

Claro que a generalização que faz é engraçada, quando lida no segundo grau e nós, na nossa primarice aguda (perdoe-me o neologismo) fá-lo-íamos forçosamente no primeiro grau, ou no grau zero, vá lá saber-se.

Luis Serpa

Anónimo disse...

Passionária permita-me "abusar"...
oi luis serpa......Don vivo é seu blog, como me comunico direto com vc?

Passionária disse...

Caro Luis, a minha resposta não foi agressiva... seria mais uma reacção primária o achar que sim?

Passionária disse...

claro que sim anonymous,esteja à vontade, pense aqui no sala e cozinha como um singles bar sob os auspícios da tia passionária. Nada me dá mais prazer que serviço público...

Luís Serpa disse...

Anonymous: o Don Vivo tem um "mailto", intitulado, quiçá agressivamente, "Are you talking to me?" Previno-o (ou -a) contudo que não respondo a mails anónimos.

Passionária: antes de mais, obrigado pela gentileza. Quanto ao seu comentário - não sei. Que pensa você?

Anónimo disse...

Ai Luis, Luis...
Tanta treta da corneta mas blogue para aferir da coisa é que nada.
Blah blah blah, talk is cheap.

Luís Serpa disse...

...money buys the whisky.