segunda-feira, novembro 06, 2006

Conselho nº 8- Doseiem os ciúmes

Pensem nos ciúmes, meus queridos, como um sabonete molhado no duche. Se apertamos demais foge-nos da mão, se apertarmos de menos também não conseguimos segurar. A questão está na parte mais difícil: o meio-termo.
Cada casal tem a dose diária de ciúmes recomendada, como as vitaminas. Não vão na treta new age da liberdade e do peace and love e mais não sei o quê. Quem ama, tem ciúmes. E tem ciúmes por uma coisa muito simples: sendo o nosso ser amado a coisa melhor do mundo depois da invenção da roda, é óbvio que nos querem ficar com ele. E logo nós, que mal acreditamos que fomos escolhidos por ele(a). Esta parte é natural, saudável e benéfica à relação. Eu própria não gosto que me deixem o coração ao deus-dará e não me peçam explicações, pois começo logo a pensar que não olhar sequer para um homem na rua ou rebolar no feno com toda a equipa de futebol de Vila Nova de Lado Nenhum vai dar ao mesmo. Uma pessoa sente-se positivamente abandonada... No entanto...
Um homem ciumento (ou uma mulher, que este post é unissexo) é insuportável. Conheço gente que, quando está cheia de ciúmes deixa as técnicas de interrogação da GESTAPO a milhas de distância. Onde estiveste? E com quem? Quanto tempo? É tudo medido, espiolhado, investigado até encontrar as provas evidentes da perfídia do ser amado. É o chamado amor tango, faca na liga, o amor canalha, que mata o amor como se lhe cravasse uma faca, ali mesmo, de morte matada e não de morte morrida.A questão nisto é encontrar a força devida no segurar do sabonete dos ciúmes. De que gosta a vossa mais que tudo? O que suporta? Conheço mulheres que não passa sem uma boa cena de ciúmes semanal, com choros e arrancar de cabelos e acusações mútuas para depois fazer as mais doces e apaixonadas pazes. São gostos. Há outras que detestam seja que dose de ciúmes for, ficando realmente furiosas com a insinuação de que possam ser infiéis, desembocando essas relações com o ciumento invariavelmente num belo par de patins. Assim, meus amigos, a moderação é a palavra de ordem.
Mas como, perguntam vocês, chegamos nós ao meio-termo? Isso, meus amigos, é uma excelente pergunta que mereceria uma excelente resposta, eu por mim, não sei. Posso é deixar-lhes umas dicas de bom senso, obtidas após anos de experiência no terreno:
- tenham confiança em vocês mesmos. Mesmo sendo ela a criatura que é e que tanto amam, escolheu-vos. Alguma coisa viu em vocês que a fez escolher-vos e não todos os milhares de homens desejosos de se apossar dela. Como amá-la não os fez perder qualidades, confiem que ela vai continuar fiel. Pensem em vocês como detergentes: se o que encontraram é eficaz e lava mais branco vão ser fiéis à marca, mesmo com o assédio agressivo das outras todas.
- Tenham confiança nelas. Vai ter de ser, meus amigos. Se a amam vão ter de confiar nela. É assim mesmo, uma pessoa capaz de trair não é lá muito boa pessoa. Se acham que ela é honrada e honesta, que é uma pessoa de bem, vão ter de confiar que o seja sempre, sobretudo com o vosso coração e com a relação que mantêm.
-Usem a cabeça. Muitas vezes os ciúmes são como as bruxas, não acreditamos nelas, mas que as há...há. Assim, usem a cabeça. Em vez de partir para o confronto directo, nomeadamente esmurrar a cara do atrevido que a quer roubar até se tornar uma papa informe e sangrenta, a forma inteligente e elegante de lhes cortar as vazas. Quando andava no oitavo ano, uma mocinha aproximou-se do meu namorado da altura com o pretexto que não percebia nada de inglês, para ele a ajudar. O golpe era velho e óbvio. Claro que em vez de a esmurrar ou lhe puxar os cabelos (sempre achei pouco edificante andar à pancada, sobretudo por causa de um homem) me ofereci, quando ele não estava, para a ajudar eu. Passei a guardar-lhe o lugar e a ser a melhor explicadora que há à face da terra, a rapariga esse período chegou ao quatro, e a certificar-me que não ficava sozinha com ele. Evitei o confronto e os possíveis danos e ainda ajudei, um três em um, portanto. Usar a cabeça resulta melhor que os punhos, acreditem.
-Não fervam em pouca água. Antes de acusar a desgraçada de seja o que for, certifiquem-se que têm motivos para a acusar. Não digo que façam de vocês parvos, mas tenham provas materiais, e não imaginárias, para fazer as acusações, ok?
-Controlem os ciúmes delas. Se vocês não lhes fazem a vida negra com ciúmes, não permitam que façam a vossa impossível. Isto aqui é uma coisa recíproca. Um equilíbrio. E vivam os ciúmes como o tango: três passos para a frente, dois para trás, meia volta e já está.

3 comentários:

Passionária disse...

Lol, querida Jane, tu sabes que prefiro arrancar um dente a frio a mostrar que sou ciumenta, e que só o sou com motivos muito fortes, mas isso não me impede de, mentalmente, chamar nomes criativos à criatura e a toda a sua família. Desgraçadamente (hehe) também sou um bocado territorial...

Sempre, mas sempre...

Anónimo disse...

Ai os ciumes, os malvados dos ciúmes. Mas como és uma senhora, não há "peixeirada". Eu também não gosto, mas não me impediu de, num dia de Cortejo da Queima em Coimbra, quase rachar a cabeça duma menina "etilicamente bem disposta" à bengalada(literalmente, pois foi ano de cartola).
Uma frota do costume,
C..

Passionária disse...

Peixeirada, nunca, desprezo gelado e chega. Mas por dentro estou a gritar: olha o carapau fresquinho,
ó freguesa, e outros termos típicos mas menos carinhosos para a dita moça...
Mais frotas, sempre:
;)