segunda-feira, outubro 30, 2006

Conselho nº 7- Sejam Honestos

"Once inside a womans heart
A man must keep his head
Heaven opens up the door
Where angels fear to tread
Some men go crazy
Some men go slow
Some men go just where they want
Some men never go"
Bob Seger, Shame on the moonlight

Meus amigos, depois de lhes ter dado conselhos a propósito dos inícios e dos meios das relações, resolvi alargar o âmbito dos conselhos. Hoje vamos falar dos fins e da vida em geral.Ser honesto, meus caros, é um excelente princípio para a vida. No geral é sempre preferível ser-se honesto a ser-se fingido, a não ser que se seja cruel, porque, como diz a Blanche Dubois no Eléctrico Chamado Desejo, a crueldade deliberada é a única coisa verdadeiramente imperdoável. O que se tem constatado é que a honestidade nem sempre é um princípio automático nas relações. Conheço homens honestíssimos, incapazes de se aproveitar de alguém ou se apropriar de um tostão indevidamente e que são trapaceiros de marca maior com as namoradas. Mas vamos por partes.
A honestidade, meus caros, deve começar logo no princípio da relação. Apesar de a vossa mente funcionar no esquema da simplicidade instintiva, façam um exercício de auto gnose. O que querem da relação? É sexo? É amizade colorida? É namoro sem complicações? Estão mesmo apaixonados? Seja qualquer que seja a resposta, transmitam-na com toda a clareza à interessada. É que nós, meus caros, somos, nessas questões, muito mais facilmente simples. Aquilo que sentimos e o que queremos de uma relação está definido quase logo quando ela começa, se não mesmo antes. Sabemos exactamente onde queremos que a coisa chegue e, lamento informá-los, a maioria das vezes é o mais longe possível. Depois dos primeiros entusiasmos da adolescência em que tudo é muito confuso, sobretudo as relações, as coisas simplificam-se extraordinariamente. Sabemos se a pessoa em questão vai ir de vela dali a um mesito ou se começamos a escolher entre recepção formal ou informal para o casamento. Não se assustem, é mesmo assim. Por isso mesmo é do vosso melhor interesse não criar falsas expectativas às raparigas. É mais complicado e difícil fazer isto, porquanto vão ter de dizer ao sabor da semana que só querem meia dúzia de reboladelas no feno e goodbye Maria Ivone, podendo perder uma companheira de cama perfeitamente aceitável. Sim, vão ter de fazer o papel de sacanas egoístas e superficiais, mas se é o que querem vão evitar muitas chatices lá para a frente. E se arranjarem, com a vossa honestidade, alguém disposto ao que vocês querem, tempos satisfatórios e agradáveis se aproximam, sem espinhas no fim.
Outra área em que devem ser honestos é com as vossas amigas, colegas, amigas das irmãs e etc. Não joguem joguinhos emocionais com as desgraçadas. Não pensem que lhes estão a alegrar a vida solitária com o vosso flirtzinho inocente. Não sejam arrogantes. Primeiro, porque podem elas efectivamente não precisar desse flirt, e depois, se precisam, a vossa atitude roça, mais uma vez, na crueldade deliberada. Por mais que vos satisfaça o ego ter alguém que tenha fraquinhos por vocês, é mais uma vez fútil, egoísta e superficial criarem falsas expectativas a pessoas que não têm intenção nenhuma de algum dia virem a ligar. Para nós, as mulheres, esperar por um homem é como esperar por o autocarro 45 num dia de chuva. Nunca mais vem mas ali estamos porque estar à chuva é pior. Libertem-nas para esperar por um autocarro que efectivamente passe por ali, como o 09, ou um táxi e irem para casa tomar um banho quente.
Sejam honestos com vocês mesmos e com a relação que têm. Se amam e respeitam a vossa namorada ou esposa, tratem-na com o amor e respeito que lhes dedicam. Se lhes apetece pular a cerca frequentemente é porque não estão preparados para o compromisso que assumiram com ela. Acabem a relação com honestidade ali e façam o que quiserem depois. É pior para uma mulher achar que está tudo bem e saber que foi traída. Apanhar o marido ou namorado com outra é foleiro e de mau gosto, para já não falar que irá haver choro e ranger de dentes, como diz a bíblia. Se assumiram um compromisso, respeitem-no. Se não são capazes de o honrar, acabem com ele. É assim que fazem as pessoas de bem.Não deixem as coisas prolongar-se e arrastar-se se virem que as coisas estão mal. É difícil ser-se o mau da fita, sobretudo quando gostam de passar por heróis de capa e espada da vossa dama. Às vezes tem de ser. Pensem no Homem-Aranha. Pensem no Super-Homem. Que herói digno desse nome andaria a alimentar uma relação sem futuro? Nenhum, sucumbiriam às pressões do seu próprio código de ética. Se querem ser super-heróis ajam como um.
Por último, não escondam os vossos sentimentos. Se gostam, digam, se não gostam, digam. Não recalquem as coisas. Por mais que doa e possa correr mal, manter as coisas dentro faz mal. Desopilem. As mulheres, por mais perceptivas que sejam ainda não conseguem ler mentes. Vão ver que se sentem melhor

15 comentários:

Carocha disse...

100% certa!

Anónimo disse...

Este blog é uma coisa impressionante... eu sou fã ;-)

Passionária disse...

Obrigada, carocha e Elisa, a verdade é que tento ser o mais precisa possível, ainda bem que concordam comigo. Voltem sempre,
;)

elisa disse...

Subsrevo a opinião geral dos comentários:) Mas este será,de todos, talvez o mais difícil de sguir para os homens!Muitos nem o fazem "por mal", só mesmo por falta de coragem que isto de se se honesto com os corações femininos requer uma dose extra de bravura!
Beijinhos e bom feriado!

Passionária disse...

Eu sei perfeitamente que muitos o fazem por falta de coragem, mas isto de amar não é para cobardes... Amar não é fácil, e ai daquele que achar que o é...

Luís Serpa disse...

Eu não sei, cara Passionária - desculpe o tratamento tão familiar - se os homens que conhece são todos uns patifes, tratantes ou mariolas; mas - se bem que com uma aflitiva falta de provas (pelo menos teóricas, que empíricas há-as por aí aos montes)- posso garantir-lhe que nem todos somos como os que descreve.

Claro que somos diferentes das mulheres - felizmente, note: eu seria incapaz de amar um pessoa igual a mim. Mas não carregue essa diferença com mais juizos de valores do que os absolutamente imprescindíveis, que bem poucos são. E não generalize, por amor de Deus: os cemitérios, por exemplo, e - pelo que me disse numa resposta a um outro comentário - os casamentos das suas amigas estão cheios de homens justos, ou bons, ou decentes, como lhes queira chamar.

A clivagem não é entre homens e mulheres, é entre pessoas decentes e pessoas indecentes - e qualquer dos campos está bem cheio de representantes dos dois sexos.

Luís Serpa disse...

PS - e perdoe-me se resvalo de um grau para o grau errado. É tão duro, não é?, viver sempre no grau ao lado, ou acima...

Passionária disse...

Caro Luis, não encare isto como ofensa pessoal, porque acredite, o mundo está mesmo cheio de tratantes, patifes e mariolas de ambos os sexos. O que se passa é que sendo eu de um reporto-me ao outro, pois ninguém é bom juiz em causa própria. Se fica pessoalmente ofendido com as minhas generalizações o melhor será não as ler. A leitura deste blog não é obrigatória, sabia?

Luís Serpa disse...

Passionária, por favor deixe-me assegurar-lhe que a minha reacção é mais "corporativa" que pessoal! Estou, simplesmente, a defender o meu lado. Perdoe-me se dou isso não transparece nos meus comentários.

Até porque - devo confessar-lho? - partilho alguns dos comportamentos que a Passionária indica como maus, e uso os seus posts da série "Conselhos" para aprender e para corrigir algumas atitudes menos apreciadas pelo "outro lado" - pergunto-me, de resto, se o seu blog não devia se de leitura origatória para todos os homens, mesmo os mais virtuosos (nos quais não me incluo, infelizmente, asseguro-lhe)...

Luís Serpa disse...

Hesitei um bocadinho, mas por fim lá me decidi. Não quero de modo algum que se sinta agredida pelos meus comentários, e prometo-lhe que não deixarei mais - pelo menos em "sensitive matters". Para terminar com um sorriso, deixo-lhe uma citação de Sacha Guitry: "Je suis contre les femmes. Tout contre".

Luís Serpa disse...

Continuação e, prometo, fim:

Para começar, contextualizemos: sou capaz de rir a bandeiras despregadas uma anedota machista, ou racista, ou anti-semita. Basta ela ter piada, e ser contada com talento. Mas não suporto racismos, sejam eles contra negros, contra mulheres, contra judeus. Uma coisa é uma anedota sobre a capacidade das mulheres para conduzir automóveis, e outra, completamente diferente, uma observação estúpida de um imbecil ao volante que pensa que a condutora do outro carro fez uma asneira porque é mulher; ou, pior ainda, porque “é gaja”.

Tão-pouco gosto de generalizações – se bem reconheça que elas são imprescindíveis. Mas uma coisa é generalizar para conhecer, e outra, bem diferente, generalizar para emitir juízos de valor.

Por outro lado, acho que se emitimos uma opinião devemos ser capazes de aceitar uma opinião contrária, ou diferente. A fortiori se emitimos juízos de valor – devemos aceitar quanto mais não seja que os visados respondam e exponham.

O que você escreve é uma generalização que não tem o mérito de ser irónica. Brincar com clichés, com lugares-comuns, com ideias feitas é bom, é um prazer tanto para que o faz como para quem o “consome”. Utilizar clichés, lugares-comuns e ideias feitas para defender o nosso ponto de vista não é. Repare que não tomo o que diz pessoalmente – a carapuça não me serve; e se servisse duvido, conhecendo-me como me conheço, que lhe reconhecesse autoridade para me julgar.

Imagine que um parvalhão qualquer se punha a escrever posts sobre a incapacidade inata das mulheres para conduzir automóveis; ou para perceber as “coisas” (seja elas quais forem); ou que se pusesse a vituperar o hábito tão feminino de encher as casas de banho dos hotéis com roupa interior a secar; ou que reclamasse, sei lá, porque “as mulheres” são umas chatas e são inconstantes e não sabem o que querem e e e e... Não sei se você gostaria, ou se se daria, caso contrário, ao trabalho de reclamar contra esses clichés. Ou imagine uma série de posts a ensinar aos negros a civilização, ou aos judeus quem, “na realidade”, era Jesus Cristo. Como reagiria?

Devo dizer-lhe, aliás, que gosto de ler os seus “Conselhos”: acho-os bem escritos, o que para mim é tão importante num texto como a beleza; e acho-os sensatos, no sentido em que correspondem realmente a uma série de comportamentos frequentes.

Mas o que motiva os meus comentários foi o “outro lado” deles: a generalização, o “racismo” – o termo não é bom, eu sei, mas por agora fica; a aprovação paroquiana de todos os comentaristas (ou as, não reparei se havia outros homens); a sua susceptibilidade aos meus comentários, que não se pretendiam, nem se pretendem, ofensivos ou agressivos; a ausência, pelo menos aparente, de ironia e de distância no que escreve.

Repare que o objectivo dos meus comentários era introduzir uma troca de impressões no modo cómico sobre o tema dos posts, e não, de modo algum, agredi-la ou fazer-lhe ver a verdade (há muito que abandonei o proselitismo, seja ele por que causa for).

Claro que me posso estar a enganar na porta; é possível. Se assim for, as minhas desculpas. Se não, o meu obrigado. Não será decerto a minha última visita ao seu blog, mas é com certeza o último comentário, não se preocupe.

Anónimo disse...

Minha Amiga, parece-me que já arranjaste um homem honesto para a vida, ou pelo menos um "inimigozinho" de estimação, que dá sempre muito jeito e adoça a vida! Vai em frente, és grande, tu o sabes e eu o sei. Beijos. Muitas saudades. O meu honesto marido disse que tu eras muito boa rapariga! E olha que ele não é de engraçar logo com as minhas amigas. Nô.

Passionária disse...

Ó querida Nô, que saudades tuas e dos teus pequenos, de tudo aí. Eu estou aqui, exilada. Temos de nos encontrar e mata as saudades feias. Beijinhos graaaaaaaaaaaaaandes sempre:
yours
I.
ps. cumprimentos ao teu marido, eu também o achei divertido, tu sabes...

Passionária disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Passionária disse...
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