segunda-feira, outubro 16, 2006

Conselho nº 5- Colaborem

Meus amigos, todos sabemos que a convivência a dois é uma espécie de campo de treino do exército, mas com granadas a sério escondidas que podem explodir a qualquer momento e deixar atrás de si dor e devastação. Cabe aos dois membros do casal fazer com que as granadas expludam o menos possível e os fogos de artifício o mais que se conseguir.
Nesta filosofia vem o meu conselho número cinco, trazendo assim a meio o rol de conselhos para melhoramento geral da espécie masculina e do nosso bem-estar universal. Meus amigos, colaborem.Se a vossa mais-que-tudo não trabalha, dedicando-se alegremente às alegrias do bom governo da casa enquanto vocês trabalham, têm alguma desculpa para não ajudarem. Se pelo contrário a dita moça trabalha, aí, meus amigos, estão tramados, têm mesmo de dar uma mãozinha em casa.
As mulheres, meus queridos, não têm o instinto natural da arrumação da casa, não nasce connosco, como não nasce connosco o amor por sapatos de salto alto. É inculcado em nós ou então posto perante nós como não havendo mais remédio senão fazê-lo. Assim, repensem a vossa atitude.Fingir que não sabem fazer não é desculpa que se apresente.
Se os chimpanzés podem ser treinados a reciclar vocês também podem aprender a aspirar ou lavar a louça. Sabotar o trabalho é indigno de vocês como membro da humanidade. Não ponham meias vermelhas na máquina de roupa branca, não partam pratos de propósito, não limpem os vidros com o amaciador da roupa. Primeiro, é vergonhoso aproveitar-se da credulidade da criatura maravilhosa que está convosco, que é obrigada a trabalhar o dobro e estar menos disponível para actividades lúdico-desportivas, como reboladelas no feno. Segundo porque aquelas de nós mais espertas ou menos cegas pela paixão vão mais cedo ou mais tarde topar-vos podendo chegar a retaliar na mesma moeda. Gostavam que vos queimassem as camisas todas com o ferro? Que vos dessem a comer em pratos de papel porque os de louça estão todos partidos ou sujos? Que deixassem a pilha de roupa até se equiparar a um Evereste fétido e sujo e não sobrar uma única meia?É chato terem de fazer coisas, concedo. Nós próprias também achamos. Mas enquanto não modificarem geneticamente os pratos de modo a que saltem eles sozinhos para a pia e tomem uma bela banhoca, o que tem de ser, tem de ser. Viver atolado na imundície com a casa a cheirar a meias sujas nunca será uma opção aceitável.Se por acaso lhes tocar uma criatura que gosta do trabalho de casa, levantem as mãos para os céus e agradeçam de joelhos, mas ajudem à mesma. A vossa companheira de casa, a mãe extremosa dos vossos filhos merece não chegar a casa e deparar-se com ela de pantanas, merece não ter mais umas seis horas de trabalho depois do dia inteiro a tratar das vossas coisas e dos rebentos. É exaustivo. Mata o romance. Se acham que não experimentem passar a ferro a roupa toda de uma família média de uma semana, que é coisa para demorar umas cinco horitas de pé, e vejam a vontade que têm depois de brincar aos médicos e enfermeiras.
Se não ajudarem e elas não protestarem, ao menos não empatem. As coisas têm os seus lugares habituais. Eis algumas verdades que convém saber e lembrar:
-o lugar das latas e garrafas de bebidas é no frigorífico; o lugar das latas vazias e das garrafas vazias não é no frigorífico nem na sala, no sofá ou em cima da televisão, é no lixo, separados para reciclar;
-o papel higiénico não nasce por geração espontânea no rolo, nem é lá posto por duendes felizes e verdes. Aprendam o lugar onde se guarda, substituam-no se acaba;
-Se quiserem manter um registo do que interessa nos jornais desportivos, recortem as notícias e façam um scrapbook. Não, repito, não os coleccionem empilhados na sala. Eles também podem ir para o lixo para reciclar. O mesmo é válido para todos os números da national geographic, da men's health, da focus e da FHM. Com ou sem Carla Matadinho;
- na cozinha existe uma coisa com um ou dois buracos côncavos, tipicamente de alumínio ou louça chamada banca. A louça suja vai para aí. Se quiserem brilhar, ponham-na na máquina de lava;
- as meias têm por hábito estar guardadas em gavetas, os sapatos nas sapateiras, o restante vestuário no armário. Se tirarem todas para procurar alguma em específico, voltem a pôr no sítio;
-até à data ainda não foram inventadas banheiras com sistema de auto-limpeza nem pelos voadores que, barba desfeita, voam para o caixote do lixo. Os duendes felizes e verdes também não se ocupam disso. Se sujarem, deixem limpo.
Por último, e se estiverem mesmo determinados a não mexer uma palha e a não aturar nem um único resmungo, ou encomendam uma noiva vietnamita por catálogo ou se oferecem para pagar uma empregada. E coíbam-se de dizer que é um desperdício. Aqui, meus caros, a palavra de ordem é colaborar. Para chatear a cabeça às vossas mais-que-tudo já basta a vida de todos os dias.

3 comentários:

Unknown disse...

Não há solução possivel para os homens: trenguice que só visto e um cerebro de minhoca para as coisas verdadeiramente importantes. And face it, limpeza não é uma delas. Também tenho um monte de roupa a parecer um Everest mas esta está limpa...;)
Uma frota

Passionária disse...

Vá, não tens assim tanta razão de queixa com o A. A não ser com cadeirinhas de carro, lol. Beijocas ao meu sobrinho, espero que seja só varicela.
uma frota

Anónimo disse...

bom comeco