segunda-feira, setembro 18, 2006

O sentido de moda masculino



Não é verdade que os homens, no geral, não têm sentido de moda. Eu diria até que antes pelo contrário. O que acontece é que o sentido de moda deles é, digamos, exercido de uma forma diferente daquela que nós fazemos. Enquanto as mulheres gastam muito tempo e energia a estar na moda os homens concentram-se em arranjar uma mulher que o esteja.Os homens não passam a vida angustiados com esta ou aquela peça de roupa que esteja na moda e dê a imagem certa, mas sim numa namorada adequada. Para os homens, as mulheres são como um longo cabide cheio de roupa de todas as espécies. O tipo de roupa que escolherem é que vai ditar o bem sucedidos que são. É que, percebam, como algumas de nós jamais sairiam com as amigas com um trapo velho qualquer, os homens pensam o mesmo das namoradas que têm. O que elas são por dentro é irrelevante, porque, como tudo na vida, é uma questão de aparência. Uns com os outros competem entre si para ver o que tem a namorada mais gira, mais elegante, mais moderna, porque é a namorada que têm que o vai definir. Um homem rico e bem sucedido dificilmente vai andar com uma mulher que lhe seja confortável como um par de chinelos porque isso seria, bem, como andar com um par de chinelos com o seu fato Armani caríssimo. Assim vão arranjar o equivalente a uns sapatos italianos de pele de bezerro recém-nascido feitos à mão por monges carmelitas: a mulher troféu.Ao contrário de muitas mulheres (mas não todas), que passam a vida a tentar encontrar um homem que lhes dê uma relação significativa, os pensamentos de muitos homens (mas nem todos, graças a todos os santinhos da corte celeste) são muito mais superficiais que isso. Tudo o que uma mulher tem de fazer é estar razoavelmente bem e satisfazer-lhe os desejos, mantendo-se no estado geral em que a adicionou ao guarda-roupa. Os céus não permitam que elas ganhem borboto, desbotem, ou, ó anátema, alarguem. É que se alargarem vão ter de ir para o armário e ser substituídas por outras e ir às compras é uma chatice. Nisto também eles são criaturas de hábitos.Tal como muitas mulheres sem juízo nem bom senso, os homens não têm a noção do ridículo nas mulheres. Nenhum modelo está acima da sua idade ou tipo físico, dando o aspecto geral de uma mulher de sessenta enfiada num modelo pensado para uma de vinte. É patético, mas nem por isso deixam de o fazer. É que, percebem, nós, as mulheres, temos a mania que nunca estamos à altura deles. Uma mulher que tenha um homem bonito, ou tem uma dose brutal de autoconfiança (facto raríssimo entre as mulheres), ou morre mil mortes sempre a achar-se feia e desajeitada e que vai ser trocada por uma mulher mais nova, ou mais bonita, ou mais magra ou simplesmente por outra. Os homens não. Tudo se adequa aquele corpinho (independentemente de como o corpinho é) e nada está acima das suas capacidades de ancorar o troféu adequado. Podem ter a modelo mais linda da estação que acham sempre, mas sempre, que podem arranjar melhor (em vez de se benzerem vinte vezes e agradecerem ao destino a mulher maravilhosa que lhes caiu na rifa).Depois, quando finalmente conseguem encontrar o modelo que lhes sirva e os satisfaça, pelo menos naquele momento, o resto das mulheres passa a estar em saldo, ou seja, como nós fazemos, não é que precisemos de mais roupa, mas está ali e é barata e aproveitamos a oportunidade.Felizmente, e para se redimirem, há alguns homens que mantêm o seu próprio sentido de moda e escolhem uma mulher sem estes modismos todos. Esses são os melhores, mas raros. Tal como a peça perfeita de roupa, aquela que nos assenta bem, é confortável e nos torna incrivelmente elegantes, são um num milhão. Mas são os melhores, os únicos que valem a pena...


3 comentários:

Pat disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
elisa disse...

:)!!Acreditas que estava a ser uma manhã cinzenta (pelo menos no humor) de segunda-feira? O teu post fez-me bem à disposição!
Beijinhos e bom início de semana!

Passionária disse...

O humor é uma maneira e ver as coisas, podemos optar pela outra perspectiva, que é a da tragédia. Como eu acho que é melhor rirmos que chorarmos, prefiro a abordagem do humor. Ainda bem que contribui para a alegria da segunda-feira.
:)