Num mundo ideal, em que os homens e as mulheres falassem a mesma língua e vivessem na mesma civilização, este conselho era perfeitamente desnecessário. Não precisava de lhes dizer, meus caros leitores, para serem românticos porque isso lhes sairia naturalmente. Desgraçadamente os únicos sítios em que os homens são naturalmente românticos é nos romances cor-de-rosa e nos filmes antigos, ou seja, em universos perfeitamente ficcionais cuja semelhança com a vida real é perfeita coincidência.Se vocês gostam de se sentir fortes e admirados pelas mulheres que têm ao lado, nós gostamos de nos sentir especiais. Numa sociedade em que os homens são encorajados a ter o maior número de mulheres possíveis e as mulheres a ter o menor número de homens, nós gostamos de saber que somos especiais entre o maralhal de mulheres avulsas que vos caiu aos pés (e sendo vocês manifestamente únicos e especiais têm de ser muitas). Queremos, muitas vezes de uma forma perfeitamente irrealista, saber que somos especiais. Esperamos grandes gestos. E mesmo que no vosso íntimo saibam que não somos, podiam ter a delicadeza de nos fazer sentir queridas e não como se estivéssemos ali a fazer o jeito, que como nós podia ser outra qualquer (como é, muitas vezes, para nossa infelicidade).
O que é realmente engraçado, é que mesmo nas ocasiões em que estão sinceramente apaixonados e idolatram o chão que a mulher da vossa vida pisa, os gestos românticos continuam a não sair. A cultura masculina, para além de vos incentivar à pesca de mulheres por arrastão, (em grandes números), em vez de à linha (em pequenos números não lesivos ao equilíbrio da espécie), também incentiva à circunspecção e ao controlo emocional. Resumindo, ser romântico é uma coisa de gajas e o vosso objectivo é mais a satisfação sexual que a emocional. Quando uma relação falha por falta do componente emocional ficam perplexos, pois aparentemente, ou seja, na cama, tudo corria bem.Sexo, meus amigos, não é romance. É uma parte dele, mas não o todo. Demonstrarem às mulheres o quanto as desejam, apesar do agradável que costuma ser, não equivale a uma declaração de amor, porque nós sabemos bem demais como conseguem separar perfeitamente uma coisa da outra. E não protestem, porque foram vocês que nos provaram isso por A+ B ("Não significou nada querida, foi só sexo"reconhecem a frase?).Assim, se valorizam a relação que têm e a querem conservar forte e saudável, sejam românticos. Podem recorrer aos métodos clássicos e testados com sucesso por gerações de homens, como um jantar romântico inesperado, umas flores, uma carta (e-mails e sms também contam), uns chocolatinhos (desde que se coíbam de dizer que ela não os precisa porque já está gorda que chegue, bem entendido), um passeio de mãos dadas (excelente por ser ecológico, económico e despretensioso), um pequeno-almoço na cama...
Se os métodos clássicos não os satisfazem, podem sempre fazer um pouco de trabalho de pesquisa. Em vez de ignorar olimpicamente o filme de cada vez que elas os arrastam para mais um filme de gajas, prestem atenção. Vejam as reacções delas. Se elas suspirarem ou resmungarem um "porque é que nunca dizes/fazes estas coisas", acharam romântico. Tomem nota mental (ou escrita se sofrerem de problemas de memória crónicos como os do conselho anterior) e adaptem às vossas necessidades e circunstâncias. Oiçam um pouco da música que elas gostam, sobretudo o mais meloso e delicodoce, costuma ser uma fonte inesgotável de inspiração para tiradas românticas espontâneas (cof cof) e para cartas.Se se acharem com forças, improvisem. Façam o inesperado, mostrem-lhes que mesmo passados os primeiros tempos ainda as amam e ainda são especiais. Invistam em grandes gestos, façam serenatas, levem-nas a dançar cheek to cheek mesmo que tenham dois pés esquerdos, elas podem ficar com os pés negros, mas com o coração cheio ficam de certeza. No amor nunca existe ridículo, a não ser que tentem imitar o beijo invertido do homem aranha à chuva, porque isso também já é exagero, ou os bracinhos estendidos do Titanic, para os quais já não há paciência...
10 comentários:
Posso ficar em fil de espera para recrutar com um dos diplomados deste curso sobre as mulheres;)?
lol elisa, no primeiro lugar estou eu...
Visito frequentemente este blog, e cada vez que leio estes posts sobre o homem ideal (não digo "novo", repare, e não é só por motivos políticos) não consigo deixar de pensar que há homens como os que descreve; aqueles a que Elisa, no comentário anterior, chama engraçadamente "diplomados destes cursos".
Infelizmente, a maioria dos que eu conheço está sozinha. "Falta de testosterona", disse-me um deles, recentemente.
Tem razão, provavelmente: mas quebrar este círculo vicioso parece-me difícil. E a si?
Luis, você não me esconda nada, se sabe onde estão, conte-me tudo, não omita nada. Qual é o seu habitat natural, onde se escondem, como caçam? Sobretudo e o mais importante, tem moradas, números de telefone, fotografias tipo passe? Se tiver mande ali para a caixa de encomentas que eu e outras como eu, a Elisa, a maioria das minhas amigas ser-lhe-emos eternamente gratas acredite... é que daqui nós não damos com nenhum desses, é só filhos da mãe, passivos-agressivos, dependentes emocionais, machões da bobadela e sacanas avulsos. Os homens sensiveis, simpáticos, atenciosos e inteligentes que conheço estão todos casados, têm namorada ou são gay. Não têm falta de testosterona, têm é falta de disponibilidade...
ah sim Luis, e se puder ser, permita que o seu perfil fique acessível, assim posso retribuir a gentileza e visitá-lo também.
Minha cara Passionária (já agora: honnit soit qui mal y pense - como se chama?) você já teve a gentileza de linkar o meu blog, recentemente. Não gosto de disponibilizar o perfil, porque quero poder deixar comentários sem que os autores dos blogues pensem que estou a promover o meu à custa do deles.
A sua resposta ao meu comentário abre inúmeras portas para mais comentários. Fá-los-ei provavelmente depois do horário de trabalho, se não se importa. Deixe-me só dizer-lhe já que estou inquieto:
os homens que não estão (passe-me a abreviação) caçados ou gays são todos "filhos da mãe, passivos-agressivos, dependentes emocionais, machões da bobadela e sacanas avulsos"? Bolas, tenho que repensar o meu narcisismo (falta essa categoria na sua taxinomia).
Ora, Luís, o narcisistas é universal, lol, nem vale a pena referir ;).
Quanto ao seu perfil, já vi. Foi só dar um saltinho ao technorati. Obrigada pelos links. Deixe-me só dizer, em minha defesa, que a música é um complemento aos textos, considere os meus posts como performative art. Uns sem os outros não fazem sentido. Se escolher não ouvir a musica do blog é só desligá-la...
Aguardando ansiosamente a lista dos disponíveis...
Queria escrever torrentes depois do trabalho, mas depois do trabalho meteu-se o jantar, e depois do jantar o cinema (no meio, o duche: tomo banho impreterivelmente todos os meses, mesmo nos meses em que não é preciso). Chego a casa e as torrentes desvanecem-se, transformam em riachos abúlicos, anoréxicos e mirrados. Será do filme a culpa? Não sei. Fui ver o Little Miss Sunshine (a tadução portuguesa é odiosa, ou confrangedora, como preferir).
O filme é fantástico, mas agora é tarde e tenho que começar a preparar-me para o exército de vietnamitas que amanhã me vem limpar o apartamento, arrumar as meias e tirar os pelos da banheira - a vantagem de não tomar banho todos os dias é que eles secam e assim é mais fácil limpá-los. Já o mesmo, coitadas, não se pode dizer da loiça. Ainda estou para saber como é que a mãmã (assim mesmo, com dois tiles) fazia, que tinha a casa sempre num brinco, podia-se comer no chão.
Bom, a lista também fica para amanhã, mai-los números de telefone e a marca de whisky favorita.
Sabe o que dizia o Einstein, Luis? Que nunca tomava notas, porque as ideias realmnente boas que tinha eram boas e não se lhe esqueciam...
necessario verificar:)
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