quinta-feira, maio 03, 2007

EMO

Para aquelas de nós que passam a vida rodeadas de adolescentes, a ponto de achar que as pessoas vêm todas naquele formato, as modas culturais são fenómenos interessantes, a maior parte das vezes cómicos e tão efémeros que nos fazem sentir velhas de tantos que já vimos.
Dos deliciosos grunge da nossa adolescência até aos dias de hoje já vimos chegar e partir mais estilos que aquilo que gostamos de nos lembrar. Desde a malta trance e neo-hippy aos metrossexuais já vimos de tudo-mesmo. Mas poucas modas são mais irritantes que os Emo que povoam escolas e bares por esse mundo fora.
Claro que se vocês não passam os vossos dias rodeadas de adolescentes ou jovens adultos, uma pergunta se impõe: o que é um emo? Ah, minhas amigas, antes não quisessem saber.
A palavra emo vem de emocional e designa, grosso-modo homens lingrinhas de cabelo preto sobre os olhos, escadeado, e uma tendência alarmante para a depressão, as roupas pretas, os ténis all stars, casacos informes de malha preta, piercings e albuns dos Placebo ou dos My Chemical Romance e All American Rejects. Um emo não fala, choraminga. Um emo está permanentemente de luto pela vida porque e cito "life is pain", quer porque a namorada o deixou ou porque se acabou a tinta preta de cabelo no supermercado para retocar as raízes. Um emo escreve poesia, tal como ele, deprimente, ouve musica deprimente, veste-se de forma deprimente e tem espaços no myspace ou no hi5 igualmente deprimentes. Não é que não sejam atraentes, que são, têm um certo ar de vulnerabilidade andrógena muitas vezes irresistível. Mas um homem emo é um perigo atroz.
Minhas amigas, se encontrarem um homem emo (sim, não são todos adolescentes impressionáveis) fujam. Se não der para fugir, despertem a cabra que há em vocês e dêm um pontapé metafórico no rabo daquele ar de cachorrinho abandonado e famélico. Nunca, mas nunca, sob hipótese ALGUMA, lhes deixem desprtar o lado maternal e lhes dêm colo. É praticamente o mesmo que criar uma colónia de cascavéis na banheira do vosso apartamento: estúpido, letal e perfeitamente escusadinho.
Eu sei, minhas queridas, o chato que é lidar com os homens de hoje em dia, são insensíveis, fechados e tão divorciados das próprias emoções que parece que as guardam num continente diferente daquele que habitam. MAS, e este mas é importante, vocês não querem um homem tão emocional e sensível que vos faz parecer monstros insensíveis da mais gelada pedra. Não querem um homem cheio de devaneios depressivos e vontade de fazer um pacto suicida com a mulher da sua vida para acabar com a dor de existir. É insustentável. Após a primeira semana de agradável contraste de estarem com um homem que vos conta exactamente como se sente, ou são arrastadas para o seu mundo e se transformam numa emo (sim, porque emo é estado de espírito, não género ou orientaçao sexual), ou dão em doidas. Agora, perguntem-se a vocês mesmas: estão mesmo dispostas a passar a vida com um mau cabelo preto escadeado (vosso ou dele, tanto faz), ou a ir parar a uma bela cela almofadada? I don't think so. E vão por mim, queridas, que tenho experiência pessoal no assunto.
Claro que há outro cenário possível: alguém no vosso círculo pessoal já é emo. E agora? Antes de mais, minhas queridas, recebam toda a minha solidariedade e simpatia. Depois, os conselhos. A primeira coisa que têm de se capacitar é que é, muito provavelmente, uma fase passageira. Antes um namorado emo que um que saia todas as noites para bares frequentados por cidadãs brasileiras e de leste que o convidam a pagar-lhes copos. A segunda é a de se manterem firmes: nem mais uns ténis all star para o guarda-roupa, nem mais um cinto de tachas ou umas Levis pretas, nem mais um blusão de desporto retro (à anos 70) azul marinho. Quando a roupa cair de velha e podre e tiver de comprar nova, com sorte já a moda passou. Se forem ainda estudantes, deixem-nos acabar os estudos. Nada como uma boa dose de vida real, de contas para pagar e responsabilidades para curar estes devaneios. Se tiver de trabalhar em vez de amuar no quarto, na casa dos pais, não vai ter tempo nem vontade de se pôr a cortar pulsos e a dizer que a vida não faz sentido. Por último, e se nada disto resultar, transformem o pontapé metafórico no posterior do moço num pontapé a sério. Parece duro, mas às vezes uma mulher tem de fazer o que tem de fazer e eles até agradecem: uma rejeição dá-lhes material para dezenas de poemas deprimentes e amuos que a vida é dor. E assim ficam os dois contentes...

4 comentários:

bruxinha disse...

Fantástico!
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Passionária disse...

lol bruxinha, isso é que é respeitinho... beijinhos e bom fim de semana

Anónimo disse...

Concordo com tudo! tenho tido alunos assim e, relamente, o teu retrato esta perfeito!

Passionária disse...

por acaso, um dos teus era, lembrei-me dele quando escrevi o texto. Os meus, o pior que lhes podes chamar é emo, é um insulto terrível, lol. Beijinhos