Já reparei, muitas vezes, em conversas com amigas, conhecidas, colegas de trabalho, que as mulheres são péssimas umas para as outras. E nem sequer estou a falar de situações em que se justifique, de rivalidade ou injustiça, mas de conversas rotineiras, do dia-a-dia. A quantidade de veneno que, enquanto género, dispensamos é avassaladora.
As nossas relações com os nossos pares, ou melhor, as nossas pares, são substancialmente diferentes das que os homens desenvolvem entre si. Li em qualquer parte que os homens se encaram como concorrentes, competidores, e nós encaramo-nos como rivais. E a diferença é que para os primeiros há regras e desportivismo e para as segundas guerra sem tréguas. Uma das coisas que sempre me irritou nos homens foi o sentido quase corporativo que demonstram, a lealdade para com os seus colegas de género. Mas por mais irritante que essa atitude em particular seja para nós, há que reconhecer que é muito mais construtiva que o nosso sistema de ferroadas de veneno constantes.
Evolutivamente há alguma desculpa para este comportamento para esta atitude: a nossa espécie tem um período muito longo em que as crianças estão dependentes dos mais velhos e competir por um macho que fique por perto para os ajudar a criar é mais que simplesmente um jogo agradável. Mas é engraçado de ver que nesta época em que supostamente as mulheres são independentes e não ter o dito macho por perto não é grande drama, a mesma competitividade continua a existir.
Quer seja uma atitude inscrita no nosso código genético, quer seja um meme, inscrito no código genético da nossa cultura, da nossa espécie, chegámos a esta época esclarecida em que continuamos a ser, e não há muitas maneiras delicadas de o dizer, umas cabras umas para as outras. Durante o século XIX, sobretudo na segunda metade, com o advento dos estudos sociais, acreditava-se que cabia às mulheres serem as guardiãs dos valores morais. Não aos homens, que eram seres falíveis e facilmente conduzidos pelos seus instintos mais baixos, mas às mulheres, por natureza mais castas e mais elevadas (cof cof cof). Esta atitude, por mais parva que pareça dita em voz alta (e deixem que refira aqui que não considero nenhum género superior ao outro), permanece saudável e fresca na nossa mente.
Somos demasiado exigentes connosco e com as nossas companheiras de género. Achamos que temos o dever moral de ser perfeitas, de fazer tudo bem: profissionais competentes, mães extremosas, amantes sensuais, tudo tem de ser absolutamente perfeito. O cabelo tem de estar arranjado, as unhas arranjadas, as rugas e o peso sob controlo, as roupas impecáveis. Não nos damos chance de relaxar, nem a quem está à nossa volta. Recusamo-nos a aceitar que precisamos de ajuda, ou sequer até de solidariedade. A irmandade feminina é, no geral, apenas um mito. Quando uma volta costas logo as outras estão prontas com um ou outro comentário venenoso. E é vergonhoso admitir, mas neste aspecto em particular os homens são melhores, muito melhores que nós.
5 comentários:
Este post faz-me lembrar aquela anedota muita antigo sobre as respostas que um homem obtém se a mulher não for dormir a casa e telefonar para as suas dez melhores amigas: todas dirão "não, ela não dormiu aqui". O mesmo se se passar com uma mulher cujo marido não apareceu: obtém dez respostas a dizer, "sim, ele dormiu cá em casa esta noite".
Que engraçado o teu texto e sabes que tenho de concordar contigo.
Também a anedota acima postada é deliciosa! Bjos Nô
Concordo com os dois. a anedota é gira :)
Já reparaste como uma sala cheia de "profs" se enquadra bem no teu "delicious" post... Há momentso em que se compete até pela simples atenção ... das nossas "pseudo" rivais... e todas elas nos tratam com um largo sorriso estampado no rosto! Cinismo? Talvez...
My dearest friend, I agree with you 100%...
Have a good weekend... kisses
P*
Ó p. onde achas tu que vou buscar inspiração? Logicamente ao que conheço melhor...
beijocas
i.
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