sexta-feira, junho 20, 2008

Run, Lola, Run

A premissa deste filme é interessante: Manny, o namorado de Lola, está metido num sarilho: perdeu uma pipa de massa de um traficante perigoso. Lola tem 20 minutos para resolver o assunto, apresentando o filme três possíveis desenlaces que variam de final dependendo de pequenas acções que Lola faz ou não faz. A pertinência aqui para o blog, assumidamente feminista é clara: não andamos nós, anos, décadas, a correr atrás de homens? Ah pois.
Na verdade, nunca estamos livres disso, dessa ansiedade que nos faz sentir a urgência de correr, de partir à procura, como se a terra saísse do seu eixo se não fossemos ao seu encontro, seja ele quem for, ou se fossemos morrer se não nos afastássemos. A nossa vida sentimental está muitas vezes cheia dessa angústia, dessa urgência. A vida não está, simplesmente, feita para se estar sozinho.
Parece-me que levamos as coisas demasiado a sério, demasiado aflitas. Enquanto não começa andamos a correr para que comece, enquanto dura andamos aflitas para que não acabe, se acaba andamos como umas galinhas desasadas a recontar os nossos passos: o que poderiamos ter feito para que não acabasse, o que fizemos de mal que redundou na tragédia de termos sido deixadas, ou e termos de deixar alguém?
As pessoas que ficam connosco, as que valem a pena, dão trabalho, mas não dão angústias. Ficam, são família, estão lá para nós. Podem dar chatices, mas não obrigar-nos a andar de um lado para o outro, não a correr atrás. Assim que se um homem nos obriga a correr para todo lado, se nos causa essa urgência, essa dor de alma, devemos parar para pensar. E correr noutra direcção, se for preciso. Há muito a dizer a favor sobre as pessoas que são os nossos pontos de chegada, e não de das que são ponto de fuga.

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