quarta-feira, junho 25, 2008

A canção do bandido

Os Da Weasel TÊM de deixar de dar o ouro ao bandido. A sério. É que assim é demasiado óbvio. No retratamento já tinham dado uns toques (perdoem a piadinha) do que era uma canção de engate, mas neste "Toque Toque" é quase ridículo: toda a conversa de chacha, todo o coro já ouvido está ali. Se algum dia escrevessem um livro chamado "Coros para Totós", como aqueles que há para a informática e assim, esta música podia perfeitamente servir de credo e de resumo. Acredito que todas nós, de uma forma ou outra já um dia ouvimos esta conversa. E porquê? Primeiro, porque os homens são capazes e dizer tudo e mais alguma coisa para nos aliviar de camadas de roupa. Depois, porque resulta. Ora vejam:
Eu preciso de sentir aquele toque feminino, imagino
Que me possas entender erradamente então declino
Qualquer intenção que não a de trocar uma impressão
Opinião, informação, e, quem sabe, emoção?
Hora e meia de concerto e tou meio estourado
Preciso de um cigarro, sentar um bocado:
Fica do meu lado porque tou interessado
Em quase tudo menos sexo sem significado, então
"Vem fazer de conta" e acredita em mim...
Podemos falar do Manel, ou das canções do Jobim
Hoje tou memo assim, com uma carência sem fim
E quero saber tudo de ti, timtim por timtim
Vou trocar de roupa dá-me só um minuto
Queres um bom vinho tinto ou um champagne bruto?
Já caguei no duto, tou seguro, resoluto
E a vida deve ser levada com olhar de puto

Fácil fácil brincadeira de criança
Eu tava preso e tu pagaste-me a finaça
O toque é certo, equilibra a balança
Lança lança lança a tua dança

Nós não temos que, mas podemos se
Dá-me tempo para que te mostre quem sou
O toque acusou fez-se musica e cantou
Para te mostrar que sou

Perigosamente perto, absolutamente certo
O teu sorriso brilha e deixa-me liberto
Pega na minha mão, vou-te tirar a pressão,
Nunca durmo na primeira noite, haja ou não tesão
Por isso baza à minha casa, só para um pouco de,
Nós não temos que, mas podemos se...
Pausamos na descontra com som ou tv
Eu tenho fox na cabo stand up em dvd
Quê quê quê, sorriso duvidoso?
Não tenho abilidade para coro manhoso
Só covinha na bochecha e olhar curiso
Charme de trapalhão, tu és doce eu sou guloso
Eu dou-te tick-tick, tu dás-me tock tock
Embala slick rick e leva-me a reboque
Eu não sou playboy, rude boy, bad boy,
Pura e simplesmente posso vir a ser u teu boy
Coro

Temos empatia, quem sabe se um dia
A nossa simetria não acaba em sinfonia
Falo com o Massena nos temos boa cena
Dedico-te um poema vamos ganhar um ema
Longe de perfeito digamos que tenho jeito
Para director de casting e o teu timing é perfeito
Dás-me o toque-de-caixa e eu fico em sentido
A tua voz encaixa directo no ouvido
É poesia em movimento no terceiro andamento
Dum concerto em Sol maior, para tocar em casamento

Coro


Estão a ver o que quero dizer? Devagar, devagarinho, com jeito, jeitinho lá damos por nós na manhã seguinte sem saber como raios nos deram a volta. E esta é a resposta: casualmente, com a ideia errada de poder vir a ser mais que aquilo que efectivamente é, uma reboladela no feno com graus discutíveis de satisfação. Nós, minhas queridas, com um bocado de jeito somos muuuuuuuuuuuuuuuuuito parvas... E eles, benza-os deus, sabem-no muito bem.

Kryptonite



O auto-conhecimento é o pai de toda a felicidade. Esta teoria new age e, francamente, abaixo dos meus padrões (a toda a gente foge o pé para a chinela) merece algum crédito. Sobretudo no que diz respeito às nossas fraquezas e defeitos. Porque, minhas caras, por mais cabras feministas seguras e descaradas que sejamos, todas temos aquela falha fatal, aquela fraqueza que nos reduz a uma papa informe: a Kryptonite para as super-mulheres que aspiramos a ser. O que significa que temos de conhecer bem a nossa fraqueza, para evitar o que nos acontece milhares de vezes : dar murros sucessivos em pontas de facas, cair sempre nos mesmos buracos, bater com a cabeça nas paredes... enfim, vocês percebem a ideia.
Aquilo que é fraqueza para as mulheres, aquilo que nos deixa mais indefesas que o super-homem com a nefasta pedra verde nem sempre é a mesma coisa. Afinal somos humanas e não uma comunidade animal com comportamentos geneticamente codificados e bastante previsíveis. Algumas de nós ficam uma papa informe com um homem bonito, outras com um inteligente, outras com uma criaturinha indefesa... Eu, por exemplo, resisto muito mal a um underdog. Depende, obviamente das nossas próprias neuroses e inadequações. Li em qualquer lado que a ligação perfeita com um homem se dá quando as suas neuroses e as nossas se completam. Acredito que o inverso também é verdade: há pessoas que ecoam o pior das nossas neuroses, alimentando-as e incapacitando as nossas defesas, assim um bocado como a lexívia e o detergente, que, em si, são inofensivas, mas que juntas criam uma reacção desgraçada e vapores tóxicos (peço desculpa pela metáfora doméstica, estive a limpar o chão e bom, enfim, traumas).
As nossas Kryptonites vêm, quase sempre, dos piores lados de nós: da nossa estupidez canina ao escolher parceiros, da nossa vontade de controlo e de sermos mãezinhas, da nossa vaidade, da nossa cegueira. Se é verdade que não está lá muito nas nossas mãos escolher por quem nos apaixonamos, também é verdade que podemos, mais, que devemos reflectir sobre as nossas próprias escolhas. Se parece bom demais para ser verdade, normalmente é. Seguindo o princípio de Occam, a explicação mais simples é a verdadeira. Por outro lado, se a nossa atracção nos parece a mãe de todas as más ideias, então devemos igualmente pensar bem e, com um bocado de sorte, resistir-lhe. Porque ao contrário do Super-Homem, que não tinha capacidade de resistir à Kriptonite, nós temos. Custa, mas temos. Porque se não o fizermos corremos o risco de, como disse acima andar uma vida inteira a dar murros em pontas de facas, cair sempre nos mesmos buracos, dar com a cabeça nas paredes, enfim, vocês percebem a ideia...
Como dizia Sócrates (o filósofo, não o irritante) , conhece-te a ti mesmo. E agora vou acabar o texto,que hoje estou tão filosófica que nem eu me suporto a mim mesma.

sábado, junho 21, 2008

A constatação do óbvio



A ciência descobriu há pouco tempo que o cérebro dos homens homossexuais funcionava como o das mulheres. Claro que a isto uma pessoa só tem uma coisa a dizer: DAH... Então não se está mesmo a ver que sim?
A evolução sabe o que faz. Se o nosso cérebro precisa de ligações efectivas entre os dois lobos e funciona, no geral, melhor e mais rapidamente que o dos homens, por alguma coisa é. Da maneira que os homens são, sabem os santinhos todos que precisamos de um cérebro que consiga dar conta do recado. Ora se os homens homossexuais têm, basicamente, o mesmo público-alvo, efectivamente que têm o cérebro como precisam de o ter, ou dariam em doidos em menos de nada.
A dona C., mãe da S. , diz muitas vezes e eu não posso deixar de achar que é uma verdade escrita na pedra: eles (os homens), não pensam como a gente. E se os queremos amar, sejamos mulheres ou homens, é bom que estejamos preparados para lidar com ela.

sexta-feira, junho 20, 2008

Run, Lola, Run

A premissa deste filme é interessante: Manny, o namorado de Lola, está metido num sarilho: perdeu uma pipa de massa de um traficante perigoso. Lola tem 20 minutos para resolver o assunto, apresentando o filme três possíveis desenlaces que variam de final dependendo de pequenas acções que Lola faz ou não faz. A pertinência aqui para o blog, assumidamente feminista é clara: não andamos nós, anos, décadas, a correr atrás de homens? Ah pois.
Na verdade, nunca estamos livres disso, dessa ansiedade que nos faz sentir a urgência de correr, de partir à procura, como se a terra saísse do seu eixo se não fossemos ao seu encontro, seja ele quem for, ou se fossemos morrer se não nos afastássemos. A nossa vida sentimental está muitas vezes cheia dessa angústia, dessa urgência. A vida não está, simplesmente, feita para se estar sozinho.
Parece-me que levamos as coisas demasiado a sério, demasiado aflitas. Enquanto não começa andamos a correr para que comece, enquanto dura andamos aflitas para que não acabe, se acaba andamos como umas galinhas desasadas a recontar os nossos passos: o que poderiamos ter feito para que não acabasse, o que fizemos de mal que redundou na tragédia de termos sido deixadas, ou e termos de deixar alguém?
As pessoas que ficam connosco, as que valem a pena, dão trabalho, mas não dão angústias. Ficam, são família, estão lá para nós. Podem dar chatices, mas não obrigar-nos a andar de um lado para o outro, não a correr atrás. Assim que se um homem nos obriga a correr para todo lado, se nos causa essa urgência, essa dor de alma, devemos parar para pensar. E correr noutra direcção, se for preciso. Há muito a dizer a favor sobre as pessoas que são os nossos pontos de chegada, e não de das que são ponto de fuga.

quinta-feira, junho 19, 2008

Dream Team




Costumo achar que há coisa pior que um homem fanático por futebol, como por exemplo a proverbial perna partida. Mas torna-se por demais evidente, por altura e europeu ser necessário encontrar uma estratégia de sobrevivência. Podemos tentar passar ao lado do fenómeno, mas não é muito fácil: todo o país está doente de selecção. Assim o melhor é juntar-nos ao fenómeno. E olhem que para qualquer mulher de sangue quente, que tenha um interesse mais que puramente académico na espécie masculina vale bem a pena. Afinal de contas, temos vinte e dois homens no seu apogeu físico a correr, suados de calções para contemplar devidamente. E essa contemplação é ainda mais compensadora se pudermos tecer comentários em voz alta para os nossos mais-que-tudo poderem ouvir e resmungar. A minha querida amiga Jane Bond sugeriu-me, nestas circunstâncias, fazer uma dream team do futebol, não no sentido que os homens o fazem, de bons jogadores e mais não sei o quê, mas sim de jogadores BONS, aqueles que protagonizariam os nossos sonhos mais frescos. Como treinador desta dream team sugiro o único, o special one, José Mourinho.




A posição de guarda-redes só poderia ser entregue ao Vitor Baía, de quem fui fã a minha vida toda. Já não joga futebol, mas continua a ser um hunk de primeira água.
A minha prima S. e a Jane Bond são unânimes em incluir Figo na nossa lista.
Depois há ainda Ballack (alemão, mas mesmo assim o mocinho merece.

e ainda o islandês Eidur Gudjohnsen (ice, ice baby).


A lista, como vêm, está incmpleta, mas espero que a meia-dúzia de leitoras que por aqui parem me dêm mais nomes aqui para a dream team. Vejam sempre bom futebol ;) . E bom, já que falamos disso... FORÇA PORTUGAL.





quinta-feira, junho 12, 2008

O fenómeno Happy Tree Friends

Os desenhos animados são irresistíveis: um bando de criaturinhas amorosas acaba por, nesta série, encontrar formas atrozes de morte, normalmente envolvendo eviscerações e objectos aguçados desagradáveis em partes do corpo que não deveriam estar. Os meus alunos são unânimes: em termos de séries de desenhos animados, estes são do mais cool.
Pronto, admitamos. enquanto espécie, somos um nojo. E a série dos happy tree friends só vem prová-lo: quanto mais querido e doce se é, quanta mais sacarina se contém, mais nos rezam pela pele. E nem pensem que me estou a excluir deste número e a armar-me em filistina santinha, mais ética e ó-tão-politicamente-correcta que toda a outra gente: encontro tanta satisfação nos happy tree friends tanto quanto os meus queridos e sanguinários adolescentes.
Admitidamente,apesar de não me acontecer muitas vezes, já dei por mim a desejar, se não a morte por esmagamento ou uma tesoura espetada no olho a uma colega mais happy tree friend, pelo menos algo de distintamente desagradável, como um surto de acne ou um furúnculo especialmente virulento no traseiro perfeito e sem celulite das ditas.
A vida é negra. É desagradável. É horrorosa. Estão sempre a acontecer coisas que são um nojo a quem não merece. Poderemos então aceitar sem insulto de vómito essas criaturas que são invariavelmente risonhas e optimistas, tão upbeat que parecem uma rampa de lançamento de foguetão? Eu, pelo menos, confesso ter muita dificuldade em o fazer. Por mais que que tente soa-me sempre a falso, a esforço a mais para o risinho, para ver que há sempre um spin positivo para tudo o que acontece. Se quisermos ser literários e não Manga, o Cândido de Voltaire enche-me de desconfiança. Nem eu, que sou uma criatura pordemais maternal me dou ao luxo de ser sempre boazinha, nem as melhores criaturas que conheço evitam o momento de irritação, o mau feitio, a exasperação.
Regressamos, portanto, à premissa do início: a espécie humana é um nojo. Não há ninguém que seja bonzinho mesmo muito inho e fofinho mesmo muito inho que escape á faca metafórica do nosso desdém nas costas, ao alfinete-de-ama da nossa desconfiança atravessado num olho. O que é mau, cínico e alvitante, mas infinitamente catártico. E muito, mas mesmo muito, humano.

Eye Candy

Michael Hutchence
Su, mana, obrigada por me lembrares dele. Ele merece(ia).

quarta-feira, junho 04, 2008

Feministas Eméritas



"Beauty is in the eye of the beholder and it may be necessary from time to time to give a stupid or misinformed beholder a black eye".


Miss Piggy

E depois eu é que sou exigente


Ora vejam a lista da Alanis Morissette:


21 things I want in a lover

Do you derive joy when someone else succeeds?
Do you not play dirty when engaged in competition?
Do you have a big intellectual capacity but know
That it alone does not equate wisdom?
Do you see everything as an illusion?
But enjoy it even though you are not of it?
Are you both masculine and feminine? politically aware?
And don't believe in capital punishment?

These are 21 things that I want in a lover
Not necessarily needs but qualities that I prefer

Do you derive joy from diving in and seeing that
Loving someone can actually feel like freedom? are you funny?
la self-deprecating? like adventure? and have many formed opinions?

These are 21 things that I want in a lover
Not necessarily needs but qualities that I prefer
I figure I can describe it since I have a choice in the matter
These are 21 things I choose to choose in a lover

I'm in no hurry I could wait forever
I'm in no rush cuz I like being solo
There are no worries and certainly no pressure in the meantime
I'll live like there's no tomorrow

Are you uninhibited in bed? more than three times a week?
Up for being experimental? are you athletic?
Are you thriving in a job that helps your brother? are you not addicted?
...curious and communicative...

segunda-feira, junho 02, 2008

A luta de todas nós



Jane Bond says:


“Acabei de chegar ao escritório. É segunda-feira de manhã e já tenho vontade de fugir daqui aos berros como uma doida. Não há paciência! A nova colega - americana claro - está a ter uma sessão de cevada ao rabo... Tudo começou com um elogio para ela. Ai estás tão gira hoje. Claro que a galinhagem tinha que começar logo ou até parecia mal, não era? Vai daí que ela se lança numa tirada sobre o vestido que está a usar que é vintage, claro, de uma estilista caríssima, mas que lhe custou só não sei quanto, que os sapatos que a turca tem são lindíssimos ao que a outra responde que não está verdadeiramente tempo para eles, mas não importa, porque senão têm que ficar para o ano e Deus proíba que os sapatos sejam de outro ano senão o corrente, e mais as unhas e o cabelo e a mala... MEU DEUS!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Recuso-me a participar disto. Recuso-me a ceder ao impulso de lhes enfiar os meus Doc Martens pelo traseiro acima ou de lhes enfiar as unhas e o cabelo e o batom da Aveda na máquina de destruir papel - como raio é que se chama isso em Português - até só sobrarem tirinhas. Como raio é que estas galinhas de meia idade conseguiram transformar a minha segunda feira num exercício de nervos que não há meditação ou headfones que curem????????????''


Para a minha Jane que escreveu o texto e para todas as que com ele se identificam, vai todo o meu conforto e solidariedade. A minha luta é a vossa luta, a luta de todas nós...