quinta-feira, julho 13, 2006

The Guys

A verdade dura, mas que não pode ser escamoteada, é que os homens têm amigos. Ou melhor, não só amigos, mas um grupo, ou aqueles gajos que são amigos dos homen desde muito antes de os conhecermos e, lamento pensar nisso, continuarão amigos depois de nós termos sido dispensadas ou bazado por nossa própria iniciativa.
Acreditem, o grupo de amigos do vosso namorado ou marido está para ficar e não há nada que possam fazer contra isso.
Um dos meus princípios é que, tanto quanto possível, se evitassem as associações de mais de dois homens por grupo, e mesmo assim já estou a ser magnânima. Os homens não funcionam bem em conjunto. Se pensarmos nos seus rituais de solidificação de intimidade são actividades físicas brutais ou alcoólicas ou, de preferência, as duas coisas. Os homens em conjunto emporcalham-se, batem-se, chamam-se nomes, falam dos rabos das mulheres. É uma visão do inferno.
Domesticar um homem até níveis aceitáveis de civilização, e não estou a falar de mudar-lhe a personalidade mas de levá-lo a comer com dois talheres e três tipos diferentes de copos, dá um trabalho desgraçado. Uma mulher tem de usar todo o seu charme para convencer um homem que é do seu melhor interesse arrumar a casa, vestir roupa sem nódoas, meter as latas de cerveja no lixo, deixar a playstation de lado, cortar o cabelo de uma forma decente. Ter um grupo de amigos que gozam com o pobre ser confuso que se está a transformar num "frouxo", num "maricas" ou num "banana" só porque comprou flores à namorada, chegou a casa mais cedo a pedido da mulher, cancelou o jogo de futebol de sábado para acompanhar a namorada a uma exposição, é desmoralizante.
O grupo de homens não é um grupo, é uma matilha onde cada um abdica de um pouco da sua individualidade para pertencer, para encaixar. O grupo de homens é o último reduto da macheza formada entre os filmes do Steven Seagal e as revistas Gina e Playboy, a última guardiã dos valores masculinos da brutezazinha, do alarvezito, do cão de caça, cabendo-lhe cercear de raiz cada laivozinho íntimo de sensibilidade que um mais incauto tenha a pouca inteligência de demonstrar. Individualmente os homens são criaturas perfeitamente aceitáveis e agradáveis. Em grupo, são uma coisa temível.
Para lidar com os amigos dos homens, sobretudo se forem as perigosas matilhas acima descritas, resta às minhas caras leitoras três soluções. A primeira é, simplesmente, ignorá-los. Como quando uma pessoa vê algo que é indelicado e não é de bom tom fazer notar. Ganham imenso em paz de espírito mas correm riscos. Apesar de não agirem sem provocação, os gajos do grupo do vosso namorado ou marido podem achar que não são boas o suficiente ou que o estão a amolecer e convencê-lo a arranjar alguém mais parecido com a Pamela Anderson. A segunda estratégia é juntar-se a eles. É muitissimo eficaz, é dar xeque-mate ao inimigo, mas acreditem, não é para todos os estômagos. Perguntem a vocês mesmas quantas sessões de futebol ou horas de playstation, ou campeonatos de bebida aguentam. Se a resaposta for muitos, estão lançadas para a vida, se não, têm um sofrimento agudo e constante à vossa espera. A terceira estratégia é declarar-lhes guerra. Eles podem ser muitos e amigos há muito tempo, mas aquelas horas de doce amor que dão ao vosso homem eles não podem dar (e se puderem, algo de muito errado se passa com o vosso homem). Usem toda a astúcia, toda a manipulação que considerem necessária para afastar o vosso homem desses gajos que vos amargurem. Tenham é em atenção que os homens, se demasiado manipuláveis não têm qualquer piada (digam o que disserem, acho o livre arbítrio num homem extremamente apelativo), e que se declararem guerra ao grupo de amigos é uma guerra para a vida, pois por mais mentirosos e desleais às companheiras os homens são leais e verdadeiros com os amigos. Ponham-se em guarda.


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