quarta-feira, abril 22, 2009

Stand by your man


Quando eu era adolescente e o meu conhecimento do inglês era pouco mais que rudimentar, esta música da Tammy Wynette, uma luminária do country, parecia-me muito bem. Pelo que eu percebia era acerca de ficarmos ao lado do nosso homem e apoiá-lo. Parecia-me, aliás, ainda hoje me parece, que ter lealdade com os homens que estão do nosso lado e nos amam é uma decisão eminentemente sábia. Só dali a uns anos, quando já tinha mais vocabulário é que percebi o alcance da coisa. A ideia era ser leal ao nosso homem, pois, mas o stand by your man era mais na onda do aguenta-te com o homem que te saiu na rifa, mesmo que te traia.
Ora vocês, se me têm lido com atenção sabem que desaprovo todo e qualquer comportamento que nos equipare a uma carpete, por iso este stand by your man causa-me engulhos e, como diz a minha avó, gómitos. E gómitos porque tolerar todas as traições de um homem só porque, coitado, é homem e o pénis que vem de origem o impede de forma clara de pensar como deve ser não é comportamento que se aceite. Digo eu, pelo menos.
Vá, eu sei perfeitamente que, como nunca fui casada não sei o que faz falta, os sacrifícios necessários para manter um casamento, mas deixem-me que lhes diga, mesmo assim acho que tenho uma boa ideia. Tolerar chifres gigantescos não é uma coisa que eu considere que deva estar no rol daquilo que constitui uma boa esposa.
Os homens não percebem porque é que nós ficamos tão aborrecidas com traições (sim, porque andarem a trocar flúidos corporais com pessoas alheias ao serviço é quase uma boa acção recomendada aos escuteiros, como ajudar velhinhas a atravessar a rua), não compreendem porque isso corresponde à quebra de votos e promessas que eu, pelo menos, levo muito a sério, e ao jogar da lealdade para o lixo. E a lealdade, aliada à honestidade, deve ser a base de uma relação, ou então não vale a pena.
Nunca gostei de relações desiqulibradas, em que um gosta mais que o outro, em que um pode mais que o outro, em que um manda mais que o outro. Ser leal implica lealdade do outro lado, ser fiel, fidelidade, ser honesto, honestidade. Uma relação em que um faz o que quer e se safa das consequências porque, coitado, já naceu assim e o outro, ou melhor, a outra cala, engole e perdoa é das coisas mais desiquilibrada, mais injustas que pode haver.
De modos que continuo a gostar da música, mas cheguei à conclusão bíblica de que da árvore do conhecimento só brota a desilusão. Enfim. Já se se conseguisse convencer a Tammy Wynette a canta a música sem uns quantos versos seleccionados era outra conversa. Ora leiam:

"sometimes its hard to be a woman
giving all your love to just one man
you'll have bad times
and he'll have good times
doing things you don't understand
but if you love him
please forgive him
even though hes hard to understand
and if you love him, oh be proud of him
'cause after all hes just a man

stand by your man
give him two arms to cling to
and something warm to come to
when the nights are cold and lonely
stand by your man
and show the world you'll love him
keep giving all the love you can
stand by your man

and if you love him
oh be proud of him
'cause after all hes just a man

stand by your man
give him two arms to cling to
and something warm to come to
when the nights are cold and lonely
stand by your man
and show the world you love him
and keep giving all the love you can
stand by your man "

5 comentários:

IrisCairo disse...

Cara passionária, tenho seguido com muito interesse o seu blog, porque muito do que escreve traduz os meus pensamentos e ideias. Sendo divorciada, concordo plenamente com o que diz neste seu texto, até pelo que passei e vivi. Por esta altura já deve estar enfastiada com o meu desabafo, sorry. Gostaria ainda de lhe pedir algo: não gosto de apropriar-me nem das palavras, nem das ideias dos outros. Tudo o que não é meu tem a referência da fonte de onde retirei a informação. Adorei a "oração das mulheres resolvidas" e, se me permitisse, gostaria de colocá-la num dos meus posts, com a devida indicação. If not, respeito perfeitamente e agradeço desde já.

Passionária disse...

Iris:
A oração também não é minha, como disse no texto. Esteja à vontade para a colocar no seu. Calculo que a autora original não se importaria de alegrar os dias e os blogs das restantes de nós.
Quanto ao que diz do meu blog, agradeço-lhe as palavras. Tento escrever textos honestos, a verdade tal como a vejo. Se serve para confortar, apoiar ou ajudar quem me lê, ainda bem. Obrigada por me seguir.

Vicente disse...

Há uma velha piada, segundo a qual, todas as complicações relativas ao entendimento entre os géneros resultam de um pequeno engano do criador, que deu ao homem um cérebro e um pénis, mas não lhe deu sangue suficiente para poder usar os dois ao mesmo tempo :-)

Passionária disse...

Vicente, deve saber concerteza que há um motivo para as antigas piadas serem repetidas uma e outra vez e não passarem de moda, não sabe? Lol

IrisCairo disse...

Merci bien. Continuarei a ler os seus textos com muito agrado. Bom resto de semana!