Uma vez por outra, se tivermos sorte, aparece uma coisa qualquer, ou uma pessoa qualquer que nos abala o sistema e os esquemas mentais. Esta espécie de terremoto moral de 2009 resume-se na pessoa de Susan Boyle. E resume-se nela não tanto pelo talento mas mais pela pessoa.
Estamos acostumados a boas vozes, outra coisa não esperamos. Mas esperamos que essa voz seja também acompanhada pela boa figura. Vem-me a Susan Boyle com uma escolha trágica de vestido e o cabelo grisalho, as sobrancelhas como Deus lhas deu e solta-me aquela voz estupenda e pronto, lá está o nosso mundo abalado.
A sociedade em que vivemos é preguiçosa e auto-complacente, espera que os seus símbolos sejam claros e definidos. Voz de anjo= figura de anjo, beleza=bondade, gordura=estupidez, fealdade= maldade. O ar de sopeira de Susan Boyle pura e simplesmente não se enquadra neste esquema.
Eu acredito firmemente que não é suposto sermos perfeitos. Acredito que as nossas imperfeições, as nossas falhas são uma forma de nos manter humildes e fieis a nós próprios. Evitam a arrogância. E no entanto, a obsessão com a perfeição física é uma das, senão A grande força motivadora da sociedade. Até que, uma vez por outra, pessoas como a Susan Boyle nos fazem lembrar de uma verdade básica que nunca deviamos esquecer mas esquecemos sempre: as aparências são apenas isso, aparências. E descobrimos, mais uma vez, e infelizmente por pouco tempo, a pólvora: não devemos julgar as pessoas pelo seu aspecto. Mas como Yeats, no seu poema para Anne Gregory, tomamos frequentemente a atitude cínica, amando, julgando as pessoas por coisas inanimadas que não as definem:
Estamos acostumados a boas vozes, outra coisa não esperamos. Mas esperamos que essa voz seja também acompanhada pela boa figura. Vem-me a Susan Boyle com uma escolha trágica de vestido e o cabelo grisalho, as sobrancelhas como Deus lhas deu e solta-me aquela voz estupenda e pronto, lá está o nosso mundo abalado.
A sociedade em que vivemos é preguiçosa e auto-complacente, espera que os seus símbolos sejam claros e definidos. Voz de anjo= figura de anjo, beleza=bondade, gordura=estupidez, fealdade= maldade. O ar de sopeira de Susan Boyle pura e simplesmente não se enquadra neste esquema.
Eu acredito firmemente que não é suposto sermos perfeitos. Acredito que as nossas imperfeições, as nossas falhas são uma forma de nos manter humildes e fieis a nós próprios. Evitam a arrogância. E no entanto, a obsessão com a perfeição física é uma das, senão A grande força motivadora da sociedade. Até que, uma vez por outra, pessoas como a Susan Boyle nos fazem lembrar de uma verdade básica que nunca deviamos esquecer mas esquecemos sempre: as aparências são apenas isso, aparências. E descobrimos, mais uma vez, e infelizmente por pouco tempo, a pólvora: não devemos julgar as pessoas pelo seu aspecto. Mas como Yeats, no seu poema para Anne Gregory, tomamos frequentemente a atitude cínica, amando, julgando as pessoas por coisas inanimadas que não as definem:
"NEVER shall a young man,
Thrown into despair
By those great honey-coloured
Ramparts at your ear,
Love you for yourself alone
And not your yellow hair.'
'But I can get a hair-dye
And set such colour there,
Brown, or black, or carrot,
That young men in despair
May love me for myself alone
And not my yellow hair.'
'I heard an old religious man
But yesternight declare
That he had found a text to prove
That only God, my dear,
Could love you for yourself alone
And not your yellow hair.'
Como Yeats concluímos que só Deus, e mais ninguém consegue amar para além das aparências, do "Yellow Hair" do poema. O que é uma conclusão triste e exasperante. Por cada Susan Boyle descoberta haverá sempre centenas delas não descobertas. O mundo quer mais Rhiannas, mais Beyonces, mais Brittneys. E volta tudo ao que era. Lá se vai a descoberta da pólvora. Mais uma vez.