Não é que tenha nada contra os homens, porque não tenho. Só não gosto de infantis, meninos da mamã, traiçoeiros infieis, cobardes e insensíveis. É culpa minha que a maioria da população masculina se encaixe numa destas categorias? Não é, pois não?
terça-feira, julho 31, 2007
segunda-feira, julho 30, 2007
Ingmar Bergman 1918-2007
A culpa é do Bryan Adams
Estava eu no carro enquanto a minha amiga P enchia o depósito quando comecei a reflectir (quem me conhece sabe que as minhas melhores ideias vêm, infalivelmente, quando estou num posto de abastecimento). Por que motivo é que as mulheres da minha idade, aquelas que estão agora nos trinta são, na sua maioria mais papalvamente românticas que as piquenas das gerações seguintes. Como ainda não estou convencida (apesar de alguns sinais alarmantes) que o problema está no QI médio das mulheres, nem na genética (que mutação genética haveria nas mulheres que nasceram até 1960 e nos deram à luz justificaria isto? Na altura quase não havia químicos, era tudo ar puro...), a luz fez-se: tinha de ser cultural mesmo.
Ora vejamos, a cultura popular sim, está muito diferente. Enquanto nós, na pré-adolescência andávamos a ver Candy-candy ou Anne of the green gables, esta malta vê Morangos com açúcar. Torna-se óbvia a visão diferente do que é amor transmitida nesta idade vulnerável, não torna? Pois. Mas pronto, deixemos de lado referências culturais referentes à televisão, pois não são experiências verdadeiramente comparáveis, uma vez que nós só tinhamos um canal, enquanto que agora têm quarenta ou cinquenta por onde escolher. Pensemos, por exemplo, em filmes. Os filmes que marcaram a nossa adolescência são todos grandes lamechices sobre o triunfo do amor. Nós somos as espectadoras do apogeu da Meg Ryan, poramordedeus... Desde Top Gun, a Oficial e cavalheiro, a When Harry Met Sally, ao Ghost... Quem foi ver o Titanic, hein? Quem povoava as salas dos filmes da Sandra Bullock? Nós. As miúdas das gerações a seguir cresceram com American Pies e Jackass e assim. Ora, mulheres que vêm o Jackass estão menos atreitas a acreditar que os homens são seres minimamente coerentes e amorosos que mulheres que não viram, certo? Mas enfim, rejeitemos também a influência do cinema, pois é, tal como a televisão, um conceito diferente para nós e para eles (nós vimos surgir o vídeo, somos versadas em Bollywood porque era o que havia disponível, elas ripam os filmes que ainda nem estrearam da net). Avancemos para o ponto onde eu quero chegar: se excluirmos a TV e o cinema como fontes contaminantes de romantismo pop, o que sobra? A música, claro.
Ora, a música sim é, mais ou menos universal. Apesar de não ouvirmos música da mesma forma e nos mesmos sítios, ouvimos, na nossa impressionável adolescência, tanta música como as adolescentes que nos seguiram. Aquilo que estava disponível para ouvir é que, minhas amigas passou de tóxico a abre-olhos.
Nós, as raparigas desta idade (se alguém se atreve a voltar a chamar "madura" fica com, pelo menos, dois olhos roxos, que não sou figo para estar madura) somos as últimas a saber o que era um slow, a descobrir o que era dançar assim. Nós, a geração slow (refiro-me assim por uma questão prática de identificação) encaramos a dança a dois como uma coisa romântica em que estamos abraçadinhas a partilhar emoções. Já as gerações seguintes, a geração dance ou a geração kizomba mais facilmente troca secreções que emoções, if you get my meaning. Não estou a dizer que isso é mau, reparem, pelo contrário. Acho refrescante que a música actual transmita as coisas como elas são às raparigas. Assim não vão ao engano à procura de príncipes, sabem logo que há é sapos por todo lado, uns mais repugnantes que outros. Rapariga que cresça a ouvir, por exemplo, o 50Cent a cantar o Candy Shop sabe bem o que esperar: nada de anel, mas um pouco de diversão nunca fez mal a ninguém, pois não?
"[50 Cent]
I'll take you to the candy shop
I'll let you lick the lollypop
Go 'head girl, don't you stop
Keep going 'til you hit the spot (woah)
[Olivia]
I'll take you to the candy shop
Boy one taste of what I got
I'll have you spending all you got
Keep going 'til you hit the spot (woah)"
Já nós, não. Nós andavamos a ouvir Bryan Adams, nós sabiamos (e ainda sabemos) de cor as canções dele. Nós ouviamos e acreditávamos que poderia haver profundidade emocional no homem médio a ponto de não só sentir como também verbalizar coisas como estas:
"To really love a woman
To understand her - you gotta know her deep inside
Hear every thought - see every dream
N' give her wings - when she wants to fly
Then when you find yourself lyin' helpless in her arms
Ya know ya really love a woman
When you love a woman you tell her
that she's really wanted
When you love a woman you tell her that she's the one
Cuz she needs somebody to tell her
that it's gonna last forever
So tell me have you ever really
- really really ever loved a woman?
To really love a woman
Let her hold you -
til ya know how she needs to be touched
You've gotta breathe her - really taste her
Til you can feel her in your blood
N' when you can see your unborn children in her eyes
Ya know ya really love a woman"
estão a ver o potencial tóxico da coisa? Isto é o chemical warfare do mundo do romance. Instala-se directamente no sistema nervoso central e bam, estamos contaminadas: somos umas românticas inveteradas e nem os desapontamentos (previsíveis, claro, a pensar assim) que tivemos na vida servem de antídoto. Quando muito ficamos cínicas, mas sabem o que dizem dos cínicos, certo? Românticos incuráveis que foram magoados muitas vezes.
"[50 Cent]
I'll take you to the candy shop
I'll let you lick the lollypop
Go 'head girl, don't you stop
Keep going 'til you hit the spot (woah)
[Olivia]
I'll take you to the candy shop
Boy one taste of what I got
I'll have you spending all you got
Keep going 'til you hit the spot (woah)"
Já nós, não. Nós andavamos a ouvir Bryan Adams, nós sabiamos (e ainda sabemos) de cor as canções dele. Nós ouviamos e acreditávamos que poderia haver profundidade emocional no homem médio a ponto de não só sentir como também verbalizar coisas como estas:
"To really love a woman
To understand her - you gotta know her deep inside
Hear every thought - see every dream
N' give her wings - when she wants to fly
Then when you find yourself lyin' helpless in her arms
Ya know ya really love a woman
When you love a woman you tell her
that she's really wanted
When you love a woman you tell her that she's the one
Cuz she needs somebody to tell her
that it's gonna last forever
So tell me have you ever really
- really really ever loved a woman?
To really love a woman
Let her hold you -
til ya know how she needs to be touched
You've gotta breathe her - really taste her
Til you can feel her in your blood
N' when you can see your unborn children in her eyes
Ya know ya really love a woman"
estão a ver o potencial tóxico da coisa? Isto é o chemical warfare do mundo do romance. Instala-se directamente no sistema nervoso central e bam, estamos contaminadas: somos umas românticas inveteradas e nem os desapontamentos (previsíveis, claro, a pensar assim) que tivemos na vida servem de antídoto. Quando muito ficamos cínicas, mas sabem o que dizem dos cínicos, certo? Românticos incuráveis que foram magoados muitas vezes.
Assim, minhas queridas, a próxima vez que cairem numa esparrela que uma miuda de doze anos conseguiria ver ao longe, não se sintam tão mal. Pensem em toda a musica romântica, lenta e doce que ouviram nos anos oitenta e noventa que vos moldou o espírito e deixem de lado um pouco da vossa culpa. E se não resultar, repitam como um mantra até acreditarem: a culpa é do Bryan Adams. Pôr a culpa num homem pode não ser justo, mas faz-nos sempre sentir melhor...
quarta-feira, julho 25, 2007
Histórias de Fadas para Meninas Más
sexta-feira, julho 20, 2007
Sete maneiras seguras de dar com uma mulher em doida
Muitas mulheres dirão que um homem, só por ser homem, consegue dar com qualquer boa e tolerante mulher em doida. Mas claro que isto aqui é um blog responsável e, apesar de não haver provas científicas credíveis, estou disposta a acreditar que seres decentes e queridos, sérios, responsáveis e apaixonados existem. Afinal, com menos provas há gente por aí a acreditar no Yeti ou nos extraterrestres, por muito menos o Dan Brown vende livros. Claro que se formos à estatística, vemos que o homem médio consegue, e sem grande ajuda, com as suas próprias mãos levar a mulher média à loucura (furiosa, criminosa ou loucura mesmo, tanto faz). O texto de hoje vai-se debruçar sobre as estratégias usadas de forma mais comum pelo macho da espécie juntamente com, sempre que possível, dicas para lidar com isso. Não são mezinhas, minhas queridas, apenas saber de experiência feito. Eu, como o Dr Phil da SIC gaja não dou soluções, só temas de reflexão.
Maneira número 1- O tratamento do silêncio. É natural os homens falarem menos que nós, os pobrezinhos não só usam só um lóbulo do cérebro, como ainda por cima têm uma área de linguagem mais pequena que a nossa no cérebro. O problema é logo físico, não lhes podemos levar a mal. Mas claro que tudo tem os seus limites. O tratamento do silêncio consiste em falar o menos possível, e quando se fala, é apenas com monossílabos. Não vos enlouquece responderem-vos constantemente com Hum, Ah, e Pois? Como se estivessem só a fazer ruídos de assentimento e não realmente a ouvir? Não as faz querer ir buscar o rolo da massa quando lhes dizem um " mas o que é que queres que diga?" É disso que estou a falar. Claro que se um homem não fala connosco, começamos logo a fazer filmes tipo, talvez esteja farto de mim, talvez já não me ame etc. etc. Acreditem, leva uma mulher aos abismos desesperados da loucura... A solução é simples: se um homem não fala convosco, deixem de falar com ele. De todo. Façam todas as comunicações com ele por e-mail ou SMS, mesmo quando estão em casa os dois, ou melhor, SOBRETUDO quando estão os dois na mesma divisão. Nada melhor que um SMS a dizer: Amor da minha vida, põe a TV mais baixo para o fazer ver os erros do seu comportamento.
Maneira número 2- a crítica: Diferente do modelo de homem que não fala nem que a sala em que está esteja em chamas, temos o género de homem que não se cala. O homem que, cada vez que abre a boca, sai asneira, ou melhor, crítica. Este é o tipo de homem para o qual está sempre tudo mal, desde o ponto do pudim à cor do verniz das unhas. Nunca nada do que temos/somos/fazemos está bem o suficiente. Quase sempre menino da mamã, este tipo de homem leva as mulheres a fazer de duas uma: ou esforçar-se ao máximo para lhe agradar até se apagar completamente, ou a comprar uma faca de cozinha bem grande e ter ideias assassinas. Se por acaso tiverem um homem destes, têm de fazer a vocês próprias perguntas incómodas: será que o meu homem é secretamente gay e odeia as mulheres, descarregando nelas a sua frustração? Será que o meu homem é um menino da mamã que não consegue cortar de modo nenhum o cordão umbilical? Será que o meu homem é um retentivo anal sádico que quer a dispensa arranjada de forma alfabética e os chinelos quando chega a casa como se vivesse nos anos 50? Se a resposta for sim a qualquer destas três perguntas, meninas, estão num sarilho. Ou partem para o ataque em vez de se porem á defesa, respondendo com críticas à letra, ou o mandam plantar batatas . E se bem que a primeira solução é infinitamente mais divertida, a segunda ganha pela paz de espírito que traz, believe me.
Maneira número 3- mensagens confusas: Um homem que transmita mensagens confusas é um inferno. Estes são aqueles que, pela linguagem verbal e não-verbal nos fazem desesperar para descodificar o que querem. Tipo: aproxima-te/afasta-te. Amo-te/não te amo. Fala comigo/cala-te. Vocês que, por esse mundo sofrem com homens destes, juntem-se ao clube. Esta mania de nos puxarem e repelirem leva-nos à loucura total, porque nem sequer podemos ficar furiosas: afinal entra o nosso instinto maternal e temos pena dos próprios coitados (e, por conseguinte, ódio por nós que confundimos os pobrezinhos). Isto não tem grandes alternativas: ou cortam de raiz e mandam os indecisos plantar batatas, ou então esperam que se decidam. Um sofá bem confortável, um divã, mesmo, recomenda-se vivamente, já que pode demorar um bocado.
Maneira número 1- O tratamento do silêncio. É natural os homens falarem menos que nós, os pobrezinhos não só usam só um lóbulo do cérebro, como ainda por cima têm uma área de linguagem mais pequena que a nossa no cérebro. O problema é logo físico, não lhes podemos levar a mal. Mas claro que tudo tem os seus limites. O tratamento do silêncio consiste em falar o menos possível, e quando se fala, é apenas com monossílabos. Não vos enlouquece responderem-vos constantemente com Hum, Ah, e Pois? Como se estivessem só a fazer ruídos de assentimento e não realmente a ouvir? Não as faz querer ir buscar o rolo da massa quando lhes dizem um " mas o que é que queres que diga?" É disso que estou a falar. Claro que se um homem não fala connosco, começamos logo a fazer filmes tipo, talvez esteja farto de mim, talvez já não me ame etc. etc. Acreditem, leva uma mulher aos abismos desesperados da loucura... A solução é simples: se um homem não fala convosco, deixem de falar com ele. De todo. Façam todas as comunicações com ele por e-mail ou SMS, mesmo quando estão em casa os dois, ou melhor, SOBRETUDO quando estão os dois na mesma divisão. Nada melhor que um SMS a dizer: Amor da minha vida, põe a TV mais baixo para o fazer ver os erros do seu comportamento.
Maneira número 2- a crítica: Diferente do modelo de homem que não fala nem que a sala em que está esteja em chamas, temos o género de homem que não se cala. O homem que, cada vez que abre a boca, sai asneira, ou melhor, crítica. Este é o tipo de homem para o qual está sempre tudo mal, desde o ponto do pudim à cor do verniz das unhas. Nunca nada do que temos/somos/fazemos está bem o suficiente. Quase sempre menino da mamã, este tipo de homem leva as mulheres a fazer de duas uma: ou esforçar-se ao máximo para lhe agradar até se apagar completamente, ou a comprar uma faca de cozinha bem grande e ter ideias assassinas. Se por acaso tiverem um homem destes, têm de fazer a vocês próprias perguntas incómodas: será que o meu homem é secretamente gay e odeia as mulheres, descarregando nelas a sua frustração? Será que o meu homem é um menino da mamã que não consegue cortar de modo nenhum o cordão umbilical? Será que o meu homem é um retentivo anal sádico que quer a dispensa arranjada de forma alfabética e os chinelos quando chega a casa como se vivesse nos anos 50? Se a resposta for sim a qualquer destas três perguntas, meninas, estão num sarilho. Ou partem para o ataque em vez de se porem á defesa, respondendo com críticas à letra, ou o mandam plantar batatas . E se bem que a primeira solução é infinitamente mais divertida, a segunda ganha pela paz de espírito que traz, believe me.
Maneira número 3- mensagens confusas: Um homem que transmita mensagens confusas é um inferno. Estes são aqueles que, pela linguagem verbal e não-verbal nos fazem desesperar para descodificar o que querem. Tipo: aproxima-te/afasta-te. Amo-te/não te amo. Fala comigo/cala-te. Vocês que, por esse mundo sofrem com homens destes, juntem-se ao clube. Esta mania de nos puxarem e repelirem leva-nos à loucura total, porque nem sequer podemos ficar furiosas: afinal entra o nosso instinto maternal e temos pena dos próprios coitados (e, por conseguinte, ódio por nós que confundimos os pobrezinhos). Isto não tem grandes alternativas: ou cortam de raiz e mandam os indecisos plantar batatas, ou então esperam que se decidam. Um sofá bem confortável, um divã, mesmo, recomenda-se vivamente, já que pode demorar um bocado.
Maneira número 4- ciúmes. Os ciúmes é o pior. Como não sou ciumenta, o onde quando com quem e porquê pidescos não têm piadinha nenhuma. Se bem que um bocadinho de ciúmes é giro, muitos é psicopata. Pensem cinco vezes se querem mesmo um homem destes. Se sim, aguentem e não se queixem.
Maneira número 5- a desarrumação. Não sou fanática da arrumação. No geral costumo achar que a mente é uma coisa desperdiçada em trabalhos de casa. Claro que traço a linha definitiva da tolerância de quando uma casa deixa de ter um ar vivido e bem usado e passa a ser um foco de infecção e/ou peste bubónica. Os homens que escolhem encontrar sítios novos e criativos para a roupa interior suja, como a gaveta dos talheres levam uma mulher média facilmente à loucura e não é preciso grande esforço de imaginação para perceber porquê.
Maneira número 6- retenção anal. Um homem picuinhas, retentivo anal com todos os pormenores é a minha definição de inferno pessoal. Um homem que me dá lições sobre a maneira correcta de fazer a dobra do lençol, que planeia até ao último cêntimo uma saída ou que coordena por cores a sua roupa no armário não só me deixa numa vergonha, como me leva ao desespero da loucura. E pelo que já ouvi dizer às minhas amigas e conhecidas, não estou sozinha nisso.
Maneira número 7- A avareza. A não ser que vocês próprias sejam avarentas, um casal onde ELE seja avarento, é um inferno. E, por uma feliz coincidência, um homem avarento é frequentemente controlador e crítico, oh joy. Já viram o que é gerir um orçamento familiar com um picuinhas avarento? Oh inferno. Claro que a avareza tem um bom remédio. Contou-me uma amiga minha que o marido se queixava frequentemente dos gastos astronómicos de supermercado que faziam todos os meses. Ela ouviu e calou, foi deixando acabar tudo na despensa. Quando só já restava no frigorífico o proverbial queijo bolorento e o frasco de mostarda, deu a lista de compras ao marido e mandou-o ao supermercado. Ele nunca mais se queixou, foi remédio santo...
Maneira mais comum : Serem eles mesmos. Não há solução, lamento, às vezes basta-lhes existir. Azar. Deles, e nosso.
E pronto, chegámos ao fim desta pequena prédica. Tenham em mente que os homens todos, sejam eles de que cor, idade ou feitio sejam as usam uma vez por outra. Mantenham a calma, e tenham em mente que, se tudo o mais falhar, têm sempre a bomba atómica nas vossas mãos. Não há homem nenhum, mas nenhum que persista na sua teimosia com a oferta, directa ou velada de favores sexuais mais ou menos ortodoxos, conforme os gostos. É que lhes nasce logo uma alma nova. E a nós também, diga-se...
terça-feira, julho 17, 2007
quarta-feira, julho 11, 2007
A síndrome do macho alfa
No reino animal, nas espécies que vivem em comunidade, existe frequentemente um macho alfa, um indivíduo dominante que, pela sua força e pujança, domina os restantes machos e fêmeas. A ele cabe o privilégio de se alimentar primeiro, de decidir o rumo do grupo, e de ter todas quantas fêmeas desejam. Numa espécie como os leões-marinhos, por exemplo, o macho alfa tem o monopólio das fêmeas, acumulando um harém. Quanto aos outros machos, azar, ou lutam, muitas vezes até à morte para conseguir subir na hierarquia do grupo, ou está destinado a uma vida de celibato eterno.
Se acham que estão a ler por engano um texto do National Geographic por engano, não desistam ainda, já vou directa ao ponto. Se repararem com a atenção que um miúdo de três anos dá ao relatório da bolsa, percebem logo que os seres humanos do sexo masculino têm mais em comum com matilhas de lobos ou leões-marinhos que o que seria de esperar, nos dias de hoje.É verdade que gosto frequentemente de pensar que os homens são um pouco melhores que cabritos monteses ou orangotangos, mas a verdade verdadinha é que, neste aspecto, são pouco melhores.
O mundo masculino é um mundo de luta, mais ou menos subtil, pelo lugar de macho alfa, e poucos são os homens que têm a grandeza civilizacional de lhe escapar.Se é lugar comum pensar que todas as mulheres têm instintos maternais, não o é menos a ideia que todos os homens querem ser machos alfa. Mas sabem com é, os lugares-comuns por alguma razão o são. Sem a influência civilizadora feminina os homens ficam satisfeitos com formas mais ou menos elaboradas de lutas e jogos de poder, senão é vê-los nos seus tempos livres. O que é um jogo de futebol, de poker, céus, até de xadrez, senão formas simbólicas de luta pelo domínio?A ideia de virilidade que nos chega através dos tempos está carregada desta ideia de macho agressivo e sexualmente dominante, autoritário.
Homem que é homem, nunca tem dúvidas e raramente se engana. Ou, como diz mais um lugar-comum, não pára para pedir instruções. Já sabem a do Moisés andar perdido no deserto quarenta anos por não parar para pedir indicações, não sabem? Pois.
Reparem para o exemplo do uber macho alfa, o 007. Incrivelmente assertivo e seguro de si, dono de um magnetismo animal que é qualquer coisa, sexualmente poderoso, com um harém de mulheres bonitas cujos joelhos se transformam em papa só por estarem na mesma sala que ele...Não digo que os homens não sofram com esta imagem de masculinidade, porque sofrem. Como nem todos podem ser machos alfa- there can be only one, Duncan, os que não o são sofrem horrores de frustração e impotência. Depois, como os machos alfa são, por natureza, duros e seguros de si, tudo o que é dúvida ou fraqueza, ou sensibilidade é um defeito que é melhor abafar. Se pensam que os homens são frios e insensíveis por si ( que são), têm de ver que toda a ideia de masculinidade da nossa sociedade os arrasta para isso, e, a não ser os homens que vivem em remotas sociedades matriarcais algures numa ilha do Pacífico, todos têm de tentar, tanto quanto possível, encaixar nele. E a verdade é que, em termos da pura propagação da espécie, os machos alfa têm mais sucesso, e as mulheres, como seres também instintivos que são, os parecem preferir.
Em termos biológicos, os homens estão programados para a luta pela dominação do grupo, como o estão para disseminarem a sua semente tanto quanto possível em toda a fêmea disponível (imagem encantadora, verdade?), mas, e aqui está outro grande MAS, a humanidade evoluiu um poucochinho mais, coisa pouca, que as sociedades dos lobos ou dos leões marinhos. Criámos civilizações cada vez mais complexas e sofisticadas, mandámos homens para a Lua, mas não somos capazes nem por decreto de evitar que os nossos machos se comportem como macacos acabados de cair da árvore rumo à savana, ao caminhar bípede e ao polegar oponível... Damn it.
Pessoalmente, os machos alfa deixam-me desconfortável e desconfiada, não tenho grande tolerância para integrar haréns de fêmeas adoradoras, não respondo a ordens directas e distanciamento emocional já tive que chegue, muito obrigado. Muito menos tenho vontade de andar com um homem que sente a necessidade constante de mostrar aos amigos que a tem maior, quer seja por ter um carro melhor, por ser mais inteligente, ter mais músculos, ou por ter uma(s) namorada(s) troféu. Não há paciência. A sério. Não digo que gosto de capachos, antes pelo contrário, mas continuo a achar que deve haver um meio-termo entre aqueles que fazem competições com os amigos para ver qual aguenta mais álcool, dá melhores murros, tem uma pilinha maior e um tapete da sala, não?
terça-feira, julho 10, 2007
Eye Candy
sexta-feira, julho 06, 2007
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