Desde a proverbial maçã que o facto é sobejamente conhecido: mulheres e homens não comunicam. Se alguém me perguntar o que era o mundo antes de Adão e Eva serem expulsos do paraíso, era um mundo onde estavam todos em consonância de sentimentos e opiniões, sendo, como utopicamente diz a bíblia, carne de uma só carne em corpos diferentes.
O que se passa agora não poderia estar mais longe dessa utopia de carne de carne. Um homem médio e uma mulher média vivem em mundos tão diferentes que quase se pode dizer com acerto que são de planetas diferentes. Consideremos o exemplo de um homem médio, agora nos seus trintas. Este homem foi um homem quase de certeza educado no firme e claro princípio de que os homens não choram. Jogou à bola, coleccionou cromos e os cartões das pastilhas gorila que tinham aviões, cresceu a não mexer uma palha em casa. Quando chegou à altura começou a ler Ginas, gozou com os colegas mais fraquinhos, afastou-se como das sete pragas do Egipto tudo o que pudesse ser vagamente sensível ou feminino, foi ver os filmes do Swazeneger. Agora vejamos as vivências de uma mulher média da mesma geração: brincou sempre com bonecas, viu a Candy Candy, o Norte e Sul e uma boa dúzia de novelas brasileiras. Fez colecção de folhinhas coloridas, ou de chávenas de café ou de lápis giros. Quando chegou a altura começou a ler a Cosmopolitan ou, noutro segmento, a Maria. Foi ver as comédias românticas do Hugh Grant e chorou, lamechas, os êxitos do Bryan Adams (e quem não sabe a letra do Heaven não merece o ar que respira). Se virmos bem, desde a infância que o mundo das mulheres e o dos homens não se cruza. É um milagre que tenham conseguido falar uns com os outros o suficiente para se conhecerem uns aos outros e desenvolverem relacionamentos. Um verdadeiro milagre.
Há um cartoon muito famoso onde está um casal abraçado e a mulher pensa no coração e o homem na forma de coração... mas de um rabo feminino. É como se para além de sexos diferentes fossem de planetas diferentes. A culpa até nem é só dos homens, se pensarmos nisso. A verdade é que os rapazes e os homens são condicionados para agir e pensar de uma determinada forma e que não é muito fácil para eles. Deve ser muito incómodo para um homem médio passar a vida a avaliar os atributos físicos das mulheres, saltaricar em quantas camas o deixarem e depois raspar-se, trair as namoradas com outras só porque estão à mão. É um sacrifício extremo que eles fazem e quase me causa lágrimas, e tudo em nome da masculinidade que a sociedade lhes impõe... Assim como é incómodo para as mulheres terem de arranjar sobrancelhas, depilação a cera quente e dieta durante toda a santa vida para corresponder aos padrões de beleza... Ironias à parte, deve ser tão duro para eles aprender a reprimir os sentimentos como para nós é conformar-nos com o modelo de feminilidade submissa que tradicionalmente nos compete. Porque, da maneira que as coisas estão, as relações são um campo de minas.
As mulheres são educadas desde pequenas para manifestarem sentimentos e terem empatia para com os sentimentos alheios tanto quanto os homens são para serem corajosos e manterem o sangue frio, para serem protectores e fortes. Os quadros mentais serão por isso sempre diferentes num sexo e no outro, o discurso, a milhas de distância.
O que se passa agora não poderia estar mais longe dessa utopia de carne de carne. Um homem médio e uma mulher média vivem em mundos tão diferentes que quase se pode dizer com acerto que são de planetas diferentes. Consideremos o exemplo de um homem médio, agora nos seus trintas. Este homem foi um homem quase de certeza educado no firme e claro princípio de que os homens não choram. Jogou à bola, coleccionou cromos e os cartões das pastilhas gorila que tinham aviões, cresceu a não mexer uma palha em casa. Quando chegou à altura começou a ler Ginas, gozou com os colegas mais fraquinhos, afastou-se como das sete pragas do Egipto tudo o que pudesse ser vagamente sensível ou feminino, foi ver os filmes do Swazeneger. Agora vejamos as vivências de uma mulher média da mesma geração: brincou sempre com bonecas, viu a Candy Candy, o Norte e Sul e uma boa dúzia de novelas brasileiras. Fez colecção de folhinhas coloridas, ou de chávenas de café ou de lápis giros. Quando chegou a altura começou a ler a Cosmopolitan ou, noutro segmento, a Maria. Foi ver as comédias românticas do Hugh Grant e chorou, lamechas, os êxitos do Bryan Adams (e quem não sabe a letra do Heaven não merece o ar que respira). Se virmos bem, desde a infância que o mundo das mulheres e o dos homens não se cruza. É um milagre que tenham conseguido falar uns com os outros o suficiente para se conhecerem uns aos outros e desenvolverem relacionamentos. Um verdadeiro milagre.
Há um cartoon muito famoso onde está um casal abraçado e a mulher pensa no coração e o homem na forma de coração... mas de um rabo feminino. É como se para além de sexos diferentes fossem de planetas diferentes. A culpa até nem é só dos homens, se pensarmos nisso. A verdade é que os rapazes e os homens são condicionados para agir e pensar de uma determinada forma e que não é muito fácil para eles. Deve ser muito incómodo para um homem médio passar a vida a avaliar os atributos físicos das mulheres, saltaricar em quantas camas o deixarem e depois raspar-se, trair as namoradas com outras só porque estão à mão. É um sacrifício extremo que eles fazem e quase me causa lágrimas, e tudo em nome da masculinidade que a sociedade lhes impõe... Assim como é incómodo para as mulheres terem de arranjar sobrancelhas, depilação a cera quente e dieta durante toda a santa vida para corresponder aos padrões de beleza... Ironias à parte, deve ser tão duro para eles aprender a reprimir os sentimentos como para nós é conformar-nos com o modelo de feminilidade submissa que tradicionalmente nos compete. Porque, da maneira que as coisas estão, as relações são um campo de minas.
As mulheres são educadas desde pequenas para manifestarem sentimentos e terem empatia para com os sentimentos alheios tanto quanto os homens são para serem corajosos e manterem o sangue frio, para serem protectores e fortes. Os quadros mentais serão por isso sempre diferentes num sexo e no outro, o discurso, a milhas de distância.
Recuso-me a pensar que os homens só pensam em sexo e só agem para conseguir gratificação sexual. Isso seria passar-lhes um atestado de menoridade intelectual, tornando-os uns seres comparativamente menos civilizados que os golfinhos. Alguma coisa sentirão. Como as mulhrese sentem amor, ódio, raiva, ciúme. A chatice é que as mulheres podem falar disso à vontade (e falam, normalmente até à exaustão) e os homens não. Homem que é homem não quer ser jamais apanhado a dizer coisas como: acho que deveriamos repensar o rumo da nossa relação, ou, não gosto quando não falas comigo muito tempo porque me sinto ignorado. Mesmo que o pense. Não lhe fica bem. Por este mesmo motivo têm a relação que têm com os telemóveis. Para eles são objectos práticos e funcionais a ser usados parcimoniosamente. Para as mulheres, extensão da sua pessoa. Ficam perplexos porque a namorada se desfez em lágrimas fungando: "tu despachas-me ao telefone" ou "não te custava nada ligares para dizer que estavas bem". A eles nunca lhes passaria pela cabeça ligar a não ser que tivessem informação específica e vital a transmitir. É uma luta constante.
Assim e neste estado de coisas, ou esperamos que a sociedade mude, tentando, como diz o Leonard Cohen no seu "First We Take Manhattan" mudar o sistema por dentro e morrer de aborrecimento até que dê resultado ou metemos as mãos na massa e tentamos comunicar. Assim, mulheres, não sejam tão tagarelas, homens, por todos os santinhos, falem, liguem, mandem mensagens ou e-mails. Em último caso, como diz o Carlos Tê, usem o inglês. Como diz a música dos Clã? Só pra dizer que te Amo, Nem sempre encontro o melhor termo, Nem sempre escolho o melhor modo. Devia ser como no cinema, A língua inglesa fica sempre bem E nunca atraiçoa ninguém. O teu mundo está tão perto do meu, E o que digo está tão longe, Como o mar está do céu...
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