Antes de começar a ferir susceptibilidades antes de tempo, deixem-me só dizer que não estou a tecer nenhum comentário sobre a inteligência do sexo masculino no geral (isto aqui é um blogue sério e nunca recorreria a uma piada fácil como essa). Inteligência intelectual é uma coisa, mas vou falar apenas de inteligência emocional.
Toda a gente sabe que não importa a idade que se tenha, quando nos apaixonamos retrocedemos automaticamente à adolescência e perdemos toda a inteligência e experiência. Não importa quantas vezes já nos apaixonámos antes, tudo se dilui em frases incoerentes e actos inanes, indignos de putos de quatro anos, frases sem seguimento lógico possível e, no geral, uma enorme figura de parvos. A paixão, como raio que é, cai-nos em cima inesperadamente e fulmina-nos o bom senso e uma alarmante quantidade de neurónios. E este é o cenário normal.
O problema com os homens inteligentes começa quando, no meio da paixão mais cega ele consegue manter os olhos abertos. OOPS.
A maioria dos homens são bastante fáceis de perceber, emocionalmente falando. Percebemos o que querem e como e quando. Percebemos as suas ambições (uma cerveja, futebol, sair com os amigos, uma gaja muita boa para fazer inveja aos amigos...) e aceitamo-las até com uma certa ternura, porque a tradição ainda é o que era. Quando o homem comum se apaixona fica tão inepto como qualquer mulher, oferece flores desastradamente, veste camisas passadas, tenta dar um ar sofisticado e vivido à casa, vai com a namorada jantar a sítios com toalhas de verdade. E isso não é assustador.
Aquilo que é assustador é o arquivilão do sentimento, é um homem ao mesmo tempo frio e determinado, que consegue usar as emoções a seu bel prazer. Um homem inteligente é aquele que sabe exactamente o que dizer, embebedando as mulheres com as suas palavras (consigo ver os nossos futuros bebés a brilhar nos teus olhos) por contraste com os normaizinhos que vão dizendo o que podem, às vezes com consequências desastrosas (fica-te muito bem essa roupa, não que as outras te fiquem mal mas esta faz-te mais magra porque aquela azul que usas cai-te um bocado mal e faz-te barriga... e aí para de falar e de cavar o buraco em que se meteu). Um homem inteligente é aquele que efectivamente sabe manipular as mulheres a entregarem-se com o grau mínimo de entrega da parte dele, o que sabe muito bem que dali a uns meses estará com a proxima vítima emquanto diz à vítima actual que sim senhora a vai amar até à aternidade e lhe oferece duas dúzias de rosas vermelho paixão de pé longuíssimo e orquídeas numa caixa forrada a seda branca. Porque outra coisa que um homem inteligente tem é estilo.
As mulheres estão mais ou menos habituadas à lábia habitual dos homens conseguindo, no geral, passar-lhe ao lado. Com um homem inteligente isso é impossível, porque é tão convincente que parece mesmo real, imita o amor abominavelmente bem, caindo perfeitamente qualquer mulher inteligente na esparrela.
Um excelente exemplo de homem inteligente neste sentido seria o D. Juan, santinho padroeiro de todo o engatatão entediado que vai fazendo marcas no cinto por cada vítima que lhe cai nas mãos. Mas ao contrário dos engatatões de esquina, para quem conta a quantidade e não a qualidade, o nosso homem inteligente é daqueles que querem quantidade e qualidade. Não querem exactamente sexo, mas sim entrega emocional, e só isso servirá. Quando o conseguem, como as pragas de gafanhotos, partem para novos campos.
Se não fosse tão aborrecido e doloroso o encontro com um homem inteligente, era até fácil ter pena deles. Afinal trata-se de criaturas estéreis, incapazes de amar de verdade, incapazer de parar a sua busca incessante de novas mulheres, incapazes de amar e fazer as figuras tristes que graças aos céus todos fazemos quando nos apaixonamos... Mas como fazem tanto mal ninguém lhes consegue perdoar a falha de carácter, muito menos as mulheres por quem eles passaram, e descartaram. Os céus nos defendam de um homem inteligente.
3 comentários:
gosto. dos teus esterótipos e do teu humor cáustico. volto para te ler, de certeza. até uma próxima!
obrigada pela visita e o elogio, Polegar, retribuirei com todo o gosto...
Jane do meu coração, vou pensar nessa hipótese, quando tiver tempo escreverei sobre esses c(r)omos e esses porquês... E tens razão em tudo o resto, na eternização desses homens pelo sofrimento que nos causam. Eu gosto de pensar neles como feridas cicatrizadas: curaram, mas nunca mais fomos as mesmas depois disso.
luv ya
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