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Quer dizer, não se pode dizer que eu fosse ao engano: tinha lido o livro e sabia com o que contava, mas quando nós achamos que já se está no fundo do buraco e se descobre que ainda se pode cair um bocado mais fica-se surpreendida. E chateada, claro.
Aviso desde já que o motivo porque não gosto do livro é puramente snob: irrita-me pensar que teve tanta popularidade este thriller de hóstias quando outros livros superiores escritos por autores incomparavelmente melhores que ele, como o Umberto Eco passam despercebidos. É como aquele aluno esperto que "saca" o trabalho todo da net e tem boa nota porque o professor não sabe nada de computadores. Senti-me ludibriada. Mas pronto, reconheço que apesar de tudo Dan Brown é um aluno mais ou menos aplicado e transmite de forma razoável as teorias sobre o sagrado feminino e o Santo Graal (que nem sequer é nova) e do papel de Madalena nisto tudo. Já o filme não é bem a mesma história.
Se uma vantagem o livro teve foi por o pessoal todo a ver (e apreciar) arte e a tentar interpretá-la. E tudo o que leve a massa consumista a pensar, reflectir, interpretar é bom. No filme tudo aparece diluído e açucarado, como uma papa nojenta açucarada com sacarina e feita passar por açúcar de verdade . Repugnante. As coisas estão tão más em Hollywood que até o mais polémico livro de há uns anos para cá fica equivalente a um iogurte magro sem colesterol e com vitaminas servido a alguém ávido por uma mousse de chocolate caseira. Mas isto também é compreensível, como iria uma indústria feita através de um olhar sexista em relação às mulheres desenvolver e educar as massas no sagrado feminino? Como iria arriscar em desenvolver a ideia numa terra de cristãos evangelistas fanáticos? Ah pois, polémica sim, mas os dólares primeiro... E se o filme rende! quase ultrapassa o nauseabundo recorde do ainda mais nauseabundo Titanic. Nunca lamentei tanto na minha vida os cinco euros e quarenta do bilhete. Se forem ver vão por vossa conta e risco.
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