Depois de se definir o sexo da pessoa, masculino e feminino, traçando desde logo dois limites e planos diferentes de existência, o que se deve ter em conta é a categoria a que cada um pertence. Na realidade estas categorias não têm muito a ver com o sexo a que cada um pertence, mas antes o posicionamento face à vida que se tem. Ou se é bom rapaz ou filho da mãe, ou se é heroína romântica ou mulher fatal. E uma vez dentro da categoria, acreditem, nem um ferreiro pode tirar ninguém de lá. Ou se manda ou se obedece, ou se domina ou se é dominado, ou se ama ou se deixa amar.
Por uma feliz estatística os filhos da mãe encontram sempre uma heroína romântica para atazanar, as mulheres fatais sempre um bom rapaz para traumatizar e transformar num filho da mãe. A felicidade, meus caros, está nos números. Muitas heroinas românticas = muitos filhos da mãe, poucos bons rapazes= poucas mulheres fatais. Às vezes há um outro ou ser híbrido ou disfarçado, mas como todas as excepções, só confirma a regra.
As heroinas românticas, são, na minha geração aquelas alimentadas a Candy Candy ou a Anne of the green gables. Estas são a que esperam por principes, quer admitam, quer não. São aquelas que acreditam em coisas tão fantasiosas como redimir um homem com o seu amor, ou achar que ser modesta ou pouco atraente é um convite para que um belo estranho se aproxime, cativado pela força da beleza interior. Como se não vissemos vezes e vezes o resultadoque dá tentar mudar ou redimir filhos da mãe ou a personalidade que transpira de um bikini pequenino.
As mulheres fatais, a terem um modelo, esse só podia ser a Jessica Rabbit. Sim, a da personalidade no vestido vermelho. A que reduz qualquer bom homem a uma papa informe de baba abjecta, capazes de tudo só por um bocadinho de gugu dada. A que passa pela vida de qualquer bom homem e o deixa traumatizado e transformado num vilão de telenovela da TVI ou que se fica o suga até ao tutano como qualquer vilã de telenovela da TVI. Claro que muito bom homem passa a filho da mãe depois do trauma, e que muita mulher heroina romântica passa a vida inteira a fazer o mesmo erro de escolher os filhos da mãe. São as justiças do mundo.
Como acredito que ser boazinha muito inha tem o seu quê de parvo e como ser má como as cobras até compensa só me resta pensar que assim o mundo anda equilibrado. Cada um acaba por ter apenas e exactamente aquilo que merece.
2 comentários:
Pasionaria
É engraçado mas penso que as tuas equações só ganham o seu quê de definitivo numa fase da vida em que essas facetas estão mais atenuadas e as personalidades das pessoas mais moderadas (ou contaminadas?) pelos seus outros 49% (porque uma relação de facto é, no melhor dos casos, uma sociedade limitada de quotas 51%/49%). Até lá houve um percurso em que uma moça atiradiça viu que o moço pacifico era afinal um vegetal que não a tirava do marasmo, e em que um moço amanhosado notou que a moça gira mas sem pêva de contrariedade tinha-lhe mostrado que as "donas de casa desesperadas" não funcionavam assim tão bem para o outro sexo. E muitos outros moços e moças que fizeram as suas experiências até chegarem, mais maduros, com emprego estável e prestes a sairem de casa dos pais, a assinarem o seu contrato a prazo com aquele(a) que vai ser o pai/mãe dos filhos que não vão ter.
Quanto à justiça, de facto, cada um tem o que merece. Dezenas de anos a falar da liberdade do indivíduo e no livre-arbítrio para se sofrer uma rasteira na elementar guerra dos lençóis. ;)
TIN
Se isso foi uma forma subtil de dizer que estou velha, obrigadinha. De qualquer maneira podemos ver as coisas de outra perspectiva: isso só acontece porque quando se é muito novo ainda não se é exactamente nada de definido- para cabermos nos estereótipos temos de crescer (e aparecer). Logicamente que o que está no texto são estereótipos, mas tu, mesmo não sendo exactamente da minha geração sabes que as coisas são como são, e que os estereótipos não deixam de ter razão de existir: não há como vencer a estatística...
:))
SIG
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