Há muitas maneiras de curar um coração partido. Gosto de me considerar uma conaisseuse delas, pois com o meu historial de amores gosto de pensar que já as experimentei a todas pelo menos uma vez.
Há os clássicos, como uma noite de copos ou boiões de Haagen-Daz, a confortarem-nos a alminha. Há a choraminguice. Há casos de quem se encerre em casa com a Jane Austen em formato de livro ou de filme ou até série, é irrelevante. Há quem parta coisas, quem compre coisas, quem corte o cabelo (o que não é particularmente boa ideia, pois as ideias não estão claras e as nossas escolhas de corte e cor costumam ser trágicas). Há quem tenha flings de ressaca curando o coração partido com sexo do bom. Há quem se encharque em comprimidos, há quem escreva cartas, há quem escreva um romance. Seja qual seja a estratégia, no primeiro impacto queremos apenas procurar conforto e validação, algo que nos confirme como amáveis, como desejáveis, algo que restaure a nossa fé na humanidade.
Claro que uma vez passado este primeiro impacto, depois de deixarmos de metaforicamente ganir como cachorrinhos de golden retriever pontapeados, passamos à fase seguinte, à da raiva. E esta nem sempre ultrapassamos.
Por mais voltinhas que dê o mundo e as coisas evoluam, por mais feminista igualitária de cartãozinho passado e tudo que seja, não consigo ficar amiga de alguém que me esfrangalhou o coração, nunca consegui até hoje, não me estou a ver conseguir no futuro.
A partir do momento em que me pisoteiam o coração a coisa morre logo ali, nunca mais vejo o desgraçado com os mesmos olhos. Mas também, como poderia? Eu sou rapariga para Blimundas e Baltazares, levo o amor e a lealdade numa relação muito a sério. Se alguém prefere deixar-me por outra, deixar-me para ficar sozinha (pior) ou não me considera sequer digna para integrar a dream team do rol de namoradas do dito fico ( piada à gato fedorento em 3...2...1...) chateada, é claro que fico chateada.
Numa situação destas eu não digo que fico vingativa e desejo activamente que seja atropelado por um touro fugitivo como os parvos do San Fermin, mas um surto de, digamos, varicela, diarreia ou furúnculos em sítios embaraçosos e, de preferência, dolorosos seria, na minha óptica, um toque de classe kármico.
Quando ouço relatos de gente que acaba e ficam muitamigos, muitamigos, muitamigos, fico desconfiada e a olhar de lado: mas como é que conseguem. Eu cá por mim sou como os Ornatos: pago a conta em raiva. E pudesse, como eles dizem, pagá-la eu de outra forma...
2 comentários:
Também não falo com exs (ex namorados, ex flirts, ex amigos...ex tem que querer dizer alguma coisa)mas o único ex com quem falo e de quem fiquei amiga é exactamente aquele que me doeu mais. E esta, heim;)?
...pois. São situações que o tempo tem o poder de "curar" mas até curar, muitos "remédios" teremos que tomar.
E até acertar no "euromilhões do amor" muitas vezes teremos que jogar...Umas vezes "ganhamos" alguma coisa, outras não acertamos nada...e muitas pessoas já tiraram o grande prémio...é a roda da vida.
Feliciades.
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