Que os anos oitenta estão na moda torna-se evidente até para a toupeira mais coxa e míope. Aliás, é só entrar numa sapataria e ver sabrinas de verniz amarelo gema de ovo para nos esclarecer as dúvidas. Para nós, que já contribuímos para esse peditório, a década de oitenta é muito mais que fotos que atestam o nosso gosto lamentável em matéria de penteados e acessórios . É a década em que aprendemos coisas sobre sermos mulheres. E sobre o amor.
Já tive oportunidade de o dizer, mas as miúdas de agora têm referências sobre o amor muito diferentes das nossas. A malta, que é da geração Top Gun quer que nos tirem o fôlego. A malta que, efectivamente viu uma versão decente do Dirty Dancing, quer que um homem nos proporcione os melhores momentos das nossas vidas. As miudasdesta geração, em compensação, oferecem-se para partilhar o guarda-chuva e olha lá.
Crescemos com uma perspectiva diferente das coisas. Somos analógicas, pré- SMS e pré-mail e, seguramente, encontramos maneiras diferentes (mais profundas) de viver o amor. Se sabemos que o amor nos põe onde pertencemos (lifts us up where we belong), também sabemos, como diz a Pat Benatar, que o amor é um campo de batalha, em estrangeiro, love is a battlefield. O que a vida e as power ballads dos oitenta nos fizeram ver é que as coisas, longe de serem cor-de-rosa, precisam de ser encaradas como uma espécie de guerra de trincheiras ou um ringue, onde precisamos de beijos tanto quanto luvas de boxe.
We are young, heartache to heartache we stand
No promises, no demandsLove is a battlefield
We are strong, no one can tell us were wrong
Searchin our hearts for so long, both of us knowing
Love is a battlefield
Longe das ideias girlie girl do My humps da Fergie em que se exibe, a malta prefere as coisas de modo não estar numa posição de superioridade, em que se neutralizam os homens pela luxúria até serem uma papa informe de baba, nem de inferioridade, em que estamos a um passo escorregadio de sermos um tapete. O amor é um campo de batalha, mas afinal de conbtas, há regras.
Há escolas de pensamento que defendem que no amor e na guerra vale tudo. Nunca apoiei isso. Até as batalhas sangrentas do amor têm de obedecer à convenção de Genebra: tratar os prisioneiros de guerra com dignidade, respeitar as tréguas e agir com honradez se somos derrotados.
Se o amor tem algum limite, que tem, é o de lidarmos com as pessoas que amamos como pessoas honradas, de nos comportarmos nós mesmos como pessoas sãs. Como no boxe, podemos dar um golpe abaixo da cintura e acabar as coisas de uma vez, mas onde está o desportivismo disso? A partir do momento em que nos servimos de subterfúgios como o golpe da barriga para "capturarmos" um homem, por exemplo, merecemos todo o mal que, potêncialmente vir´sobre nós (que vem de certeza porque nunca nada de bom sobreveio de forçar alguém a estar connosco). O golpe da barriga é o equivalente a um acto terrorista: cobarde e injustificado. Mas lá está, também há gente neste mundo que acha os actos terroristas perfeitamente justificados.
Os limites do amor são, em última análise, aqueles que temos em tudo o resto: o respeito pelos nossos princípios éticos. Jogamos tão sujo quanto os nossos princípios o permitam (os meus obrigam-me a jogar praticamente à Tide: branco mais branco não há), mas há gente para tudo.
O amor é um campo de batalha, lá diz a Pat Benatar. Compete a nós enchê-lo de lama ou não.
5 comentários:
Gostei da parte em que fala sobre as diferenças entre as mulheres de hoje e as de outrora. Realmente somos uma espécie em ameaça de extinção!
Estimadíssimas concidadãs
Chamo-me Francisco de Assis e por acaso acedi ao blog, gostei suficientemente do que li e por isso, se a Vossa extensão da Liberdade me permite direi:
Olhem-me com a frescura no rosto
Quero ver a cosmociência em vossas faces
Aos vossos olhos quero sentir-me tudo e nada.
Mexam os vossos gestos para mim.
Façam do vosso corpo um mistério sem fim...e...delicadamente
mostrem-me a beleza da nuca, as curvas dos joelhos rotulares, façam sentir as vibrações mecãnicas dos vossos saltos altos ecoar na líbido deste frágil e universal ser,abram para mim vossos lábios de sonho, mostrem-me de relance vossos seios sem receios...devo aperceber-me que se dirigem apenas para serem aquilo que são.
Sinto agora vontade e desejo de eterna fonte de satisfação plena , toca-me a vontade repetitiva de me entrelaçar em vossas pernas, sentir o gongo dos vossos corações, alimentar esperanças, desbravar " psiquês" e acabar partido pelos esforços úteis em nós, rebentar de desejo, manusear carinhosamente os afectos, desfazer em lágrimas os afagos, percorrer com prontidão a cena épica..de estética,...de ética e acabar suado em vós.
Se todo o que é vão não vale a esperança, que se ganha e se perde ao procurar, nos tempos obscuros e sem mudança daqueles que pretender não mudar
mostraremos que ainda há confiança ,...ainda há quem morra por lutar.
Se me quiserem conhecer melhor teclem www.franciscodassis.blogspot.com
Volto já...
Francisco, sou grande mas ainda não valho por duas,e nunca ganhei o hábito de usar o nós magestático, sou uma moça modesta, por isso use o singular, se faz favor.
Caríssima passionária!
Quanto encontrei o seu blog, pareceu-me tratar-se de um trabalho de mais de uma pessoa, assim sendo, resolvi postar na 2ª pessoa do plural, contudo, peço desculpa pelo juízo incorrecto e , claro, passarei a usar o singular.
Disse que ainda não vale por duas, mas não descarta com certeza a possibilidade de valer mais que umas tantas. Pelo que me parece ser a sua postura de análise e comentário,relativamente ao mundo e às coisas, penso que terá boas possibilidades de não partir desta vida sem deixar alguma espécie de toque marcante para quem por aqui, continuar a navegar.
Dado que não gosta de posições magestáticas e se considera uma moça modesta, muito me agrada a sua definição de si e espero, que continue a evoluir como certamente será, já sua intenção.
Do concidadão Escravo no Século XXI
Francisco de Assis
Pois, parece esquizofrénico, mas sou só uma. Uma postura de análise não quer dizer que não aprecie eye candies, e uma ou outra futilidade.
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