segunda-feira, março 24, 2008

O padrão do salto alto




Sempre acreditei que o género feminino, subclasses à parte, se dividia em dois gandes grupos: o do salto alto e o de chinelinha no pé. Independentemente de ideologia e projectos de vida, profissão ou posição na traiçoeira pirâmide social o salto ou a chinela determinam o nosso posicionamento face à vida. Mais que apenas (!) sapatos, são códigos de conduta. Os sapatos, mais que reais, são metafóricos da maneira como encaramos a vida e nos comportamos.

É sempre preferível o salto alto, ou seja, comportar-mo-nos acima da vulgaridade peixeira. Nesse ponto de vista o salto alto é uma espécie de Bushido dos samurais que exige um certo nível de empenho e de sacrifício pessoal. Aliás, se querem ver o que é sacrifício pessoal e espírito zen, procurem dançar em cima de saltos agulha em pleno mês de Agosto. Agora, a questão é, até que ponto o salto alto compensa. Será proveitos para nós o salto alto? Reflictamos.

A malta tenta ser uma senhora. Tenta andar pela vida a ser educada e polida, a respeitar filas e sensibilidades e sabem o que é que acontece, sabem? Somos ultrapassadas pela peixeirada. A sério, somos mesmo. Isto vai de encontra àquela teoria de quem não chora, não mama. Anda a malta a respeitar espaços e a não ser ciumenta para ser trocada pela primeira varina de chinela no pé e chicote na mão.

Isto de estar sempre plantada em cima dos saltos altos metafóricos é o mesmo que o estar montada em cima deles na vida real: fazem maravilhas pela nossa imagem, mas uma vez por outra um chanato não nos lança os parentes na lama. Isto de ser uma senhora sempre não é exequível. Quando eu era pequena, a minha mãe não nos deixava, a mim e à minha irmã, dizer palavrões. As meninas não os diziam. Este treino de anos e anos quase erradicou em mim o hábito, mas tenho de confessar que já tem acontecido soltar um, e bem virulento. E sabe bem. Todas nós sabemos que há alturas na vida em que filhodamãeordináriosacripantaestúpido é pouco e pálido para a pessoa em questão. Não podemos ser senhoras educadas a vida inteira.

Não que eu ache que ser estúpida e mal-educada seja a resposta, o padrão do salto alto para alguma coisa existe. A verdade é, como em tudo, manter equilíbrio zen nestas coisas. E partir para a peixeirada caso nos pisem os calos demais. O resultado de alguém educado a fazer rodar a baiana é extraordinariamente eficaz.

4 comentários:

elisa disse...

Eu cá sou um pouco dos dois, chinelo e salto alto: uso o mais apropriado à ocasião;)

Anónimo disse...

O salto alto e manteiga em nariz de cao, como diz a minha mae. Isto porque os beneficiarios normalmente nao percebem o que lhes esta a ser dado (com subtileza) ou o que ficou por dar. E uma pena, mas passa-lhes ao lado. E por isso, quem usa o salto alto ou e identificada como uma uma banana a ser pisada na rua ou, pior ainda, recebe um dos seguintes titulos:
a)cabra fria
b)idiota
c)a melhor das mulhers.
A unica diferenca entre a ultima as restantes categorias que e preciso um grade sacana, bastardo, inteligente fdp para o reconhecer. E no entanto, o resultado ultimo, e o mesmo: o gajo vai impunemente pregar a outra freguesia e f**** a vida a outra. Fica a esperanca de que uma que nao tenha pejo de descer do salto nos vingue.

Sempre tua

Su.

Patricia Almeida Alves disse...

Pois... o salto alto... segundo os médicos até são prejudiciais à coluna... a vertebral e a outra...
por isso mesmo, gosto do meio termo...nem muito alto, nem muito rasteiro... Qb... assim seremos sempre Ladies em qualquer circunstância...bjs, Gaja

Bolotinha disse...

Então e que tal um sapatinho adequado ao dia e ao espírito da malta... É que eu prefiro o sapatinho raso com um ligeiro toque de menina hippie e a cair para a estrutura de esquerda contestatária...