terça-feira, março 25, 2008

segunda-feira, março 24, 2008

O padrão do salto alto




Sempre acreditei que o género feminino, subclasses à parte, se dividia em dois gandes grupos: o do salto alto e o de chinelinha no pé. Independentemente de ideologia e projectos de vida, profissão ou posição na traiçoeira pirâmide social o salto ou a chinela determinam o nosso posicionamento face à vida. Mais que apenas (!) sapatos, são códigos de conduta. Os sapatos, mais que reais, são metafóricos da maneira como encaramos a vida e nos comportamos.

É sempre preferível o salto alto, ou seja, comportar-mo-nos acima da vulgaridade peixeira. Nesse ponto de vista o salto alto é uma espécie de Bushido dos samurais que exige um certo nível de empenho e de sacrifício pessoal. Aliás, se querem ver o que é sacrifício pessoal e espírito zen, procurem dançar em cima de saltos agulha em pleno mês de Agosto. Agora, a questão é, até que ponto o salto alto compensa. Será proveitos para nós o salto alto? Reflictamos.

A malta tenta ser uma senhora. Tenta andar pela vida a ser educada e polida, a respeitar filas e sensibilidades e sabem o que é que acontece, sabem? Somos ultrapassadas pela peixeirada. A sério, somos mesmo. Isto vai de encontra àquela teoria de quem não chora, não mama. Anda a malta a respeitar espaços e a não ser ciumenta para ser trocada pela primeira varina de chinela no pé e chicote na mão.

Isto de estar sempre plantada em cima dos saltos altos metafóricos é o mesmo que o estar montada em cima deles na vida real: fazem maravilhas pela nossa imagem, mas uma vez por outra um chanato não nos lança os parentes na lama. Isto de ser uma senhora sempre não é exequível. Quando eu era pequena, a minha mãe não nos deixava, a mim e à minha irmã, dizer palavrões. As meninas não os diziam. Este treino de anos e anos quase erradicou em mim o hábito, mas tenho de confessar que já tem acontecido soltar um, e bem virulento. E sabe bem. Todas nós sabemos que há alturas na vida em que filhodamãeordináriosacripantaestúpido é pouco e pálido para a pessoa em questão. Não podemos ser senhoras educadas a vida inteira.

Não que eu ache que ser estúpida e mal-educada seja a resposta, o padrão do salto alto para alguma coisa existe. A verdade é, como em tudo, manter equilíbrio zen nestas coisas. E partir para a peixeirada caso nos pisem os calos demais. O resultado de alguém educado a fazer rodar a baiana é extraordinariamente eficaz.

quinta-feira, março 13, 2008

Os Grandes Gestos


Há homens que, francamente, nos fazem lembrar o Dança Comigo: mais cedo ou mais tarde, toda a gente lá vai parar, e não é distinção especial ir a um. Vai-se, dá-se uma volta pela pista, e vamos embora sem deixar mossa nenhuma na pista. O que, vistas bem as coisas, é uma perda de tempo. As mulheres, todas sem excepção gostam que as façam sentir especiais. Em vez de Dança Comigo,queremos ser uma Grande Entrevista com direito a grandes spots publicitários na vida dos nossos homens. Eles é que raramente percebem.
Existem dois caminhos para nos fazer sentir especiais: os GRANDES GESTOS e os pequenos gestos. Estes caminhos são os dois eficazes, mas estatísticamente pouco usados pelo homem médio. Os pequenos gestos são aquelas coisas amorosas que fazem por nós e que mostram que gostam de nós, como, por exemplo, oferecer-se para lavar a loiça quando chegamos a casa cansadas ou ir-nos buscar uma camisola para não termos frio (idealmente, oferecerem-nos o casaco deles é ainda mais romântico, a não ser que o dito casaco não nos sirva e aí estão só a deixar-nos frustradas). Os grandes gestos são aquelas coisas giras como grandes ramos de flores, serenatas e afins.
Homem que é homem, no geral, só recorre aos gestos, independentemente destes serem S,M,L ou XL no princípio das relações ou quando elas estão em perigo, sobretudo se por causa de uma asneira grande deles. No princípio das relações, quando ainda não estamos conquistadas, estes gestos são manobras de relações públicas de modo a convencer o eleitorado. No caso dos problemas da relação, a ideia é a de acalmar e endrominar de modo a voltar às boas graças. Isto é tanto assim que, se, por exemplo, um homem for visto a chegar com flores a casa sem ser numa data especial, uma pessoa pergunta-se logo: o que é que aquele fez? Porque alguma coisa foi, de certeza.
Aqui na escola, num muro mesmo em frente à escola, um miúdo qualquer mais desesperado grafitou o seguinte:
AMO-TE MARINA. DSCP. P. TD.
O gesto é grande e interessante, mas, cm'on, era preciso ter feito asneira? Não que eu esteja a defender a grafitagem de modo nenhum, notem.
O erro mais básico dos homens é não perceberem que sete ou oito pequenos costumam evitar um grande e o potencial risco de perder tudo. Está bem, uma pessoa percebe toda aquela história da cultura masculina de um homem não chora e se se tem sentimentos é negá-los até à morte, mas não era escusadinho passarem grandes vergonhas e riscos criminais ( ser apanhado a grafitar acho que não é lá muito bom) ? A única salvação destes homens é que o grande gesto costuma resultar, porque somos umas parvinhas e deixamo-nos amolecer por qualquer bouquet de margaridas...

O esplendor na relva

À minha frente há sempre miúdas novas, adolescentes. Umas são estudiosas, outras tímidas, outras crescidas demais para a idade, cheias da beleza ainda fresca a adolescência,atrevidotas,espevitadas. Essas são adultas antes de tempo e sábias daquela sabedoria milenar das seduções femininas. Essas são as que me preocupam mais. De ano para ano são mais. Da maneira como as coisas são, o destino está-lhes mais ou menos traçado. Vão ser mães adolescentes ou muito jovens, os estudos vão ao ar. Engrossam as fileiras do desemprego, de empregos mal pagos. Mais para a frente, estatisticamente, serão mães ausentes porque trabalham muitas horas e o dinheiro é pouco. Terão uma vida de sacrifício e frustração, perpetuarão essa mesma vida e perspectiva nos filhos. Seja qual dos caminhos que a vida lhe reserve, estes dias de beleza e de risos e de flirts, dos primeiros fulgores do corpo irão durar pouco, muito pouco, uma tarde breve de esplendor, e depois mais nada.
Do cimo dos meus trintas, pareço-lhes velha, e as minhas lições, as minhas tentativas de, sei lá, lhes fazer ver que não é boa ideia, que seria melhor estudarem, arranjarem um destino melhor, parecem-lhe um sermão, mais um, ignoram-no. De sermões e professores que lhes chamam a atenção estão mais que fartas, naquela idade os adultos não percebem nada.
Nunca doutrinei as minhas alunas em assunto nenhum, não o devo fazer, não é o meu papel. Mas vê-las a desperdiçar as coisas que a vida lhes dá é uma das pequenas ironias da vida. Muitas de nós preocupam-se com a sorte das miúdas mais para além das notas e do comportamento, mas o sistema é falível e cheio de buracos. No fim do dia, no fim do ano lectivo, não as poderemos salvar todas, nem impor-lhes destinos, mesmo que para seu bem. Mesmo que acreditemos que não é justo. No fim, as escolhas das pessoas têm de ser as delas, cada um, como diz o Gedeão, é seus caminhos.
O feminismo é uma utopia como outras quaisquer: bonito e impraticável. No terreno, no dia-a-dia, vai valer sempre a natureza humana e os seus instintos mais básicos: desejo, posse, cobiça, egoismo. Da maneira como o sistema funciona, a educação perpetua as posições sociais, poucas vezes serve de forma de mobilidade. Uma filha de pais pobres e indiferentes tem mais hipóteses de se perder e desistir dos estudos ou de ser mãe precoce que uma de pais de classe média com ambições. Nem o mundo nem a escola são lugares justos e niveladores. Os momentos da Michelle Pfifer nas Mentes Perigosas não existem na realidade. Poucas vezes marcamos os nossos alunos e alunas de forma indelével. Apesar de termos nas nossas mãos a formação de mentes jovens, não temos o poder de lhes mudar o destino. Só o fazem se quiserem.
E depois, pergunto-me muitas vezes até se o devo fazer. Se esta minha maneira de ver as coisas não é um preconceito da minha própria educação, do meu próprio meio. Para mim a educação é um bem de primeira necessidade, uma ferramenta para construir a melhor vida possível. E se calhar, muitas dessas mulheres que trabalham em trabalhos mal pagos são igualmente felizes, ou senão mais felizes que eu, mesmo assim. Mas a maior parte das vezes não me permito sequer pensar assim. Afinal, que mal haverá em desejar sucesso e felicidade aos alunos, em querer que não se percam na vida e que tenham a melhor vida possível?
As miúdas são novas. Da idade delas era igualmente inconsequente, igualmente ávida de todas as coisas adultas, e cresci para além dessa inconsequência. Quem sabe isso não acontece a pelo menos algumas alunas que me preocupam tanto? Sei que os seus comportamentos cheios de risco e irresponsabilidade escondem muitas vezes situações muito complicadas de famílias que se desagregam, de pressões dos pares para pertencer, de descompensações interiores. Não fui adolescente assim há tanto tempo para não me lembrar como é, e como diz uma querida amiga minha, entramos na adolescência e nunca mais de lá saímos. É preciso acreditar que as coisas serão melhores, tentar mudá-las tanto quanto possível. Mas não é triste vivermos numa sociedade em que conseguimos prever o futuro dos miúdos e das miúdas sem grandes margens de erro? Em que nascem com o destino traçado? Eu acho que sim.

quarta-feira, março 12, 2008

O triangulo das Bermudas



Hoje, um trabalho de casa: pensem nas relações que tiveram até hoje, e coloquem-nas no vértice correspondente do triângulo. É um exercício revelador, acreditem.

domingo, março 02, 2008

sábado, março 01, 2008

De que falam as mulheres quando vão à casa-de-banho juntas

Para todos os homens que vêm aqui com a esperança de ver respondida esta questão milenar, aí vai, e por ordem alfabética, a verdadeira resposta :
Abdominais, anti-depressivos, anti-rugas,atrasos,
bases,bebés, blusas, borbulhas, botox, celulite,chocolate, cremes, dietas,dores de barriga, esfoliantes, fatos, gajos, gargantilhas, hidratantes, hipoalergénicos, interesses culturais, jeans, joanetes, limpexas de pele, luvas, maquilhagem, moda, negas, obstipação, peso, períodos, pílulas, preservativos, questões existênciais, rabos (e o seu tamanho),relações, roupa, saldos, sapatos, saias,saídas, sexo, telemóveis,tops....
Acho que dá para perceber a ideia.