sexta-feira, outubro 12, 2007

A abordagem Shit Happens

Algumas pessoas ao ler o meu blog observaram que eu era assim, um bocado feminista (eu? Oh, o choque, o horror) e demasiado centrado nas mulheres, e que me devia dedicar assim a dar uns conselhos mais unissexo. Ora como eu sou uma mocinha que gosta de ir de encontro às criticas que lhe são feitas e, tanto quanto possível, satisfazer os leitores, hoje vou fazer isso mesmo. Mais que um conselho ou uma crítica, hoje vou expôr uma abordagem geral à vida, a minha pessoal, para proveito geral da nação gloriosa de Portugal, Ilhas e arredores.
A vida, caríssimos e caríssimas, não é justa. Nada. É incerta e irregular e a única certeza que podem ter dela é que, as cenas acontecem, ou, em estrangeiro, Shit Happens. Sem Kismet, Karma ou Fado, sem destinos ou entidades reguladoras acima de nós, as cenas acontecem estatisticamente aleatórias. Boas coisas a boas pessoas, más coisas a boas pessoas, boas coisas a más pessoas e outros quantos milhares de variações possíveis sobre este tema. Pode ser que o amor da vossa vida esteja com vocês até ao fim da vida e tenham muitos filhos e sejam felizes. Pode ser que o amor da vossa vida decida que quer passar a responder por Mercedes e andar com um gajo musculado de bom aspecto. Pode ser que vos caia uma varanda na cabeça e vos reduza a uma panqueca e seja o fim de tudo. A vida é assim, incontrolável, shit happens e nada podem contra isso. Nada. Podem seguir os caminhos seguros traçados: a escola certa, os amigos certos, os amores certos e isso, mesmo assim, não os protege do factor shit happens. A qualquer altura qualquer coisa de terrível ou maravilhoso pode acontecer que muda o rumo, quer queiram, quer não. Podem trazer amuletos, rezar aos santinhos, fazer seguros, traçar rotinas; são coisas tão úteis como matar uma galinha para curar uma dor de cabeça: dá trabalho e não está cientificamente provado que resulte. O que fazer então, para encontrar paz neste mundo em que shit happens a qualquer hora, em qualquer lugar, a qualquer pessoa?
Antes de mais, aceitar que as coisas acontecem e não temos controlo sobre elas. Sabendo a natureza aleatória das coisas, compreendam também que é natural, que muitas das cenas que acontecem vão ser injustas, vão morder como o caraças. As coisas boas não acontecem só a vocês e a quem gostam e parecem acontecer, com alarmante regularidade, a quem não merece mesmo nada e não há nada que possam fazer. Sim, as bonecas de vodoo também são tão eficazes como o sacrificio ritual da galinha negra para curar a enxaqueca. Com um bocadinho pequeno de cinismo, temos de aceitar isso. Mas não se deixem amargurar pela certeza que vão acontecer muitas merdas durante a vida. Tanto podem acontecer coisas boas como más. O melhor da vida , o mais interessante, é este factor de cartas aleatórias, tanto boas como más que a vida nos distribui e com as quais temos que jogar. Sim, podem ser reduzidos a uma papa informe por um piano em mudança como podem ser felizes, perfeita e maravilhosamente felizes porque está sol e é um lindo dia de outono e tudo corre bem. Viver é, deve ser esta aventura para onde vamos de sorriso, traga o que traga. E de onde, lamento dizê-lo e estragar o fim do filme aos mais distraídos, não vão sair vivos dela.

2 comentários:

Patricia Almeida Alves disse...

Por falar nisso, aquele de quem não se diz o nome (mas tu sabes bem quem), tem dado notícias? Já cresceu, ganhou independência... tornou-se adulto... ou pelo contrário, continua na mesmice de sempre... e Tu mud'ice-tea?
bjs

Anónimo disse...

Eu mudasti, lol. Cada um, como diz o Gedeão, é seus caminhos, e onde Sancho vê moinhos, D. Quixote vê gigantes...

passionaria