quinta-feira, setembro 13, 2007






O assunto, minhas caras, é polémico e difícil, cheio de potenciais ratoeiras e atoleiros de dúvidas: deve o assento de sanita ficar para baixo, ou para cima? Aviso desde já que esta é apenas a minha opinião pessoal que aqui expresso com a ideia de poder ajudar a fazer luz sobre o dilema que assola muitas de nós.
O assento de sanita é um daqueles assuntos domésticos, quotidianos, que, reconhecidamente, não matam, mas moem. Passados o primeiros assombros da paixão, vão aparecendo aqueles detalhes irritantes no outro com os quais teremos de lidar seja de que forma for. E o número alarmante de discussões a este respeito por este país, não, por este mundo fora, justifica uma abordagem rigorosa e fiosófica a este assunto. Comecemos, portanto.
Para mim, o assunto do assento da sanita é um bocado irrelevante: se estiver para cima, ponho para baixo e pronto, é um gesto automático e nem penso muito nisso. Mas esta atitude fleumática não é assim tão fácil para muitas de nós. Começam a subir os calores ao nariz e, vai-se a ver, discussão. Façam as contas comigo: se o moço for à casa de banho três vezes, três discussões. Se estiver a beber cerveja, é incomportável. Não lhes parece que seria evitável esta chatice? Claro. Não que seja uma rapariga submissa e evite discussões, até porque acredito vivamente que uma relação em que ninguém discute não é saudável, alguém se está a anular. Mas parece-me que se devem reservar as forças para discussões importantes, que valham a pena, por exemplo projectos de vida, crenças, assuntos verdadeiramente vitais, em vez de arranjar pelo menos três discussões por dia porque o assento da sanita está outra vez para cima, não lhes parece? Aliás, como mau feitio que sou, uso muito parcimoniosamente as discussões, até porque quando se discute os ânimos aquecem e dizemos coisas que não queremos dizer e o estrago está feito. Um acordo entre as partes é sempre preferível.
Depois, temos de ver as coisas do ponto teórico: o que implica a nossa exigência de um assento para baixo em todas as ocasiões? Nós, mulheres, precisamos dele para baixo. Eles precisam dele para cima. Duas necessidades opostas, mas inevitáveis. Porque se há-de então optar por uma posição em vez da outra do malvado objecto? Uma opção de ficar para baixo implica ou a supremacia de uma das partes, nós, ou um favor por parte dos outros, eles. E nós, desculpem que lhes digam, não precisamos de favores especiais, nem de protecção. Ao exigirmos o assento para baixo porque podemos, e desculpem a franqueza, arrefecer ou molhar o rabo, estamos a passar a mensagem que somos tontas ao ponto de não conseguirmos ver a posição do assento antes de nos sentarmos. Perguntem a vocês mesmas se lhes apetece passar por estúpidas para merecerem tratamento especial. O paradoxo da mulher moderna, que toda a questão do tampo de sanita deixa a nu é este: ao mesmo tempo que queremos ser vistas como seres iguais, perfeitamente capazes e independentes, continuamos a esperar e exigir tratamento especial.
Sejamos francas, minhas caras, não podem ter as duas coisas, simplesmente não é possível. Não podem ser feministas e autónomas só na parte que lhes dá jeito. É imoral. Dêm uma folguinha aos desgraçados homens que, com a sua mente linear, ficam confusos com estas mensagens paradoxais. Eles, da maneira deles, não só usam estas pequenas coisas para dizer que somos fúteis e incompreensiveis, como se sentem no direito de continuar a tratar-nos como tontas que não conseguem sequer aferir a posição de um assento de sanita.
Para acabar com o paradoxo da mulher moderna, sejam firmes e consistentes. Não exijam, ou esperem portas abertas, ajuda para vestir casacos, carregar coisas, refeições grátis. Poramordedeus tratem de vocês mesmas para eles perceberem que querem companhia e compreensão, não protecção e paternalismo. E ponham o assento para baixo, já são meninas crescidas...

2 comentários:

elisa disse...

Apoiadíssimo:)
Beijocas e bom fim de semana

bruxinha disse...

Ora nem mais!

(eu também nunca discuti por isso, se está para cima ponho-o para baixo, assim como ele o põe para cima se estiver para baixo! ó-uó!)

Beijocas