O bom gosto, tal como a maior parte das coisas relacionadas com beleza, é uma questão altamente discutível. Apesar de todas nós sabermos se uma coisa é ou não de bom gosto, a definição teórica do que representa bom gosto ou mau gosto é mais complicada que isso. Por exemplo, sapatos de lamé dourados são, em princípio, de mau gosto, mas a colecção de verão deste ano está cheia deles. Assim, e analisadas as coisas, os sapatos de lamé podem ser uma coisa de bom gosto.
Para nós, uma roupa de bom gosto, ou de uma forma mais lata, um estilo pessoal de bom gosto é muito mais que roupas na moda ou que nos assentam bem. Têm de ter uma certa paleta de cores e um certo estilo de corte, ser actual mas não fashion victim, etc.
Aquilo que mais facilmente nos dá o rótulo de mau gosto são roupas mal cortadas ou que não nos assentam, sobretudo se fizerem o impensável: mostrar ou acentuar curvas que não deveriam existir, como as da barriga. Sim, porque se somos muito gordinhas, ou mais ou menos gordinhas, ou coisa que se lhe valha, é esperado de nós que tenhamos a decência de as esconder e disfarçar tanto quanto possível (isto se não nos for humanamente possível permanecer em casa para não perturbar a gente bonita e elegante com a visão da nossa pessoa, lol). Uma blusa demasiado justa que mostre a barriga, e abra na zona do soutien, uma saia curta com pernas gorditas ou umas calças justas que mostrem a celulite do rabo são a morte da artista. É como se estivesse tatuado na testa a letras vermelhas a palavra PERDEDORA. Acabou-se.A verdade é que a maioria de nós se veste à defesa e não ao ataque, apressando-nos a comprar as roupas modernas e/ou adequadas para não sermos rotuladas como bimbas foleiras e sopeiras e, consequentemente, ostracizadas. É uma ditadura. Os homens podem dar-se ao luxo de vestir a mesma t-shirt durante cinco anos que ninguém os acusa de ser desactualizados. É, aliás, suposto, nem sequer ligarem muito a isso. Já nós não. Desgraçadamente, os cortes de saias, blusas e t-shirts mudam com uma velocidade alarmante. Podemos, com um bocado de esforço e imaginação, reciclar e reaproveitar peças, mas é um axioma conhecido que, quanto mais na moda estiver na moda uma peça, mais facilmente passa de moda. Assim como é conhecido e apoiado o axioma de que, quanto maior for o nosso corpo menos na moda poderemos estar. As roupas não foram pensadas para os tamanhos grandes e curvas generosas, esperando-se de nós, gordinhas, um mar de túnicas sem forma que nos dão o look de tendas de beduínos.
Tenho de confessar que, nem eu com o meu feminismo militante, consigo escapar a esta pressão. Não uso cores muito vivas, roupas muito justas ou roupas sem mangas em público, é impensável. O mesmo é verdade para combinações de diferentes padrões no mesmo conjunto, saias curtas ou rodadas, folhos, estampados muito grandes. Branco, só quando o rei faz anos, cores pastel, basicamente nunca, calções curtos também e a lista continua e continua e continua. Mexem demasiado com o meu sentido estético e a minha noção de equilíbrio para o fazer, perturbam demasiado as minhas inseguranças. Não vivemos precisamente num mundo que nos encoraja a aceitar o nosso tamanho sem luta e a mostrar orgulhosamente as nossas curvas, estejam elas onde estiverem. Quando vejo uma mulher na rua que passeia, esplendorosamente, as suas curvas generosas numa coisa justa e sexy, divido-me entre a vontade de a criticar venenosamente (deveria ter tido mais juízo que o de vestir AQUILO) e a vontade de a aplaudir pela coragem de vestir o que lhe apetece e quem não gostar, que não olhe.
A série de tv Betty Feia tem feito milagres pela auto estima das mulheres por esse mundo fora. Mas só até certo ponto. Sim, é verdade que mostra a todas as mulheres (e homens) que a bondade, a inteligência e uma personalidade forte são melhores que ser bonita e vazia. Mas qual de nós seria capaz de sair à rua sem se sentir mal com uma das roupas dela? Qual de nós não fica secretamente feliz por não ser ASSIM? É injusto, mas é assim que o mundo funciona.
Na minha perspectiva, e do alto do meu feminismo, acho que cada uma de nós deve vestir o que quer, independentemente do que os outros dizem. Se nos sentimos bem na roupa que trazemos, devemos mandar as bocas da reacção (nossas e dos outros) para trás das costas e simplesmente, andar de cara erguida e um belo sorriso. Os incomodados que se mudem e o bom gosto que se lixe. A não ser, claro, que estejam a falar de calças de elástico douradas ou verde alface, porque essas, minhas queridas, não têm redenção possível, são mesmo de mau gosto.
Para nós, uma roupa de bom gosto, ou de uma forma mais lata, um estilo pessoal de bom gosto é muito mais que roupas na moda ou que nos assentam bem. Têm de ter uma certa paleta de cores e um certo estilo de corte, ser actual mas não fashion victim, etc.
Aquilo que mais facilmente nos dá o rótulo de mau gosto são roupas mal cortadas ou que não nos assentam, sobretudo se fizerem o impensável: mostrar ou acentuar curvas que não deveriam existir, como as da barriga. Sim, porque se somos muito gordinhas, ou mais ou menos gordinhas, ou coisa que se lhe valha, é esperado de nós que tenhamos a decência de as esconder e disfarçar tanto quanto possível (isto se não nos for humanamente possível permanecer em casa para não perturbar a gente bonita e elegante com a visão da nossa pessoa, lol). Uma blusa demasiado justa que mostre a barriga, e abra na zona do soutien, uma saia curta com pernas gorditas ou umas calças justas que mostrem a celulite do rabo são a morte da artista. É como se estivesse tatuado na testa a letras vermelhas a palavra PERDEDORA. Acabou-se.A verdade é que a maioria de nós se veste à defesa e não ao ataque, apressando-nos a comprar as roupas modernas e/ou adequadas para não sermos rotuladas como bimbas foleiras e sopeiras e, consequentemente, ostracizadas. É uma ditadura. Os homens podem dar-se ao luxo de vestir a mesma t-shirt durante cinco anos que ninguém os acusa de ser desactualizados. É, aliás, suposto, nem sequer ligarem muito a isso. Já nós não. Desgraçadamente, os cortes de saias, blusas e t-shirts mudam com uma velocidade alarmante. Podemos, com um bocado de esforço e imaginação, reciclar e reaproveitar peças, mas é um axioma conhecido que, quanto mais na moda estiver na moda uma peça, mais facilmente passa de moda. Assim como é conhecido e apoiado o axioma de que, quanto maior for o nosso corpo menos na moda poderemos estar. As roupas não foram pensadas para os tamanhos grandes e curvas generosas, esperando-se de nós, gordinhas, um mar de túnicas sem forma que nos dão o look de tendas de beduínos.
Tenho de confessar que, nem eu com o meu feminismo militante, consigo escapar a esta pressão. Não uso cores muito vivas, roupas muito justas ou roupas sem mangas em público, é impensável. O mesmo é verdade para combinações de diferentes padrões no mesmo conjunto, saias curtas ou rodadas, folhos, estampados muito grandes. Branco, só quando o rei faz anos, cores pastel, basicamente nunca, calções curtos também e a lista continua e continua e continua. Mexem demasiado com o meu sentido estético e a minha noção de equilíbrio para o fazer, perturbam demasiado as minhas inseguranças. Não vivemos precisamente num mundo que nos encoraja a aceitar o nosso tamanho sem luta e a mostrar orgulhosamente as nossas curvas, estejam elas onde estiverem. Quando vejo uma mulher na rua que passeia, esplendorosamente, as suas curvas generosas numa coisa justa e sexy, divido-me entre a vontade de a criticar venenosamente (deveria ter tido mais juízo que o de vestir AQUILO) e a vontade de a aplaudir pela coragem de vestir o que lhe apetece e quem não gostar, que não olhe.
A série de tv Betty Feia tem feito milagres pela auto estima das mulheres por esse mundo fora. Mas só até certo ponto. Sim, é verdade que mostra a todas as mulheres (e homens) que a bondade, a inteligência e uma personalidade forte são melhores que ser bonita e vazia. Mas qual de nós seria capaz de sair à rua sem se sentir mal com uma das roupas dela? Qual de nós não fica secretamente feliz por não ser ASSIM? É injusto, mas é assim que o mundo funciona.
Na minha perspectiva, e do alto do meu feminismo, acho que cada uma de nós deve vestir o que quer, independentemente do que os outros dizem. Se nos sentimos bem na roupa que trazemos, devemos mandar as bocas da reacção (nossas e dos outros) para trás das costas e simplesmente, andar de cara erguida e um belo sorriso. Os incomodados que se mudem e o bom gosto que se lixe. A não ser, claro, que estejam a falar de calças de elástico douradas ou verde alface, porque essas, minhas queridas, não têm redenção possível, são mesmo de mau gosto.
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