quinta-feira, junho 29, 2006

Pavões

Se há alguma coisa que liga todos os homens do mundo, altos e baixos, novos e velhos, gordos e magros, são as suas altas expectativas. Cada homem, mesmo que se trate da criatura mais abjecta, só sonha com o melhor. De Ana Kournikova para cima, pois só isso os satisfará.
Quem vir qulquer programa do National Geographic vê bem que, no mundo animal, são os machos, e não as fêmeas, que são mais vistosos, mais coloridos, mais exuberantes. A pavoa é um animal sem gracinha nenhuma, se comparada com o macho. Isto porque, no mundo animal, as fêmeas é que decidem com o macho que querem acasalar e cabe aos machos tornarem-se atraentes. Na espécie humana trocámos a ordem natural das coisas. As mulheres é que se enfeitam e pavoneiam para atrair a atenção dos homens. Uma mulher que não se enfeite ou preocupe com padrões de beleza ou passa despercebida ou lhe questionam a orientação sexual. Para o homem médio, o pior anátema que uma mulher pode ter, aquilo que serve como repelente automático, é ser feia. Está bem que se fala da personalidade e sentido de humor e mais não sei o quê. Mas como a publicidade do Compal light mostra cinicamente ao gozar com isto é, não se cuidem não, que o resto não interessa nada...
Para além dos motivos históricos óbvios (as mulheres eram apenas mais um dos itens de propriedade dos pais ou dos maridos), este nosso apavoamento deve-se à nossa natural insegurança. Os homens vêem-se ao espelho e acham-se uns Adónis, nós, com a nossa insegurança vemos as rugas, a celulite, os cabelos brancos, etc. etc. etc. Mais, transmitimos essa insegurança ao homens e tornamo-nos, há que dizê-lo com toda a frontalidade, numas chatas.
Não há nada mais chato que uma mulher pavão. Este vestido faz-me gorda? Achas que este cabelo me fica bem? Sou mais gira que a vizinha do andar de cima? Depois admiramo-nos da respostas dos homens e entramos em depressão com o nosso Haagen Das e a versão daBBC do Orgulho e Preconceito. É que os homens não foram feitos para raciocínios emocionais complicados, e no que diz respeito às suas expectativas, é perfeitamente aceitável trocar a namorada que engordou quatro kg por uma mais magra, mais nova, mais loira ou com os seios maiores. Está-lhes na massa do sangue, e nós, as próprias mulheres, alimentamos-lhe esse vício. Nenhuma mulher devia aceitar um namorado sem uma carta de recomendação da namorada anterior afiançando que ele, para além de não ser infiel ou mentiroso não a deixou por ter engordado ou deixado de pintar o cabelo.
Sempre achei que as mulheres ganhariam imenso em pensar como um homem. Todas as mulheres deveriam ser tão ou mais exigentes com os homens como eles são connosco. Tal como na mãe natureza, eles que se emplumem e enfeitem para nos agradar. Continua a ser uma futilidade basear uma relação no aspecto físico, mas ao menos ficava a balança mais equilibrada.

segunda-feira, junho 26, 2006

Porque é que as mulheres casam de branco?



Para combinar com o frigorífico, a máquina de lavar roupa e os restantes electrodomésticos...

quarta-feira, junho 21, 2006

K.I.S.S.



A maioria dos homens é, deus os conserve em toda a sua glória, muito simples. Como seres que só usam um dos lados do cérebro, simplificam e esquematizam. Já as mulheres não, as mulheres complicam.Uma mulher nunca tem um namorado que não lhe liga, tem um namorado com traumas de infância que o impedem de comunicar. Uma mulher nunca tem um colega que não lhe liga, antes um ser torturado entre o afecto e o dever e não sabe o que fazer. Não tem um bandalho traidor e mentiroso, tem uma alma sensível com medo da intimidade e síndrome de Peter Pan e uma desgraçada de uma história de vida traumática que lhe explica os comportamentos menos ortodoxos. Para as mulheres é impossível aplicar o princípio de Occam, de eliminar o mais complicado para chegar à verdade.As mulheres, no geral, passam horas em análise depois de um encontro, depois de uma discussão, quando têm uma relação complicada. Reúnem as amigas em conselho de guerra e analisam, esmiúçam, dissecam cada palavra, cada gesto, cada atchim até lhes dar um sentido oculto e complexo. As mulheres são exímias intérpretes de sinais não verbais e de desejos subliminares, quer eles estejam lá, quer não. É a desvantagem de usar o lado direito e o lado esquerdo do cérebro.Os problemas de entendimento entre os sexos são devidos a questões de diferentes processos mentais e não só a educações e culturas diferentes para ambos os sexos. É verdade que muitos homens são complexos, mas no geral, e em termos de emoções são claros como a água (e aqui as excepções, para além de se contarem pelos dedos de um quadrúpede, só confirmam a regra). Como diz uma personagem do filme O Declínio Do Império Americano: "quando amo sinto desejo, e quando não desejo, não amo". Mainada. No geral, muito poucos homens jogam jogos mentais. Quando são opacos, esfíngicos, esquivos, é porque simplesmente não estão interessados. Só as mulheres conseguem ser tortuosas nestas coisas, porque os homens vão directos ao ponto de forma clara, mesmo que achem os seus esquemas subtis e elaborados (pedir o telefone à melhor amiga dela, fazer-se de amiguinho, rodeá-la com calma e "deixá-la poisar"). Até aqui há uns anos, os homens eram educados para não mostrar emoção e serem frios e distantes, mas a nossa geração já não foi educada assim. São metrossexuais, depilam o peito, usam anti-rugas. Por isso demonstrar emoções é coisa que nunca os perturba. Se não as demonstram, uma de três coisas pode acontecer: a)- não está interessado; b)- está interessado noutra pessoa; c)- não está para se dar ao trabalho, que mulheres há muitas, por isso espera até vir uma menos exigente. And that's all there is to that. Se um homem se esgueira a falar muito sobre emoções é porque ou não quer entrar ou quer muito sair da relação e não sabe bem como. Não os incomoda a nega propriamente, mas como na sua cabeça são heróis de capa e espada prontos a servir a sua donzela, ou uns Steven Seagals prontos a andar à porrada por ela, detestam ser estrga-prazeres e dar más notícias directamente. E por isso adoram tanto E-mails e SMS, as formas ideais, segundo eles para acabar relações. As mulheres escreveriam cartas, debateriam semanas se era a atitude certa, eles não, simplificam e dizem-no à namorada ao telemóvel ou no MSN evitando uma cena emocional.Nenhum homem que eu conheço sente uma necessidade impreterível de ir ter com os amigos e desabafar sobre a última discussão (será que ela ainda me ama ou a nossa relação está num marasmo?) ou dissecar aquilo que ela disse/fez/terá pensado/queria dizer (quando ela disse és um querido estava a ser simpática ou a dizer que gosta de mim de uma forma indirecta?). Estas coisas são puramente femininas.Qualquer mulher, a bem da sua saúde mental deveria aplicar a regra K.I.S.S nas suas relações de modo a aproximar-se dos esquemas mentais masculinos. Assim pouparia imensos esforços, dores de cabeça e aluganços dos ouvidos das amigas. A próxima vez que se ponham a sonhar com nomes dos futuros de filhos vossos com o colega giro que "valoriza a sua presença" ou acha "uma moça muito simpática" pensem logo, KISS. A próxima vez que um namorado for distante ou mal-educado ou parvo ou infiel ou frio, pensem KISS. E o que significa KISS? Ora minhas amigas, Keep It Simple, Stupid. Há que simplificar até ao limite, como os homens, e agir em conformidade. Eles em vez de carregar o peso da relação esgueiram-se dela para fora, em vez de se perguntarem se são correspondidos passam à frente, em vez de se chatearem com possíveis traumas estão-se borrifando. Isto sim, é simplificar.


terça-feira, junho 13, 2006

AFORISMO III

Os Malucos Por Futebol


Não se pode dizer que os moços sejam maus moços, nada disso. Antes futebol que alternadeiras até às cinco da manhã ou andarem com as nossas amigas. Mas lá que é irritante, é.
As mulheres têm os bad hair days, aqueles em que não conseguimos fazer nada de jeito com o cabelo/ a roupa não assenta/temos borbulhas/período/nada que vestir. Os homens têm os dias em que o clube perde. E ai valha-me deus que não falem comigo. Andam de monco caído todo o dia como se lhes tivesse morrido alguém da família. É a tragédia. E até nem é por algum problema na capacidade cerebral nem nada, dos inteligentes aos trogloditas, dos metrossexuais aos engatatões de esquina, todos sofrem quando o clube perde. E a nossa indiferença só serve para juntar o insulto à injúria. É facto certo e sabido que as "gajas" não compreendem a sensibilidade, as ,minúcias, as delicadezas do futebol.
Para os malucos por futebol, o futebol tem precedência sobre tudo, desde um jantar romântico, a data de casamento, festas, feriados e afins. Sei de casos de noivas em lágrimas porque os maridinhos acabados de dizer o sim foram directos ao bar do local da recepção para ver o jogo e nem choros nem pedidos nem ameaças de serem enforcados com o véu da noiva resultaram. Uma desgraça.
Maluco que é maluco, não consegue sobreviver sem futebol. Há a época de futebol, de Agosto a Maio, e depois a travessia do deserto onde se vêm os jogos gravados e se lê tristemente o diário desportivo sobre transferências e locais de férias dos jogadores.. Mas de dois em dois anos está a tenda armada: Euro e mundial vão servindo para atenuar o sofrimento da falta de futebol durante o verão, passando assim apenas um cruel mês sem futebol, mas se a família for para o Algarve, pode ser que veja, no bar do China um ou outro jogador de futebol e aí nem tudo está perdido.
A mulher que cair de amores por um destes, pode-se encher de paciência. Os domingos é garantido que não vão a lugar nenhum, há tromba de elefante de cada vez que o clube perca e gritos, de felicidade ou indignação na altura do jogo, deixando os vizinhos de cima ou de baixo com uma ideia errada do que a vida do casal é. E acreditem, explicar à polícia que foi chamada pelos vizinhos que os gritos foram do futebol e o chiqueiro da sala não um acesso de fúria mas de torcer pelo clube da alma não é pera doce.
Assim, minhas amigas, não recomendo que não consumam, porque os homens, tal como os alimentos, têm os seus nutrientes específicos e fazem todos falta, mas sim que apliquem umas regras para manter a sanidade mental. Por exemplo:
1- Peçam-lhes para não lhes explicar o que um fora de jogo é pela milésima vez, não interessa. A razão porque as mulheres vêm os jogos tem mais a ver com troncos, pernas e rabos que com regras.Nós também não lhes damos um crash course em tamanho de copas de soutiens quando os apanhamos a ver o desfile da Victoria's Secret na Fashion TV.
2- Cervejas, tremoços e couratos são da exclusiva responsabilidade dos intervenientes. É melhor que não nos caiba a indignidade de trazer uma grade de cerveja para casa quando saímos para comprar tampões. Que imagem é que isso dá de nós?
3- Há dias sagrados. Nesses dias nada de futebol. Deixem a gravar. Ouvir o relato subrepticiamente no dia dos namorados/jantar de noivado/lua de mel só prova que são idiotas e merecem ser trocados por um que goste menos.
4-Não dêm desculpas para se esquecerem de lista de compras e tarefas a fazer em casa. Quem se lembra do plantel inteirinho do Benfica na época 55/56 também se pode, e deve lembrar, que tem de passar o aspirador, levar o lixo lá fora ou comprar pão.
5- Tenham paciência e façam um esforço por gostar. É melhor. É que em ultimo caso, antes juntarmo-nos a eles que eles arranjem outa que goste. Isto se ele valer a pena,claro.
E pronto, bom proveito.

sexta-feira, junho 09, 2006

As verdadeiras razões para os homens serem filhos da mãe





Fraldiqueiros


Coitarados!
Meninos, tiveram pouca mamã.
Carências afectivas afunilaram-nos psiquicamente
desde a impoética infância até este corrimento senti- mental
em que, grandinhos, se compensam, comprazem.
Continuam a gotejar.
Coitarados!
Gulosos de pontas de dedos,
perdem-se em beijoqueirices, diminutivas ternurinhas.
Têm sempre rebuçadinhos d'alma para as mulheres.
Falam freud ao colo das amigas.
Fraldiqueiros. . .
Vailevar-lhes isso a nojo, machão?
MuIheres gostam. Riem, prazidas.
«Venha cá à mamã!»
O golpe do coitadinho (não confundir com o golpe
do irmãozinho, esse na base do esquema da alma gémea)
é o que estás a ver: saltar para o regaço e pedir nhém nhém
em nome do Sigismundo, daquele que dizia, salvo erro:
A alma? Geme-a...
Fraldiqueiros
a mandarem beijinhos por teleférico! de saliva
Engatinhantes, tiram do estojo complexos em forma de saxofone
e tocantam-lhes a pingona freudista canção do bandido

Fraldiqueiros. . .
Mulheres gostam. Até onde?


Alexandre O´Neill

quinta-feira, junho 08, 2006

Aforismo II


A única coisa que uma mulher consegue mudar a um homem são as fraldas, e é quando é pequenino.

terça-feira, junho 06, 2006

Feminismo militante


Um belo dia, Virginia Woolf queria visitar uma biblioteca dem Oxford. O funcionário foi muito bem educado e muito polido, mas disse-lhe simplesmente que não podia lá entrar. Em vez de se sentir humilhada e ir para casa comer gelado directamente da embalagem e chorar, ou encolher os ombrinhos a pensar que a vida era mesmo assim, foi para casa pensar porque é que é que as coisas eram assim e não de outra maneira e o que é que podia fazer para mudar as coisas. Isto sempre foi o que eu entendi por feminismo militante.

sexta-feira, junho 02, 2006

Os Surfistas


Os sectores mais radicais do movimento feminista desaprovam vivamente uma fauna específica da sociedade: os surfistas. As que não os desaprovam por causa da sua atitude de beija-flor a saltaricar de "dama" em "dama" (um homem que chame dama a uma mulher só por si já merece o ostracismo eterno de qualquer mulher inteligente), desaprovam-nos pela sua visão reduzida da humanidade traduzida por um vocabulário de 500 palavras, sendo 250 relacionadas com mar, 50 com mulheres, 100 com roupas e 100 com tudo o que diz respeito a sair à noite.
Já eu, por mim, acho que nas circunstâncias adequadas um surfista pode até ter a sua piadita.Ser intelectual dá trabalho, ser militante também. Há muito livro que ler, muito jornal, muito concerto, muita música, muito teatro, muito filme. Há também muita conversa profunda às três da manhã sobre o sentido da vida ou a amoralidade em potencial do devo kantiano. Uma pessoa enche-se de stress. Só apetece deixar para trás os comentários à nova edição da Arte de Amar do Ovídeo e partir para um tempo onde tudo era mais simples. É nessa altura que os surfistas têm o seu papel. São fresquinhos e acalmam qualquer meninge, qualquer hipotálamo exaurido. O facto de não quererem saber sobre o défice democrático do Nepal (nem sequer onde fica o Nepal) só traz vantagens.
O arzinho dourado e saudável destes moços, sem pelinhos no peito e barba na cara, com um ar de eternos adolescentes até mesmo aos trinta e cinco tem tudo para nos encher de ternura e acalmar a mente. Depois raramente são companhias exigentes: sai-se para a noite sem grandes compromissos, têm-se relações passageiras sem espinhas nenhumas. Têm filhos pequenos ou cães grandes e uma colecção eterna de calças brancas de linho e camisas havaianas e colares rentes ao pescoço. São como pequenos raios de sol concentrado, mesmo a meio do Inverno. De resto, há que respeitar um homem que se mete na água fria no Inverno de livre vontade, não é?Claro que, como tudo, o consumo excessivo pode trazer sérias consequências: ciúmes, desespero por causa deles não crescerem nem assentarem, deserto intelectual. Num momento aproveitamos a vida com um belo espécime, noutro damos por nós a casar de páreo branco e descalças nas Seychelles- e nós detestamos areia- ligadas a um ser cuja noção de maturidade consiste em pôr um cinto nas calças quando vai visitar os papás. Trágico. Ou então reagimos a quente e fugimos, caindo nos braços do primeiro homem que saiba efectivamente que Brahms não é uma marca de cerveja brasileira.Por isso, minhas amigas, consumam com moderação, é como os bifes: sempre faz mal, mas pontualmente é muitíssimo agradável. Oh se é.

quinta-feira, junho 01, 2006