quinta-feira, outubro 01, 2009

Are you strong enough to be my man?



Confesso que um dos momentos mais divertidos dos meus dias ultimamente acontece cada vez que um dos meus colegas novinhos, acabadinhos de colocar, tem de visitar o meu escritório (e ultimamente tem de lá ir muitas vezes). E não é que esteja especialmente interessada no moço, a falar verdade é um pouco novinho para o meu gosto, mas acreditem, a expressão de terror abjecto e os olhos vidrados do moço cada vez que tem de lidar comigo é impagável. Encolhe-se no seu metro e noventa e nos seus prováveis noventa kg e fica com a expressão vítrea de um veado em frente aos faróis de um carro, de língua atada. E pronto, já foi mais uma vítima.

Como ando a intimidar homens há décadas, confesso que a reacção do rapazinho me diverte. Sei que estou a ser mazinha e que podia perfeitamente ser menos descarada e mais acessível, mais meiguinha, que podia tranquilizá-lo que não mordo. Mas conhecendo bem o meu próprio espírito retorcido sei perfeitamente que lhe diria que não mordia... e depois acrescentar logo a seguir: muito... e só quando me pedem... e pronto, voltava o sorriso fixo e o olhar aterrorizado, pelo que não iria adiantar muito... É que, de acordo com a minha experiência, ou achamos piada ou choramos que nem umas madalenas com o facto de intimidar a maioria do género masculino. Eu como acho que chorar me arruína a cútis costumo rir.

A maioria (esmagadora) dos homens sente-se intimidado e ameaçado por mulheres fortes. E não, não estou a usar fortes como eufemismo para gordas, o que deixem que lhes diga é do mais irritante, mas sim para fortes, pesem o que pesem. Uma mulher com ideias e opiniões e sem medo nenhum de as expressar costuma inspirar nos homens as reacções giras que o meu colega tem e tanto me divertem. Ou então fogem. É que para quem é tão o sexo forte, têm tantas ou mais fraquezas e neuroses que nós em termos de quem são. E uma mulher mais moldável, mais cordata, mais frágil que eles faz-lhes maravilhas ao ego.

Contrariamente ao que possa parecer, tenho relações cordiais e mesmo amizades duradouras com membros de ambos os sexos, isto para já não dizer do apreciadora que sou do género masculino, pelo que os conheço bem. Os homens irritam-me, divertem-me e atraem-me na mesma medida, e como estudiosa do género posso dizer com um certo conhecimento de causa que são, como nós, seres frágeis e muito poucas vezes corajosos (cobardes é uma palavra um pouco forte). E isso não tem nada de mal, acreditem. Só é desapontante.

Um homem que reage a uma mulher como o meu colega, ou seja, como se estivesse prestes a ser submetido a um pelotão de fuzilamento, dá cabo da auto estima de uma mulher. Pode ser uma reacção inconsciente, como acredito que seja, mas bom, o mal está feito. São precisas décadas, como as que eu já tenho, de experiência em intimidação para podermos achar nem que seja um módico de piada ao facto de sermos vistas como um destino pior que a morte. Mas a alternativa é inviável, o deixarmo-nos afectar. Acho que o que está mal no universo feminino passa muito pelo facto de as mulheres viverem mal com quem e como são, escondendo-se só porque os homens as tratam mal, ou as ignoram ou whatever. E não estou a falar de corpo, mas do todo, das opiniões e força de carácter, mau feitio e força de convicções. Sejam o que forem, honestamente, sem subterfúgios, a fraqueza alheia não pode servir como causa da nossa infelicidade.

Eu consigo divertir-me com a reacção do puto, coitadito, e vocês, riem-se com as tragédias masculinas que por aí andam? É que se não o fazem, deviam. A alternativa é muito pior.

4 comentários:

Anonymous disse...

..e a si? o que a intimidaria? um homem que não se deixasse intimidar?

Passionária disse...

Nem por isso, mas é uma pergunta interessante. Não sou muito intimidável. Os que não se deixam intimidar começam logo com pontos a favor, porque têm, à partida, o meu respeito, independentemente de virem a ser amigos, conhecidos, amantes ou rivais.

Anónimo disse...

Cara Passionária, infelizmente o que constata é deveras verdadeiro, mulheres independentes, com vontade própria, inteligentes e interessantes, seja ele sob que ponto de vista for, intimidam os homens, ou pelo menos uma grande parte dos que por aí vegetam. Muitos ficam assustados quando percebem que há mulheres que são capazes de usar o cérebro melhor que eles. Outros prefeririam mulheres sem cérebro.
No entanto posso garantir-lhe que nem sempre é assim. Alguns desses seres que se ficaram algures entre o Neanderthal e o Cro-Magnon por vezes acordam e ficam siderados com mulheres que apresentam tais características, no entanto têm tal dificuldade em lhes chegar que acabam por nunca lhes tocar.Partem sempre do princípio errado. Esperam que a sua vítima esteja fragilizada e atacam minando e fragilizando ainda mais, esquecendo-se que uma mulher pensa e percebe, sabe o que quer e que acorda horrorizada quando percebe que está diante de tais criaturas. Felizmente as mulheres detectam a mediocridade à distância e sabem fugir dela não vá o mal pegar-se.Trata-se das tais mulheres refinadas, inteligentes, empreendedoras, enfim Mulheres.
Tais mulheres foram concebidas e estão destinadas a homens de igual ídole. Não sei se me faço entender, garanto-lhe que existem grandes Homens e grandes Mulheres, e foram feitos única e exclusivamente uns para os outros. Digo-lhe, para grandes homens grandes mulheres. Quem é verdadeiramente grande, por mais magnânimo que seja, terá sempre tendência para procurar um igual. A natureza é perfeita e só se estraga o que é para estragar, cabe-nos a nós, Homens e Mulheres, fazer a selecção.


Vicente da Rosa

Passionária disse...

Como estou de bom humor hoje (já sanada a azia contra a vida de ontem) vou tomar as suas palavras como elogios, por atacado e sem gradações, quer tenha sido essa a sua intenção, quer não, lol.
Gostei dessa sua explicação entre o darwinismo e a divina providência das relações homens-mulheres. A ver se me inspiro para falar disso.
Os meus melhores cumprimentos:
i.