sexta-feira, agosto 07, 2009

Monstros & Companhia



Só quando dei por mim a ver uma coisa, pela madrugada fora, chamada beauty and the geek é que me apercebi o quão diferentes são as mensagens extraídas das histórias de fadas por homens e por mulheres.
Por princípio não tenho objecções às histórias de fadas para crianças, transmitem valores importantes e, no geral, procuram criar uma nova geração pura e nobre (isto se esquecermos o fomentar lamentável do amor pelas tarefas domésticas na Branca de Neve, que obviamente sofria de comportamentos obsessivos - compulsivos, mas seja). Mas as coisas vistas ao pormenor não são bem assim, como é o caso desta bela e monstro.
Não sei bem se a culpa é da história, mas vejam bem se percebem as minhas objecções: uma mulher lê /vê/ouve a história da bela e do monstro e deduz que bom, mesmo as criaturas mais fisicamente repulsivas são dignas de amor; um homem lê/vê/ouve a história da bela e do monstro e deduz que até o homem mais feio tem o direito de ser amado por uma bela. E uma e outra mensagens não são, de todo, equivalentes. Enquanto a primeira é inclusiva, incluindo nas categorias passíveis de se amar não só príncipes mas também sapos e outros monstros avulsos a segunda é exclusiva, excluindo, bom, as feias. O que, diga-se de passagem, é extremamente irritante.
Os problemas dos contos de fadas com as mulheres feias é bastante extenso: as irmãs da gata borralheira têm um tratamento péssimo e as bruxas, no geral são mulheres feias e velhas (dois pecados capitais). Mas nenhum levas as coisas tão longe como esta bela e monstro. A malta compreende um bocado a simbologia primária, tipo o bem é bonito e o mal feio, mas era escusado complicarem as coisas à m alta, escusadinho mesmo. Os homens não precisavam de mais desculpas para serem superficiais no amor e para terem expectativas irrealistas em relação ao tipo de mulheres que vão encontrar.

14 comentários:

marta, a menina do blog disse...

Graças aos céus, temos a Charlotte Brontë, a Emily Brontë e a Jane Austen.

Mas algum homem lê aquilo?

(a não ser por obrigação profissional, é claro?)

Patricia Almeida Alves disse...

Tens razão amiga... e tudo neles se resume a um bom par de "pára-choques" dianteiros e traseiros...
Alguns conseguem ir mais longe e admitir que... até as feias podem tornar-se belas...
Ou como diria um colega meu: basta colocar-lhes uma almofada na cabeça... ou apagar a luz...
Considero este tipo de pensamentos muito irritantes... e dignos de um verdadeiro conto dos irmãos Grimm (os verdadeiros) sem qualquer adulteraçao das suas "estórias"... Quem sabe assim aprendiam alguma coisa...

bjs e boas férias!
see you...

Anónimo disse...

Não me parece que seja bem assim, ou pelo menos não acontece sempre dessa forma. Os homens foram socialmente educados para agir e pensar de acordo com aquilo que a sociedade espera deles como homens. Alguns prendem-se a ideias pré-concebidas daquilo que é suposto ser um comportamento tipicamente masculino e embarcam nessas visões da bela perfeita. Jamais serão capazes de ver beleza para além daquilo que lhes apresentam como belo. Esses são seguramente a maioria.
Outros podem agir como tal porque assim lhes é exigido mas poderão no secreto do seu intimo pensar de forma diferente. A beleza de uma mulher depende do seu ser, da forma como pensa, da forma como age, da forma como está, depende dos diferentes angulos e perspectivas com que o observador a prospecciona. Quem disse que uma bruxa não pode ser sensual e atractiva á vista e aos sentidos? Quem disse que não se pode amar uma bruxa? Quem disse que uma bela e cândida criatura de aparência não pode ser uma bruxa má? Poder-se-iam levantar muitas questões deste tipo e não chegar a nada.
Pessoalmente posso garantir que a beleza de uma mulher está muito para além do seu aspecto físico. Todas as mulheres são belas, é preciso é saber apreciá-las e predispormo-nos a encontrar a sua beleza. Poderiamos começar por nos demarcar das visões estereotipadas de beleza com que somos bombardeados constantemente...O ideal de beleza que nos é diariamente apresentado está muito longe daquilo que é realmente uma mulher. Afirmo que aquilo que procuramos no interior de uma mulher pode ser muito subjectivo de acordo com o nosso sentir, e aí reside grande parte da sua beleza. O exterior está seguramente condicionado pela genética, pelo tempo e por outros factores.

Passionária disse...

Marta: mesmo que lessem, duvido que tirassem deles as mesmas conclusões...

Pati: boas férias para ti também. Tu sabes que estamos em consonância.

Anónimo, acredito que viu a luz, a verdade e a vida, aleluia irmão ;).

Anónimo disse...

Same old chestnut, ain't it? Cito o anonimo acima "Quem disse que uma bruxa não pode ser sensual e atractiva á vista e aos sentidos?" Estou para ver alguem amar o feio, e um feio se torne belo atravez da lente distorcedora do amor. O meu reino por um homem que diga- a mulher que amo e feia e amo-a assim como e. Ou com os generos em reverso, mas o meu reino por alguem que genuinamente ame um feio e o admita. Porque todos justificamos o nosso amor como, nem que seja, no pior dos casos, bonito por dentro. Ou, como diz o/a anonimo acima "A beleza de uma mulher depende do seu ser, da forma como pensa, da forma como age". O meu reino por um amor honesto com as falhas do ser amado.

Beijinhos

sempre

Su

Anónimo disse...

Agora sou eu de novo, o primeiro anónimo, aquele que acredita que há bruxas belas e belas bruxas, não tendo que ser umas e outras necessariamente belas, feias ou mesmo bruxas.
Cara Passionária deixe-me dizer-lhe que relativamente ao seu comentário não percebo se foi sincera e inofensiva ou se pretendeu ser mordaz e irónica para com o que afirmei. Limitei-me a divagar com baes nas minhas experiências. Acredite que nem todos os homens são superficiais e desprovidos de intelecto e sentimentos. Nem tão pouco me considero irrealista, se eu não sou perfeito, e nem quero ser, porque me iludiria que iria encontrar uma mulher perfeita? E, em relação à superficialidade no amor muito teria para lhe contar. Acredite que há homens que não são nada superficiais e que amam profundamente independentemente do sofrimento que esse amor possa causar. Dir-se-ia que são das tais irracionalidades que preechem grande parte da conduta humana. Sofre-se mas apesar de tudo ama-se. É um contrasenso bastante desconcertante.

Já agora gostaria de dizer ao anónimo ou anónima Su que é possivel. Não ofereça tanto o seu reino por tais coisas que arrisca-se a perdê-lo. Peço-lhe que não encare isto como uma provocação.


Nunca tinha aqui estado senão ontem e vejo que até me dá algum prazer dizer certas coisas. Vou preservar o anonimato, no entanto vou adoptar um nome de guerra para estas conversas,Vicente parece-me bem.


Até breve!

Passionária disse...

Su: sabemos as duas que amor simples é menos habitual que o complicado, o amor dos senões, dos fios e das complicações. Almejamos o simples do sete-sóis e sete-luas mas acabamos com o gostava que fosses mais, ou menos ou diferente... e é uma pena.
hugs n' kisses

Caro anónimo dito vicente, sinta-se à vontade para vir as vezes que queira cá ao blog. É sempre bom podermos ver o mesmo assunto de diferentes perspectivas. Mas o que disse à Su é igualmente verdade para o seu comentário: o complicado é mais comum que o simples, o superficial mais normal que o profundo. Assim é o mundo...

Anónimo disse...

Concordo plenamente com o que diz. Ainda bem que assim o é pois caso contrário não haveria lugar paraa diferença. Que piada teria o mundo se não pudessemos comparar, pensar e ter prazer em ser simples e profundos ao invés de sermos comuns e superficiais. São estas coisas que marcam a diferença e ser diferente é deveras muito bom.

Continue que apreciei muito os seus escritos. Vou voltar um dia destes. Agora vou fazer as malas para ir de férias, de férias com o amor no qual acredito.


Até um dia destes,


Vicente da Rosa

Passionária disse...

Vicente, boas férias, cumprimentos à M.D. e aos miúdos :). E com um bocado de sorte, até setembro...

Anónimo disse...

Retribuo e agradeço os votos de boas férias caso esteja a disfrutá-las neste momento. Não compreendo o resto do comentário, M.D.? Miúdos? Setembro? Não acredito que pense que todas as pessoas que vão ao seu blog se encontrem com as pessoas que conhece quando vão de férias nem tão pouco que julgue encontrá-las todas em Setembro. Poderia mesmo chegar a pensar que me confundiu com algum seu conhecido, mas mesmo assim não percebo porquê? De qualquer modo continue a escrever que terei muito gosto em partilhar ideias consigo.

Vicente da Rosa

Passionária disse...

Caro Vicente, pensei que fosse um dilecto colega de trabalho, a quem conheço o discurso muito bem, mas se não é, peço desculpa pela consideração. Não era minha intenção fazê-lo sentir bem recebido. Passarei desde logo ao misto de ironia e sarcasmo com que costumo tratar os membros do seu género pelos quais não nutro qualquer tipo de consideração, é que não quero que lhe falte nada...
Vá aparecendo...

Anónimo disse...

Cara colega Irene, nunca pensei ser tão rapidamente traído pelo meu discurso. O misto de ironia e sarcasmo podê-los-á relegar para quem deveras os merece. Vou continuar a aparecer e vou passar a trazer companhia. Boas férias e até Setembro.

Vicente da Rosa


Retribuo cumprimentos e votos de boas férias da parte de M.D. e dos miúdos.

日月神教-任我行 disse...
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日月神教-向左使 disse...
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