quinta-feira, fevereiro 26, 2009
segunda-feira, fevereiro 23, 2009
terça-feira, fevereiro 17, 2009
segunda-feira, fevereiro 16, 2009
Neandertal, S.F.F.
Eu sei que é estranho e custa-me admitir, é uma daquelas coisas que vai contra a própria natureza, mas o facto não pode ser escamoteado: às vezes os homens têm razão: nós não sabemos o que queremos.
Pronto, passámos milénios a civilizar os homens e a lutar pelo nosso lugar, a torná-los mais sensíveis que os brutamontes que nos arrastavam pelos cabelos para a sua caverna. O pior é que depois isso não nos satisfaz e enche-nos dos nossos piores instintos: os homens estão a ficar sensíveis demais. Pelo menos eu acho.
O meu problema com os homens muito sensíveis é simples: com o meu feitio, passo-lhes por cima como um rolo compressor. O que é chato. É que reparem, não gosto de ser cruel com as pessoas, mas não tenho em mim o tacto de refrear o sarcasmo e quando dou por mim já estou a ser má e arrastei os desgraçados para a beira das lágrimas. Se eu acho bom e saudável que os homens dêem vazão às suas emoções, não gosto de saber que fui eu que provoquei a torneirinha. Mas que querem, não tenho pachorra para cenas emocionais. E quando tenho, desviem-se porque realmente não estou em posse das minhas faculdades mentais como deve ser e vai sair bomba. Mas não tornemos o texto sobre mim, será que as mulheres, no geral acham que os homens estão demasiado sensíveis? Ah pois claro.
Esta opinião é mais instintiva e subliminar que consciente: acreditamos que gostamos de homens sensíveis e conversas longas sobre o que cada um sente, mas na prática isso não é bem assim. Se repararem, os protagonistas da chick lit, aquela que toca na psique feminina colectiva ( ou não venderia tão bem) são homens decididos e pouco dados a discussõezinhas do género " acho que devíamos discutir o rumo da nossa relação e a profundidade de sentimentos". São machos Alfa, que tomam decisões e assumem o controlo, arrastando-nos, literal ou figurativamente, para a caverna de onde saíram. São os antípodas dos homens sensíveis. Estou convencida que isto de ser emancipada e liberada acaba por não neutralizar os nossos instintos primitivos de, basicamente, nos rendermos a alguém que tome conta de nós. Instintos esses com que algumas de nós se sentem mais confortáveis que outras. E depois, estes instintos, (mesmo que não de nos deixarmos subjugar) vão de encontro á nossa própria autoestima: consciente e inconscientemente gostamos de ser valorizadas, de saber que valemos o suficiente para sermos disputadas, que somos desejadas (e amadas) o suficiente para nos levarem para a sua vida por todos os meios necessários, incluindo um pouco de força (agora não interpretem isto como desculpa para violência doméstica, porque não é).
Um homem sensível está demasiado centrado no que ele próprio sente para nos mostrar claramente esse desejo e essa vontade. Um homem sensível não percebe que há qualquer coisa como o ser possível ser sensível demais. Conversam connosco até à morte, jogam jogos emocionais connosco até nos darem cabo da nossa paciência e do coração, sem perceberem aquilo que é uma verdade transcendente a séculos e civilizações: às vezes aquilo que queremos, mais, que precisamos, é ser arrastadas até à caverna sem nos deixar lugar a dúvidas, de ser, como a Scarlett, levadas escadas acima e ponto final. Ser neandertal nem sempre é uma coisa má, acreditem.
terça-feira, fevereiro 10, 2009
Eye Candy
(sim, outra vez, e se com seis canais de séries mais uma data de generalistas não conseguir ver a terceira época, cabeças irão rolar)
quarta-feira, fevereiro 04, 2009
Mulheres
Gosto muito deste filme de 1939 (agora refeito, com a Meg Ryan e Eva Mendes, é que nem falemos DISSO). E acho que gosto tanto dele não tanto porque se trata de um hino ao feminismo mas sim porque é um retrato bastante exacto daquilo que nós somos. E acreditem que nós só muito raramente somos um hino ao feminismo. Como diz o cartaz do filme, é tudo por causa de homens. E é.
Naquilo que o filme acerta, e acerta em cheio, é o facto de não aparecer um único homem. Apesar de serem o tema constante das conversas e o catalisador de todas as suas acções eles aparecem fora do enquadramento, não visíveis, não presentes. O que é uma boa descrição do estado de coisas. É como se fossem mais um dos nossos objectos, para amar e disputar, para pôr de lado ou manipular, para exibir e usar, estranhamente inanimados.
As mulheres deste filme vão passando de ambiente em ambiente, do quarto para o ginásio, para a esteticista e para a casa de amigas, para as lojas e para as passagens de modelo num universo estanque e redutor concentrando todas as suas energias no uso mais conveniente a dar aos objectos da sua afeição. E se formos bem a ver, movimentos feministas e queimas de soutiens das nossas mães á parte, não é também assim um bocado hoje?
A tradicional esfera feminina é pequena, frustrante e brutal. Somos más umas para as outras, pérfidas. Até eu que sou feminista dos oito costados não resisto, uma vez por outra a uma crueldadezinha, uma farpa certeira em quem me aborrece. Com quem estamos acaba, muitas vezes, por nos definir e por nos reduzir a um denominador comum: a esposa de, a namorada de, a mãe de... É como se começássemos e acabássemos nesse mundo de papelão de relações e estética e nada mais houvesse para além disso.
As revistas femininas deixam-me doente, pelo que raramente as compro. Até as revistas fúteis dos homens como a FHM são mais interessantes que as nossas, que não superam a parvoíce de conselhos de relações e palmadinhas nas costas, a moda e a maquilhagem com uma ou outra treta pseudo-espiritual new age como cura de cristais ou aromaterapia. Aparentemente, não é suposto preocupar-nos com mais, e sabem todos os santinhos a cara que a dona da papelaria faz quando compro a Visão ou o The Economist.
Diz o Dr. Phil (vá, sou gaja o suficiente para lhe ver o programa uma vez por outra) que ensinamos aos outros como tratar-nos. Se concentrarmos todo o nosso tempo, energia e vontade nesse circulozinho tipicamente feminino retratado no filme seremos eternamente tratadas como parvinhas fúteis e descartáveis. E sabem uma coisa? Merecemos. Temos de ser mais, muito mais que meramente mulheres, concentradas no habitual, no lugar-comum do nosso sexo. Temos de nos esforçar por ser seres humanos completos, conscientes de nós e do mundo que nos rodeia. E temos de deixar de tratar os homens menos como um elemento inerte- que domina, mas não participa numa espécie de parceria em pé de igualdade de dois seres conscientes de livre vontade. Porque se não o fizermos só nos resta a indignidade deste mundo fútil, onde aquilo que temos de esperar para o futuro é andar a competir com trapos e kg das outras e a lutar, impiedosamente, pela posse de homens. O que, admitamos, é um bocado morte cerebral.
terça-feira, fevereiro 03, 2009
Michelle
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