terça-feira, dezembro 12, 2006

Os indisponíveis

Desde o Modelo e Detective que a frustração é sempre a mesma. O casalinho que é perfeito um para o outro e que não se entende. Quer dizer, nós sabemos que eventualmente ficarão juntos mais lá para a frente na série, mas é como a cenoura e o burro, andamos, andamos e nunca lá chegamos. E quem diz Modelo e detective diz Ficheiros Secretos, Pretender, ou mais recentemente House ou CSI.Só um cego é que não percebe que o Grissom e a Sarah são perfeitos um para o outro, que ela o poderia salvar daquela alienação do mundo real e ele dar-lhe o sentido de permanência que tanta falta lhe faz. Mas isso nunca chega a acontecer. Temos de nos contentar com uma palavra mais terna, um olhar, um gesto, e construir a partir daí o romance todo na nossa cabeça.Em termos de estratégia televisiva nós até percebemos: a expectativa faz-nos ver episódio atrás de episódio, época atrás de época. Como é visto por homens e por mulheres contentam as mulheres com migalhas de romance e os homens com a disponibilidade, no sentido de um gajo esperto que não se deixa apanhar por mulheres, mais o bónus da personalidade nobre e heróica, que os homens nunca se curaram do papel de cavaleiro de armadura e tudo, são uns modelos da virilidade óptima, em todo o seu esplendor. O motivo porque nós, mulheres, nos sentimos atraídas por eles é que já é mais difícil de perceber. A não ser que o vejamos à luz da teoria da indisponibilidade.Ora, segundo a minha teoria, quanto mais indisponível um homem for, mais seduzirá uma mulher. O grau de interesse delas e de desinteresse deles é inversamente proporcional. Segundo o ideal romântico que nos dão a beber no biberão, os homens são criaturas nobres que, a seu bom tempo, nos encontrarão. Tal como a bela adormecida é suposto esperarmos, sem nos questionar porque raios, como na história, ele demorou cem anos para dar connosco. Por mais modernas que sejamos, por mais que tomemos a iniciativa, um homem que esteja aberta, clara e activamente interessado em nós não tem, de longe nem de perto, o mesmo interesse que um distante e inacessível. Um homem que não se faz de caro não dá luta, enche-nos de tédio num instante.A lógica retorcida por detrás disto reside muito na nossa crónica falta de auto - estima. Um homem que goste de nós assim, à primeira, tem, no mínimo dos mínimos, o defeito de não se fazer rogar, deve ser falta de vista e provir de uma longa linhagem de gente estúpida para não ver o que nós vemos- que há muitas (se não todas) mulheres melhores e mais interessantes que nós. E gente estúpida nunca é interessante ou desejável. Já um homem destes, um homem inacessível é logo outra qualidade de vida, mete-nos logo no nosso devido lugar. Temos de nos mostrar dignas e, até ao dia que o formos contentamo-nos com as migalhitas de atenção que eles bem entendem.A questão, minhas senhoras, é que devem é TER JUIZINHO. Deixem-se de inacessibilidade, meninas. Os homens inacessíveis continuarão sempre assim, inacessíveis, mesmo que lhes liguem pontualmente. E migalhas de carinho e de atenção estavam muito bem na Inglaterra vitoriana, mas agora deixam-nos o coração raquítico, à mingua. Mil vezes um homem abertamente interessado, sem dúvidas. Por essas e por outras é que comecei a ver a Anatomia de Grey. Ao menos esses sabem o que querem, o que é refrescante. E o Patrick Dempsey é sempre giro de se olhar.

5 comentários:

elisa disse...

onde é que eu assino;)?

Anónimo disse...

O problema está em que a mulher (moderna na sala e na cozinha) concorda que é assim, que é uma imbecilidade mas não acredita que possa ser de outra maneira.
Falta-lhe a perpectiva que essa forma de encarar o mundo que nos foi incutida, pode ser alterada, com esforço, mas pode.
ESTAMOS DOENTES MAS EXISTE A CURA!!!! rsrsrrsrs

Passionária disse...

Eu, para além de ser moderna na sala e na cozinha sou também eminentemente prática. Não posso mudar todos os homens, apenas os que estão à minha volta, o que vou tentando fazer, mas sem proselitismo. Também não posso, nem sequer tenho vocação para mudar todas as mulheres. Há muita gente que não concorda nada comigo e diz que que sou uma feminista radical, são perfeitamente felizes assim. As grilhetas e os espartilhos piores das mulheres são os que elas têm na mente, deixam-se formatar que têm de ser de uma determinada forma ou não serão amadas ou desejadas, abdicam da sua personalidade para arranjar um homem. Cada pessoa tem a capacidade de se libertar a si mesma através da dúvida e da reflexão, através dda razão. Não me cabe a mim, que não sou Santo António, pregar aos peixes.
As coisas podem ser diferentes? Pois podem, perfeitamente, como também pode haver paz no mundo e tolerância e igualdade, liberdade e fraternidade. Dá trabalho mas é possível. Mas as pessoas não querem. Sou cínica demais, se preferir, para acreditar em grandes ondas de mudança bem intencionada. A natureza humana é assim mesmo. Ao longo dos séculos é verdade que o bem e a verdade foram triunfando, mas a vitória só é entendida em lono termo, não há grande consolação para as falsas bruxas queimadas na fogueira no facto de toda a gente agora, quatrocentos anos depois, achar que foi mal feito... Se isso aconteceu num campo tão extremo imagine nestas questiúnculas homens-mulheres... Se as coisas mudarem essa mudança será tão lenta que só os nossos netos ou bisnetos lhe sentirão os efeitos, mas olhe que mesmo assim duvido. A guerra dos sexos existirá sempre como existiu, esta verdade radical de sermos diferentes e irremediavelmente atraídos uns para os outros...
Quanto a mim, contento-me em educar ass mulheres do meu círculo para serem mais fortes, mais seguras, mais independentes, e aos homens para serem mais profundos, mais consequentes, menos cruéis. Nem sempre o consigo. E por isso tenho o blog. Não quero mudar o mundo, apenas desopilar...

Anónimo disse...

Muitos, muitos parabéns atrasados! Não me esqueci do dia, mas tem sido duro, tanto para fazer em tão pouco tempo, o m pai c já suspeitávamos n está nada melhor...Bem, já só me faltam 2 reuniões. Muitos Beijinhos. Nô.

Passionária disse...

Ó querida nô... obrigada, um milhão de obrigados e muita força para ti nesta fase tão difícil...
beijinhos e bom natal, mas ainda te ligo antes...
i.