quarta-feira, maio 05, 2010

Cougar town

A minha amiga S. diz que nós estamos na idade ideal. Aos trintas, e em termos de homens, tanto dá irmos dez anos para a frente como dez anos para trás que não faz diferença nenhuma. Eu compreendo-lhe perfeitamente o ponto de vista, apesar de considerar que este ponto de vista nos mete em alguns sarilhos, mas já explico.
Estou convicta que agora, aos trinta, estamos no nosso apogeu. Eu sei que os homens consideram que o nosso apogeu é aos vinte e pouco porque é quando fisicamente estamos mais perto daquilo que eles acham perfeito, mas a verdade é que independentemente do que eles pensam, aos trinta é que nós estamos bem. Aliás se o meu eu de trintas pudesse dar uma ou duas palavrinhas ao meu eu de vintes essas palavrinhas andariam de certeza na onda do "sua parva". Sentimo-nos mais confiantes com o nosso corpo e a nossa sexualidade, relativizamos aquilo que percebemos como defeitos e, com a experiência das relações passadas, aproveitamo-las melhor, sem os stresses e as pressões que sentíamos antes. Com esta atitude temos confiança para os homens mais velhos, sentimo-nos à vontade com eles mais novos. Claro que com isso levamos com a fama de trintonas malucas... mas não sei se será evitável o preconceito.
Nas regras daquilo que é a relação perfeita, e como qualquer herói da Nora Roberts lhes dirá, a idade perfeita para um homem casar está nos trinta e poucos, depois de uma década e tal a galinhar de mulher em mulher é suposto estar já capaz de assentar. Já para as mulheres a idade das mulheres varia, mas não ultrapassa os vinte e cinco ou vinte e seis. Isto é interessante: considerarão as regras dos casais perfeitos que uma mulher precisa de um tempo de galinhagem menor que um homem? Será o preconceito de que as mulheres amadurecem mais depressa que os homens e o de que são naturalmente mais contidas em termos sexuais que os homens verdade? I don't think so. Eu que tenho uma mentalidade austera desde os cinco anos considero que aos vinte e poucos era, como dizê-lo delicadamente, uma parva. Os anos que se passaram entre esse ponto e o que me encontro fizeram-me muitíssimo bem. Os outros não acham, mas eu sim.
Aparentemente, e de acordo com a mentalidade patriarcal que rege a nossa sociedade, não temos nada que andar por aí armadas em Senhoras Independentes. Uma mulher mental, física e sexualmente insegura é que se quer, é que é bem. Se são trintonas e disponíveis, não devidamente guiadas e controladas pelos homens somos uns perigos à solta. Tenham medo, tenham muito medo...
Cá em Portugal somos apelidadas de trintonas malucas, o sonho de auto-denominados mal-casados e homens parvinhos com desejos de fazer de nós o Creoula, navio-escola onde se passa uns meses para aprender. Nos países anglo-saxónicos somos cougars, pumas, predadoras implacáveis que abocanham os incautos que nos passam à beira. Na sociedade patriarcal em que vivemos, a culpa é mais uma vez (sempre) nossa. Onde é que já se viu mulheres terem ideias claras e controlo sobre si mesmas, o seu corpo e parceiros? Oh, o horror.
Mas este não é um texto de corte e costura, é um texto de celebração. Não é tão bom estarmos num ponto da vida em que as únicas barreiras são as da nossa imaginação? É. Por isso aproveitem, vistam os vossos casacos tigresse e vão viver. E a Mrs. Robinson que se lixe, é só uma personagem de filme.

1 comentário:

elisa disse...

certíssimo:)

Estou sempre a favor da celebração que é outra coisa que se aprende quando se passou dos trinta. Há que celebrar tudo o que vale a pena celebrar e ignorar os comentários maldosos