quarta-feira, novembro 26, 2008

O que as mulheres querem versão século XXI



Vi na net e não resisti... enjoy
"Para as minhas amigas saberem o que procurar e para os meus amigos saberem o k elas procuram...

Encontra o rapaz k te chama gira, em vez de boa..
k te telefona quando lhe desligas o telemovel na cara...
k fica acordado so pa te ver dormir...
Espera por o rapaz k bja a tua testa...
k quer mostrar-te ao mundo inteiro k fica de maos dadas contigo a frente dos amigos...
Espera por o rapaz k ta constantemente a lembrar-te do quanto signifikas para ele...
e de quanta sorte ele tem de te ter...
Espera por o k se vira pos amigos e diz......'é aquela "

Diabo no corpo


Lembro-me muito bem deste livro, que li quando tinha uns dezasseis anos e sei dizer exactamente porquê : o livro que li a seguir foi um dos livros da minha vida, daqueles que nos marcam mesmo como pessoas. Seria ele O Fio da Navalha, de Sommerset Maugham.
Deste livro ficou-me a memória de um romancezito não muito excitante, passado durante a primeira grande guerra, entre um adolescente e uma mulher casada, mais velha. E de que ela, desculpem-me a frontalidade, era um bocado parva. Da maneira que as coisas estão contadas, parece que o diabo no corpo era só do rapazito. Ela, mesmo mais velha, era mole e indecisa, precisando da ousadia dele para declarar o desejo carnal.
Eu já na altura tinha ideias feministas (sempre tive, diga-se de passagem) e aquilo a modos que me caíu mal. Então só os homens é que tinham o monopólio do desejo? Então às mulheres não restava outra hipótese senão deixar-se arrastar e coagir até à cama? Ora bolas.
Na matriz cultural europeia, não restava muita opção às mulheres senão esta atitude: a de passivas e moles, fracas e indecisas. Porque a manifestar um tantinho que fosse de cooperação ou vontade própria no assunto era arriscado e mal-visto. Não é por acaso que temos a cultura cheia de mitos de bruxas que dançavam nuas e dormiam com o maléfico, de sucubas que sugavam a energia dos homens, de Liliths e mulheres fatais que empurravam os homens para a morte e para a desgraça com o seu apetite sexual insaciável. Não é por acaso que as loiras frígidas e "espirituais" entraram tanto na moda. Mulheres com curvas, sensuais e morenas, com apetite e vontade próprias eram perigosas e muito, mas muito más. Para os homens o apetite sexual "excessivo" era bom, natural e justo, uma marca de virilidade. Para as mulheres só podia ser um sinal de que eram más e só o diabo no corpo justificaria esse desejo. Sim, que deus não permitiria uma mulher que gostasse de sexo. Não era natural.
Quase um século depois do livro ser escrito, e apesar das coisas terem mudado,não mudaram assim tanto. Ainda é suposto os homens terem muitas parceiras e as mulheres poucos. O que, francamentre torna a matemática da coisa confusa e as mulheres em hipócritas, mas whatever. O sexo e o mal estão ainda, desgraçadamente, ligados um ao outro.
As culturas orientais, provando mais uma vez que em muitas coisas têm mais bom senso, têm uma abordagem completamente diferente . O sexo, como força geradora, é uma forma de comunicar com o divino ou, no caso do budismo, de meditação profunda. O sagrado feminino e o sagrado masculino completam-se e não existem um sem o outro. O diabo não está no sexo mas noutras coisas onde deve estar, como na crueldade e na cobiça e no mal. O quer nos faz pensar exactamente o quão civilizada a nossa civilização é, não faz?

terça-feira, novembro 18, 2008

Closer

Há coisas que é perturbador olhar de perto. É como o comprimido do Matrix: a realidade nunca mais é a mesma, nunca. O amor é uma dessas coisas.
Quando se despem as relações da roupagem cor-de-rosa do amor romântico, o que fica nem sempre é agradável ou lisonjeiro: uma data de auto-indulgências e egoísmos avulsos, dois ou três traumas e muitas, mas muitas pequenas mentiras piedosas e cruéis. E o desejo, cru. De perto o amor é um exercício brutal, pouco próprio para almas sensíveis (e sensatas).
Descobri, com o tempo e a experiência, duas verdades imutáveis: primeiro,a vida não é como os nossos pais nos ensinaram e como os media nos querem fazer crer; segundo, é melhor uma verdade dolorosa a uma centena ou duas de mentiras agradáveis e simpáticas. Não querendo perorar, mas perorando, parece-me não sobreviver o amor a este escrutínio tão próximo por causa da eminente superficialidade de todas as coisas. As relações são superficiais, os motivos do amor fúteis e breves. E depois, porque somos criaturas de hábitos e de esperança, partimos para novas paragens, tropeçando de novo nas mesmas pedras em que tropeçámos antes. Também não aprendemos nada com os erros.
Anna é fria e controlada, deixa-se amar; Alice ama, cegamente, fazendo-se vítima por esta cegueira; Dan é inseguro, um pouco cobarde; Larry é violento e cru... e determinado. Nenhum está inocente, nenhum escapa ileso aos incríveis nós que damos nas vidas uns dos outros. Mas também, será que alguém escapa? Não é isso que fazemos tantas vezes, mal aos outros, mesmo sem pensar, mesmo sem querer?
De perto só sobrevivemos ao escrutínio se reflectirmos, se nos analisarmos. Mas reflectir não é agir, é sentar-se a um canto a ver a peça inferior que é a vida. De perto tudo é perturbador. A verdade é. O amor é. Mas antes de perto. Como disse antes, mais vale uma verdade inconveniente que cem mentiras... ou não? Não gostam das coisas de perto?

terça-feira, novembro 11, 2008

Eye Candy



Hayden Christensen
(Mais um pensamento que me manda direitinha para o inferno sem passar pela casa de partida. Oh well.)

segunda-feira, novembro 10, 2008

Blueberry Nights

Os ingleses têm uma palavra, um conceito, na verdade, intraduzível para o português a não ser numa data de frases que sempre gostei muito: serendipity. Serendipity significa uma descoberta casual, mas feliz, assim uma espécie de nirvana, mas em pequenino, aquele momento de ah-ha! Em que, subitamente, e para surpresa nossa, percebemos o mundo um bocadinho melhor e as coisas fazem sentido, uma surpresa agradável, por pura coincidência (eu disse que eram precisas várias frases). Os filmes de Wong-Kar Wei têm sempre esse efeito em mim, essa serendipity, porque, na verdade, sempre achei que ele pensa como eu (ou eu como ele, que a soberba não fica bem a ninguém e eu para pensamentos pecaminosos bem me chega todos os outros).
Quando vi o Blueberry Nights, tão maltratado pela crítica doeu-me um bocadinho a alma. Na realidade percebia perfeitamente onde queria chegar, àquelas noites em que somos náufragos e vemos o mundo passar através de uma janela na noite, ou uma vitrina em que estamos intocados na dor das nossas perdas. Na verdade todos temos o momento em que não somos mais que umas chaves esquecidas num aquário de pequenas e grandes perdas na cidade, sem portas que abrir, sem portas para que voltar.
Lidar com a perda não é fácil, apesar de ser necessário. E nisto o tempo e o espaço são apenas pequenas marcas irrelevantes que não chegam a fazer mossa no grosso da nossa dor privada. Amarem-nos é uma espécie de eternidade. Perduramos naqueles momentos iniciais de amor partilhado onde tudo é ainda possível. Ao afastarem-se, ao afastarem-se de nós é também essa eternidade que morre. Quando partirmos nós, para longe, para o fim, que seremos sem essa eternidade? Um nome? Um talão a um canto, um carro decrépito, um rosto numa fotografia velha? Nada. Mas lidar com a perda é necessário, ou seremos sempre isso, rostos na noite a olhar para dentro, sem pertencer. Passamos pelas fases todas, tão depressa ou devagar quanto nos é necessário a nós, não aos outros: negação, raiva, negociação, depressão, aceitação. E supera-se. Não completamente, não tudo, nem sempre incluindo o perdão. Mas supera-se. Atiram-se para o lixo chaves e esperas inúteis. E se tivermos sorte, muita sorte, teremos risos partilhados ao fim da noite. E a serendipity numa tarte de mirtilos.

domingo, novembro 09, 2008

Bad Hair Day



Nisto, a maioria dos homens tem muita sorte. Um duche, uma lavagem rápida e está a andar. Não chegam a perceber a nossa angústia traduzida em filas de sérum e amaciador, rolos e máscaras , gel , laca e secadores alinhados nas prateleiras da casa – de - banho. Se incomoda, se chateia mais comprido, cortam e pronto. Tirando as gerações mais novas de cabelo espetado, não passam mais de um ou dois minutos a olhar para o cabelo e a tratar dele. Já nós não: um bad hair day é garantia de um dia de mau humor e desconforto, em que o mundo nos parece um sítio hostil de gente com cabelo como deve ser em contraponto com o nosso que, como o da Medusa, parece cheia de serpentes vivas e não especialmente amigáveis.
É como, diz uma colega minha, acordar de manhã e ter um alien na nossa cabeça. Uma vez que ele está horroroso, nada mais parece encaixar. A roupa não cai bem, as ideias não funcionam, não nos enquadramos no mundo à nossa volta. Eu costumava chamar a estes dias os dias da bolha, até perceber a correlação entre dias de humidade em que o cabelo frisou e a bolha.
O motivo porque isto acontece a tantas de nós é o facto da relação estreita entre cabelo e feminilidade. Nas cantigas de amigo o cabelo simbolizava o apelo sexual das mulheres. Solto indicava disponibilidade e virgindade , preso indicava maturidade sexual e indisponibilidade de mulher casada. Não é por acaso que, até hoje as mulheres árabes após o primeiro período o mantém escondido debaixo de lenços, a simbologia é a mesma. De modos que um cabelo desgovernado a ir para onde lhe apetece em vez de como nós o queremos nos faz sentir inadequadas como mulheres. Como se fosse precisa mais uma coisa que nos fizesse sentir mal.
Eu, que sempre tive um cabelo ingovernável, sou muito solidária com quem tem dias destes. Demasiado liso para caracóis giros e encantadores, demasiado ondulado para ficar liso e arrumadinho, é uma fonte constante de aflição. Mas eu achava que, pela sua especificidade irritante ,era o único cabelo irritante. Não era. Se puxado o assunto, todas de nós têm bad hair days . E, tal como o resto das coisas giras que vêm com ser mulher, como cólicas e rushes hormonais não há muito que fazer senão aguentar. Não vão mudar e não.

quarta-feira, novembro 05, 2008

O triunfo da esperança



Pelo sonho é que vamos,
comovidos e mudos.
Chegamos? não chegamos?
Haja ou não haja frutos,
pelo sonho é que vamos.
Basta a fé no que temos.
Basta a esperança naquilo
que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
com a mesma alegria,
ao que desconhecemos
e ao que é do dia a dia.
Chegamos? não chegamos?
Partimos. Vamos. Somos.
Sebastião da Gama